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Encontros com o meu Pai - Episódio II

Esta última conversa com o meu Pai se deu na presença da minha esposa Climene. Foram divagações a respeito de sua saída de Manaus para Goiânia, entremeadas com a minha passagem da infância para a adolescência. Sua memória extraordinária já confundia um pouco as datas e os locais, ele demonstrou cansaço e eu tive que interromper a conversa. Nunca mais gravei e hoje me sinto como que devedor por ter perdido essa oportunidade de explorar um pouco mais a vida desse grande homem:

Entrevista de 09 de setembro de 2008
Otávio: Pode falar.
Abílio: Nós morávamos em Abaetetuba. Ficamos quatro anos e meio. No primeiro ano eu era apenas um companheiro, assistente do Doutor Mário Lessa, nosso amigo, que era o chefe da unidade. Eram três médicos, um movimento muito grande. Aí o Lessa foi pro sul e não voltou. Mandaram eu assumir a chefia e eu fiquei lá três anos e tanto como chefe. Nós adorávamos a cidade de Abaetetuba, eu e a mãe do Luiz Otávio. Era uma cidade de muita música, de muita vida social, e nós éramos novos, gostávamos de dançar, e íamos às festas. Em toda festa tinha um lugar reservado pra nós, pro casal. O Luiz Otávio não se lembra disso. Quando foi um dia chegou lá o Nizomar, que foi meu colega de turma durante seis anos na faculdade. O Nizomar chegou de lancha e disse: "eu vim te buscar". Eu digo: "mas não leva". "Por que?" Eu disse: "porque nós não queremos sair daqui, somos felizes aqui. A minha mulher não quer nem ouvir falar em sair". E fomos jantar, ele jantou lá em casa, de noite, e foi embora. Quando foi no dia seguinte ele disse: "você está errado; é natural que você goste daqui, mas você tem três filhos, que precisam de escola". "O mais velho está na melhor escola daqui". Ele disse: "e depois como é? Nós não temos tanta renda pra mandar filho pra fora, eu acho que você tem que pensar nos filhos e não em você". Eu fiquei pensando por muito tempo. Eu vou! Era pra ir pra Manaus, e eu fui pra Manaus. Um mês e meio depois é que ele apareceu. Ele era o chefe, o Diretor, e com seis meses ele foi pro Rio de Janeiro e não voltou. É que o Penido mandou que ele assumisse uma direção lá. A unidade de Abaetetuba era um movimento tão grande, porque o município de Abaetetuba tinha muitos rios, rios pequenos, e todas as pessoas que moravam no município vinham à sede como a maré, quer dizer, em seis horas eles vinham à sede. De manhã era assim, um formigueiro. Tinha muito remédio, tinha três médicos, tudo era de graça.
Otavio: Tinha trinta e sete engenhos de cachaça.
Abílio: A indústria de lá era a cachaça, porque com a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool os engenhos foram proibidos, proibidos, de fabricar açúcar, tanto que eles tinham as instalações e começaram a apelar então pra cachaça.
Otávio: Pra salvar o negócio
Abílio: Então tinha essa quantidade enorme de engenhos de açúcar, não só no município de Abaetetuba como no vizinho, como chama? Esqueci agora, o vizinho também. Mas aquilo era a vida da cidade, a cidade muito religiosa, a igreja muito frequentada.
Otavio: A igreja era na praça em frente ao posto.
Abílio:  Nós nos dávamos muito bem porque eu senti que o povo gostava de nós. Mas gostava mesmo. O Luiz Otávio já era crescidinho, ele nasceu em 43, e nós estávamos lá em 48, ele estava crescido.
Climene: Ele estava na primeira série primária.
Abílio: Eu não me lembro. A professora muito boa, como era o nome dela?
Otavio: Elza de Jesus Silva Paes
Abílio: Bonita mulher
Otavio: Professora Elza
Abílio: Ela era uma ótima professora.
Otavio: Depois ela virou dona de empresa de ônibus
Abílio: Foi?
Otavio: Foi, ela que era dona daqueles ônibus que iam pra Abaeté.
