Michel Temer, depois do ocorrido domingo passado, cada vez mais se caracteriza como a alternativa para darmos fim ao projeto de poder de Lula. Dele podemos esperar duas atitudes, e elas já foram tomadas pelos dois Vice Presidentes que assumiram o governo nesse período pós ditadura: José Sarney e Itamar Franco.
O primeiro foi a solução constitucional à morte de Tancredo Neves. Totalmente despreparado para assumir um cargo de tamanha responsabilidade, transformou o Palácio do Planalto numa extensão do compadrio reinante no Congresso, e seu governo se notabilizou por acusações de corrupção, de superfaturamento e favorecimento político nas concessões públicas. Várias tentativas de combate à hiperinflação resultaram em nada: os Planos Cruzado I e II, Bresser e Verão foram fracassos retumbantes e o país terminou seu mandato mergulhado em forte recessão. É claro que não podemos aceitar essa opção nesse momento em que já temos todos esses ingredientes ao nosso dispor. Ou seja, Temer não pode ser um Sarney. .
O segundo se uniu a Fernando Collor e na chapa de um tal PRN (Partido da Reconstrução Nacional), criado para abrigar o novo messias, uma espécie de Lula às avessas. Com o Impeachment deste, assumiu o governo em outubro de 1992, e com sabedoria colocou um estadista, que era na verdade um sociólogo, no comando da Economia (?), e nos legou o que com certeza foi o melhor presente que a sociedade recebeu nesse período: o Plano Real.
As forças estão se movimentando no Congresso na direção da primeira opção. Os partidos que votaram a favor do Impeachment: PP. PR, PTB, PSB, já enviaram a Temer a "fatura": exigem "reconhecimento" no eventual futuro governo. Aguinaldo Ribeiro, ex ministro de Dilma, declarou que "o PP é o partido que decidiu o processo e não tem como ser ignorado por quem quer que seja". O PR já declarou que a prioridade é manter o Ministério dos Transportes, embora o placar de 26 x 14 a favor do Impeachment não o qualifique tanto assim (é bom lembrar que o cacique do PR se chama Valdemar Costa Neto). Para o PSB, o resultado "poderia ser outro" não fossem os 29 votos a favor do Impeachment".
Tudo indica no entanto que Michel Temer andou lendo FHC e está decidido a reservar para si uma cota de ministérios, que vão permitir que ele passe à sociedade a mensagem de que ele está comprometido com a recuperação da terra arrasada que vai herdar. Seu foco esta na criação de três superministérios que irão enxugar o tamanho da máquina do governo e lhe permitam a retomada do crescimento e a estabilidade política. Ela sabe muito bem que isso só será conseguido com um ministério reconhecidamente técnico.
Os superministérios seriam o da Economia, o da Infraestrutura e o Social. Para a Economia estão cotados os nomes de José Serra, Armínio Fraga Henrique Meirelles e Marcos Lisboa. Alguns já declinaram do convite mas se comprometeram a participar da agenda econômica. A Infraestrutura tem como candidatos José Carlos Aleluia e José Serra. A Área Social ainda não tem um nome certo, mas a intenção é concentrar em um único guarda chuvas o saco de gatos que é a atual política social. Fala-se em Gabriel Chalita para essa pasta.
Os nomes são infinitamente melhores que os atuais ocupantes dessas pastas, e a coisa não para aí: Cláudio Moura e Castro, Gabriel Chalita ou José Serra para a Educação; Moreira Franco para a Casa Civil; David Uip ou José Serra para a Saúde; Nelson Jobim para a Defesa; José Pastore para o Trabalho e a Previdência; Carlos Ayres Brito ou Alexandre de Morais para a Justiça. Nesse deserto em que se transformou o nosso ambiente político em termos de nomes (algo parecido com a nossa seleção de futebol), acho que poucas pessoas conseguiriam nomes mais adequados.
A Veja de 20 de Abril, na sua coluna Radar, fala da delação premiada de Léo Pinheiro (OAS) e Marcelo Odebrecht. Segundo ela a OAS vai jogar uma pá de cal nos três casos de Lula: triplex, sítio e palestras; a Odebrecht vai aniquilar Dilma. Já Michel Temer "pode dormir tranquilo" (palavras da Veja). O argumento que o TSE, ao julgar a chapa Dilma - Temer, não pode separar os dois nomes é bastante questionável: as contas dois dois são separadas para efeito de julgamento pelo TSE e a de Temer não foi citada na Lava Jato (até agora).
Resumindo, seria bom se nos contentássemos como o que temos. Dias atrás sugeri que uma convocação de eleições seria viável se partisse do PT, após vencer a batalha de domingo. Agora acho impossível a iniciativa vingar, e o que temos não é mais que Michel Temer. Vamos torcer para ele ser o Itamar e não o Sarney. Uma vantagem é evidente: no lugar da Dilma Bolada poderemos vir a ter uma Grace Kelly:
Cabe ao PSDB chorar a oportunidade perdida. Com os melhores quadros ele vai ter que se contentar em ser o coadjuvante, se muito, da nova realidade. Não será governo nem oposição, apenas uma espécie de sócio menor. As decisões não vão passar por ele, e não adianta apresentar reivindicações. Vai ser um auxiliar que não faturará o sucesso, caso ele venha a ocorrer. Provavelmente vai continuar dividido entre Aécio, Alckmin e Serra, isso se Serra não resolver mudar de time.
