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Mostrando postagens de 2015

O Efeito Orloff 2016

"Eu sou Você Amanhã", dizia a propaganda da vodca, alertando para a importância de se escolher a bebida certa e evitar a ressaca do dia seguinte. Imediatamente se fez a conexão dessa frase com o que ocorria na época com a economia das duas maiores potências latino americanas, que teimavam seguir ladeira abaixo uma atrás da outra. Tudo o que a Argentina fazia de errado era replicado aqui. O TCU, ao chamar a atenção recentemente para os desmandos cometidos pelo governo Dilma, voltou a mencionar o "Efeito Orloff", o que o Estadão, no dia 07/07, em reportagem de Suely Caldas, considerou um exagero. Segundo ela "aqui seria impensável destruir quase 80 anos de trabalho do IBGE, transformando-o em uma instituição servil, como é o IDEC argentino". Pois bem, os truques do "Ministério Mântega" desacreditaram a nossa contabilidade em escala no mínimo igual, e reportagem recente no Valor Econômico confirma que não foi por falta de aviso que essas barbarida

Estamos começando a nos conhecer

Tenho uma posição um pouco diferente na análise da situação pela qual estamos passando: Estamos, finalmente, começando a travar conhecimento de nós mesmos.  E o resultado não é bom. Vamos começar pelo que o brasileiro entende como o papel do Estado. Para ele, o Estado é aquela entidade que está à sua disposição para socorrê-lo sempre que necessário. Ele mesmo não se considera responsável por contribuir com a mudança de como as coisas ocorrem. Reclama mas não age e fica aguardando que o Super Protetor venha em seu socorro. Esse é o adubo do populismo, do aparecimento dos Messias que tanto grassam em nossa pobre América Católica. Junte-se a isso o clientelismo: nós brasileiros estamos sempre à espreita de uma oportunidade de levar vantagem na nossa relação com o Caudilho de ocasião. O aproveitador desse estado de coisas sabe exatamente o que fazer para alcançar o poder e conquistar a nossa confiança. Por sinal, a palavra confiança é a chave da questão. Nós confiamos na pessoa que s

Encontros com o meu Pai - Episódio II

Esta última conversa com o meu Pai se deu na presença da minha esposa Climene. Foram divagações a respeito de sua saída de Manaus para Goiânia, entremeadas com a minha passagem da infância para a adolescência. Sua memória extraordinária já confundia um pouco as datas e os locais, ele demonstrou cansaço e eu tive que interromper a conversa. Nunca mais gravei e hoje me sinto como que devedor por ter perdido essa oportunidade de explorar um pouco mais a vida desse grande homem: Entrevista de 09 de setembro de 2008 Otávio: Pode falar. Abílio: Nós morávamos em Abaetetuba. Ficamos quatro anos e meio. No primeiro ano eu era apenas um companheiro, assistente do Doutor Mário Lessa, nosso amigo, que era o chefe da unidade. Eram três médicos, um movimento muito grande. Aí o Lessa foi pro sul e não voltou. Mandaram eu assumir a chefia e eu fiquei lá três anos e tanto como chefe. Nós adorávamos a cidade de Abaetetuba, eu e a mãe do Luiz Otávio. Era uma cidade de muita música, de muita vida s

Encontros com o meu Pai - Episódio I

Aqui começa a história do médico Abílio. É uma transcrição da conversa que tivemos em maio de 2008. Quem tiver paciência de acompanhar a conversa vai ter uma boa ideia de como era difícil a vida de um médico no interior desse Brasil. Resumidamente, meu Pai se forma em Belém. Vai clinicar em Carolina, Ma., sua cidade natal. Lá conhece em Filadélfia, Go., em frente a Carolina, o político João de Abreu, de quem se torna amigo. João de Abreu, à sua revelia, o nomeia médico da Polícia Militar de Goiás em Pedro Afonso. A aventura dura pouco e ele foge para Goiânia. Pede baixa da PM e vai para o Rio de Janeiro se especializar em obstetrícia. De lá ele volta para Carolina, bem mais preparado para enfrentar a árdua função de médico do sertão. Foram horas de entrevista gravada que eu transpus aqui. A narrativa feita pelo protagonista a meu ver merece ser lida no original, dada a memória extraordinária do Dr. Abílio. Transcrição da entrevista de 03/05/08 Abílio : Eu estava preso já. Ot

Encontros com o meu Pai - Episódio III

Os próximos três Posts eu decidi dedicar à pessoa do meu Pai. Ele faleceu eu 2011, aos 100 anos e seis meses de idade, e eu desde 2008 tinha decidido escrever alguma coisa sobre a vida desse homem, que mais que meu Pai, foi um brasileiro que viveu com intensidade o século que lhe foi dado. Entre maio e setembro de 2008, munido de um gravador digital, fiz três entrevistas bem longas com ele, sendo que a última, em Dezembro, ele pediu, em função do teor da conversa que iríamos ter, que ela não fosse gravada. Tive que fazer anotações. Como se tratou da mais interessante das três, e para manter motivado o leitor que porventura se interessar pela vida desse grande homem, resolvi iniciar a série por ela. Afinal, o George Lucas usou esse expediente na sua famosa série Star Wars, e não vai se incomodar se eu resolver plagiá-lo: Entrevista de Dezembro de 2008 Meu Pai nunca quis falar da sua aventura em Rio Branco, Acre, no período em que foi convocado para o Exército da Borracha. Dessa

Cordel

Dia 02 deste mês viajei para Fortaleza. Fui visitar meu amigo De Assis, que se mudou pra lá e insistia na minha visita. Passei o domingo na praia do Beach Park, debaixo de palmeiras, tomando cerveja e olhando a África, e pensando nos separatistas que querem se livrar desse paraíso. Mas não foi isso que mais me impressionou. Na segunda feira fomos visitar o Mercado Municipal. Um prédio fantástico,  no centro da cidade, de 5 andares, onde se encontra de tudo: Compramos muitas coisas, eu e minha esposa: Sandálias de couro de jumento, sapatos femininos de tecido, descansos de mesa, castanha de caju, caju em passa, blusas bordadas pra dar de presente, mas o que mais me impressionou foi, no piso térreo, uma banca de livros de cordel. Comprei 3: Relembrando Patativa, de Assis Silva, Trapalhadas de Pedro Malazartes, de Francisco Melchiades Araujo, e O Manifesto Comunista em Cordel, de Antonio Queiroz de França. O primeiro pela admiração que tenho pelo grande Patativa de Assaré, o segun