Abílio: O fato é o seguinte: aí fomos nós pra Manaus. Exatos dois anos. No dia que completou dois anos nós saímos. Eu nunca trabalhei na vida como em Manaus. Eu nem comia mais, coisa horrível. Nem dormia direito. Eu trabalhava um absurdo, vinte horas por dia, e eram poucos auxiliares , porque o Penido foi lá, e tomou uns uísques, ele gostava de tomar uísque, e ficou meio exaltado, zangado com a professora de enfermagem, uma senhora já idosa, mas metida!
Otavio: Não era Taborda não?
Abílio: Era, filha de um general.
Otavio: Pois é, eu fui colega de um Taborda quanto eu trabalhei no Rio.
Climene: Esse Penido é o que, é nome ou sobrenome?
Abílio: Henrique Maia Penido, mineiro de Belo Horizonte. E aí ele me imprensou na parede assim, bêbado, e disse que eu me definisse, e eu prometi a ele que eu cederia. Ele disse que estava passando vergonha na Amazônia. Nós fomos lá para o Palácio Rio Negro e o Governador fez umas perguntas assim meio difíceis de responder, umas críticas veladas, mas críticas. O fato é que eu fiquei com a missão impossível de concluir o botar pra funcionar um hospital no Engenho da Pedra, lá na fronteira do Peru, na cidade de Benjamin Constant, bem na fronteira. Um hospital grande, difícil, muito,  transporte, pessoal, treinamento, com poucos meses pra fazer tudo isso, e mais umas unidades pequenas. Mas eu tive uns auxiliares lá que caprichavam até: Renato, Moacir. Eu aguentei muita coisa da Garcilia porque a Garcilia ajudou demais. Eu tinha uma enfermeira bem preparada, como era o nome dela, aquela morena alta, bem preparada, mas assim da marcha lenta. Essa nunca ia ao campo. O certo é que eu consegui botar o hospital pra funcionar antes do Natal, e mais seis unidades, tudo antes do Natal.
Otavio: Quem era o Governador do Amazonas
Abílio: O Plínio.
Otavio: Plínio do que?
Abílio: Não era o Salgado, que o Salgado era integralista, que eu conheci pessoalmente em Belém, um fogueteiro.
Otavio: Mas você foi se encontrar com ele?
Abílio: Fui
Otavio: Você era integralista?
Abílio: Não, eu simpatizava, achava o movimento bonito, não é? Gustavo Barroso. E tinha aquele cara que aparecia, foi muito importante em São Paulo, novo ainda, cujo nome agora eu não me lembro, foi importantíssimo lá em São Paulo (trata-se do jurista Miguel Reale). Mas o fato é o seguinte, eu terminei e passei um telegrama pra ele, dando como presente de Natal.
Climene: Um hospital e seis unidades.
Abílio: Eu disse: tudo funcionando corretamente, com pessoal treinado, e que aquilo era um presente de Natal que a Diretoria mandava pra ele, pro Penido.
Otavio: E o Governador ficou feliz.
Abílio: Demais. O povo gostava de nós lá. Eu era muito preso a Manaus porque eu era muito considerado lá, sabe; e a gente é humano, não é?
Climene: Seu Abílio, e o transporte de todo esse material era por barco e avião, hidro avião.
Abílio: É, mas a maioria era por barco. Enchia o barco de material, de equipamentos. Tinha um laboratorista que me ajudou tanto, eu esqueço o nome  do pessoal, o Renato, irmão do Orlando Costa.
Otávio: O que eu mais gostava em Manaus é que nós alugamos uma casa, na Ferreira Pena 62.
Abílio: Pertinho da Santa Casa
Otávio: E o dono da casa era por coincidência o dono do cinema lá, e ele me deixava entrar de graça.
Abílio: Bem, o Penido telefonou pra mim, me cumprimentando, agradecendo, dizendo que no nosso trabalho, que eu liderava lá, ficava registrado na história, e disse que eu fosse para o Rio de Janeiro. Era Natal. Eu cheguei no Rio na véspera de Natal. Mandei toda a família pra Carolina, e até duas moças. Tinha uma que era mocinha e foi contratada pela Carmen pra cuidar do Cláudio, que parecia uma índia, a Raimunda, e tinha a Dica, que era a chefe da cozinha.
Otavio: E tinha a Firmina.