Já com os outros 33 partidos a situação é da dar dó. O maior beneficiado com a troca de siglas recente foi o PP, que não por coincidência é o que tem o maior número de envolvidos na Lava Jato. A mesma Veja dessa semana cita Jair Bolsonaro como o nome que mais cresceu na preferência popular, com 8% das intenções de voto. Como diria minha finada Tia Eunice: "Gente, chamem um padre!!!"
O primeiro foi a solução constitucional à morte de Tancredo Neves. Totalmente despreparado para assumir um cargo de tamanha responsabilidade, transformou o Palácio do Planalto numa extensão do compadrio reinante no Congresso, e seu governo se notabilizou por acusações de corrupção, de superfaturamento e favorecimento político nas concessões públicas. Várias tentativas de combate à hiperinflação resultaram em nada: os Planos Cruzado I e II, Bresser e Verão foram fracassos retumbantes e o país terminou seu mandato mergulhado em forte recessão. É claro que não podemos aceitar essa opção nesse momento em que já temos todos esses ingredientes ao nosso dispor. Ou seja, Temer não pode ser um Sarney. .
O segundo se uniu a Fernando Collor e na chapa de um tal PRN (Partido da Reconstrução Nacional), criado para abrigar o novo messias, uma espécie de Lula às avessas. Com o Impeachment deste, assumiu o governo em outubro de 1992, e com sabedoria colocou um estadista, que era na verdade um sociólogo, no comando da Economia (?), e nos legou o que com certeza foi o melhor presente que a sociedade recebeu nesse período: o Plano Real.
As forças estão se movimentando no Congresso na direção da primeira opção. Os partidos que votaram a favor do Impeachment: PP. PR, PTB, PSB, já enviaram a Temer a "fatura": exigem "reconhecimento" no eventual futuro governo. Aguinaldo Ribeiro, ex ministro de Dilma, declarou que "o PP é o partido que decidiu o processo e não tem como ser ignorado por quem quer que seja". O PR já declarou que a prioridade é manter o Ministério dos Transportes, embora o placar de 26 x 14 a favor do Impeachment não o qualifique tanto assim (é bom lembrar que o cacique do PR se chama Valdemar Costa Neto). Para o PSB, o resultado "poderia ser outro" não fossem os 29 votos a favor do Impeachment".
Tudo indica no entanto que Michel Temer andou lendo FHC e está decidido a reservar para si uma cota de ministérios, que vão permitir que ele passe à sociedade a mensagem de que ele está comprometido com a recuperação da terra arrasada que vai herdar. Seu foco esta na criação de três superministérios que irão enxugar o tamanho da máquina do governo e lhe permitam a retomada do crescimento e a estabilidade política. Ela sabe muito bem que isso só será conseguido com um ministério reconhecidamente técnico.
Os superministérios seriam o da Economia, o da Infraestrutura e o Social. Para a Economia estão cotados os nomes de José Serra, Armínio Fraga Henrique Meirelles e Marcos Lisboa. Alguns já declinaram do convite mas se comprometeram a participar da agenda econômica. A Infraestrutura tem como candidatos José Carlos Aleluia e José Serra. A Área Social ainda não tem um nome certo, mas a intenção é concentrar em um único guarda chuvas o saco de gatos que é a atual política social. Fala-se em Gabriel Chalita para essa pasta.
Os nomes são infinitamente melhores que os atuais ocupantes dessas pastas, e a coisa não para aí: Cláudio Moura e Castro, Gabriel Chalita ou José Serra para a Educação; Moreira Franco para a Casa Civil; David Uip ou José Serra para a Saúde; Nelson Jobim para a Defesa; José Pastore para o Trabalho e a Previdência; Carlos Ayres Brito ou Alexandre de Morais para a Justiça. Nesse deserto em que se transformou o nosso ambiente político em termos de nomes (algo parecido com a nossa seleção de futebol), acho que poucas pessoas conseguiriam nomes mais adequados.
A Veja de 20 de Abril, na sua coluna Radar, fala da delação premiada de Léo Pinheiro (OAS) e Marcelo Odebrecht. Segundo ela a OAS vai jogar uma pá de cal nos três casos de Lula: triplex, sítio e palestras; a Odebrecht vai aniquilar Dilma. Já Michel Temer "pode dormir tranquilo" (palavras da Veja). O argumento que o TSE, ao julgar a chapa Dilma - Temer, não pode separar os dois nomes é bastante questionável: as contas dois dois são separadas para efeito de julgamento pelo TSE e a de Temer não foi citada na Lava Jato (até agora).
Resumindo, seria bom se nos contentássemos como o que temos. Dias atrás sugeri que uma convocação de eleições seria viável se partisse do PT, após vencer a batalha de domingo. Agora acho impossível a iniciativa vingar, e o que temos não é mais que Michel Temer. Vamos torcer para ele ser o Itamar e não o Sarney. Uma vantagem é evidente: no lugar da Dilma Bolada poderemos vir a ter uma Grace Kelly:
Já com os outros 33 partidos a situação é da dar dó. O maior beneficiado com a troca de siglas recente foi o PP, que não por coincidência é o que tem o maior número de envolvidos na Lava Jato. A mesma Veja dessa semana cita Jair Bolsonaro como o nome que mais cresceu na preferência popular, com 8% das intenções de voto. Como diria minha finada Tia Eunice: "Gente, chamem um padre!!!"
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