Abílio: A Firmina. E todas as três vieram pra Goiânia. Depois de uns tempos aqui a Dica surpreendentemente queria ir embora, e não houve quem segurasse. Dona Carmen pelejou, aí nós ficamos sabendo: ela estava grávida. Arranjou um namorado aí. Tempos depois eu fui a Belém, fui visitá-la numa rua perto do Arsenal da Marinha, ela estava morrendo de tuberculose. Eu tive tanta pena, chorei, eu não podia fazer nada. A outra, Raimunda, também voltou, e a Firmina ficou aqui, mas daqui ela fugiu pra São Paulo. Um tempo desses ela telefonou pra cá pedindo pra voltar pra casa.
Otavio: Ela está passando necessidades lá.
Abílio: Está.
Climene:  Você contou pra ele de uma moça que ligou pra você de São Paulo?
Otavio: Uma moça ligou pra mim. "Você é o Luiz Otávio? Eu sou a filha da Firmina (mas não é mais Firmina, é Célia). Eu sou a filha da Célia, que vocês chamam de Firmina, eu moro aqui em Atibaia, e eu tenho uma pergunta pra te fazer". "Qual é a pergunta?" "A Firmina é filha do seu pai?" "Não, não é não, é impossível ela ser filha do meu pai, porque quando nós mudamos para Abaetetuba a Firmina já era uma menina, um pouquinho mais velha do que eu, e o meu pai nunca tinha estado em Abaetetuba".
Climene: Que tal Seu Abílio, o senhor tem mais uma filha?
Otávio: Não, mas ela insiste em dizer que é filha do meu pai. Eu disse "olha, (eu esqueci o nome dela) menina, é muito fácil, hoje em dia é muito fácil você saber se é filho de uma pessoa ou não. Se ela insistir muito a gente faz o teste, não tem problema, meu pai está vivo. Agora eu garanto pra você o seguinte: se fizer o teste e ela for filha, é minha irmã, agora, eu garanto pra você que ela não é filha". "Você garante?" "Garanto". Nunca mais ligou.
Climene: Nunca mais ligou. Mas ela estava divagando, com certeza está meio maluca, com Alzeimer.
Abílio: Aí eu cheguei no Rio de Janeiro na véspera de Natal, e houve uma festa de Natal com os americanos no Rio, bebendo uísque na casa do Pantoja que era um médico morenão, que era a segunda pessoa na administração. E então o Penido, que era muito sério mas gostava de uísque, me chamou e disse: "Abílio, nós vamos fazer uma coisa que não é usada aqui. Eu tenho que retribuir, pagar o que você fez no Amazonas. Então, pela primeira vez, você vai escolher o que você quer, e tal, tal, tal, quatro opções. Pode pensar, vá pra casa, amanhã ou depois você aparece aqui pra dizer o que você quer". Eu disse "não, eu fico muito agradecido, mas eu quero escolher agora. Eu quero ir pra Goiânia".
Climene: E quais eram as outras três opções?
Abílio: Cuiabá, São Luis do Maranhão, voltar pro Amazonas, ir pra Manaus.
Climene: E o senhor fez uma ótima escolha.
Abílio: Eu disse, "eu quero ir pra Goiânia". "E São Luis, você é maranhense". Eu disse "não, minha família faz política lá, eu não quero nem pensar. E lá só se fala em política, nada mais". "Você tem o direito de escolher, você vai, mas tem uma coisa, nós temos um amigo parlamentar, Dr. João de Abreu, e ele faz questão que a sede do serviço seja no norte. Você não pode por exemplo morar em Goiânia e administrar o norte, não é? Você vai ter que morar lá".
Otavio: Ele não sabia que você conhecia o João de Abreu.
Abílio: Não sabia nada, aí eu saí de lá onze e meia mais ou menos e fui a pé pela Avenida Rio Branco até a Câmara dos Deputados.
Otavio: Procurar o João de Abreu
Abílio: Procurei, procurei, era hora do almoço, ele estava com um rapaz que se tornou meu amigo, era um deputado aqui do Tocantins. Quando eu parei ele abriu a boca assim, um tempão. Fazia treze anos que ele não me via. Ele tinha feito grande amizade comigo, em Carolina, na região. Ele disse "eu não acredito". Eu disse "sou eu mesmo, e vim lhe comunicar que vou pra Goiás". "O Penido mandou você?" "Foi". Aí eu sentei na mesa, e ele disse: "Olha, nós estávamos em dúvida, agora ninguém mais serve, só você". Aí eu vim.
Otavio: E como é que você convenceu ele a vir pra Goiânia e vez de ir lá pra cima. Deve ter sido fácil. Você foi até morar na casa dele.
Abílio: Uma casa novinha. Quem ocupou primeiro fomos nós.
Otávio: Era bom morar ali, na Alameda Botafogo, esquina com Rua 21. Era pertinho do cinema.
Abílio: E o Biu enjoava demais querendo ir ao cinema: eu quero ver o filme, ele não dizia o nome...
Otavio: A Volta do Renegado.
Abílio: Era só esse. Todo filme pra ele era A Volta do Renegado. O certo é que viemos pra cá, não é?
Climene: Foi uma vida muito intensa e bonita. E o Pedro Ludovico ainda estava por aqui?
Otavio: Era o governador.
Abílio: Não era não, era o Juca.
Otavio: O filho dele.
Abílio: Não era filho, parente. O Juca ficou tão amigo nosso que muitas vezes domingo de manhã fretávamos uma Kombi e íamos pra fazenda dele, ali no caminho de Nerópolis. Lembra disso?
Otavio: Eu não estava mais aqui.
Climene: É, aí o Otavio já estava lá em Barbacena. Contou pra ele que você tem um encontro em Barbacena. Ele vai pra um encontro de quantos anos?
Otavio: Cinquenta anos.
Climene: Cinquenta anos de formado lá em Barbacena.
Abílio: Tu te lembras daquela família que se dava com a gente?
Otavio: Ele era um médico, não era?
Abílio: Era. Ele era casado com a filha do Orfeu, lá de Carolina, que era primo do Catão.
Otavio: Ele tinha uma filha bonitinha.
Abílio: Ficaram amigos demais da gente, não foi?
Otavio: Foi. Eu saí daqui num avião e cheguei a Belo Horizonte pra fazer o exame pra Barbacena. Aí eu peguei um taxi e fui pra casa do Rafael, que estava lá em Belo Horizonte e ficou de me pegar lá e não foi me pegar. Fui pra casa da cunhada dele, chamada Lelé. Eu estava apavorado, com dezesseis anos de idade, andando de taxi em Belo Horizonte, nunca tinha saído de Goiânia. Aí o Rafael me abraçou, e tal. No dia seguinte, eu fiquei hospedado no Geraldo Aroeira. Mas o Geraldo Aroeira era tão sistemático.
Abílio: Muito amigo nosso.
Otavio: Eu ia tomar banho no chuveiro dele, depois ele ia lá e enxugava tudo. Ficava tudo enxuto, que tal? É coisa de solteirão, não é não?
Abílio: O Geraldo era irmão do... do?
Otavio: Ontem você se lembrou do nome dele.
Climene: Filho da parteira do Juscelino.
Abílio: Tinha a esposa, que era amiga da Odete
Otávio: Niniha
Abílio: É, amiga da Maria Odete.
Otavio: Pois eu fui convidado pros cinquenta anos de formatura de Barbacena, que tal? Eu recebi uma carta me convidando pra um festejo em Barbacena.
Abílio: Quando:
Otavio: Em Março do ano que vem, pra comemorar os cinquenta anos de formatura em Barbacena. Porque eu fui pra Barbacena em 1960, mas eu fui no segundo ano de Barbacena, e a minha turma é a turma de 59. Eu entrei no segundo ano de Barbacena. Então eles vão fazer uma celebração em Março do ano que vem da chegada da turma lá em Barbacena. Não é formatura, é a chegada da turma lá em Barbacena.
Abílio: Eu não podia ir a Barbacena. Eu tinha mandado você pra lá é não ia a Barbacena. Eu estava no Rio de Janeiro e vim do Rio pra Belo Horizonte. Aí eu fui visitar a Escola, o Diretor me recebeu, foi me mostrar a Escola, e disse: "agora eu vou lhe dar uma surpresa", e tinha assim uma área onde tinha o resultado dos exames, e tinha uma classificação. "Olhe, seu filho chegou aqui, e tirou segundo lugar. Daqui ele não saiu mais do primeiro lugar. Eu vou lhe dizer uma coisa, ele não precisa estar aqui não. Aliás eu acho bom porque ele serve de exemplo aqui, mas na verdade ele não precisa estar aqui, tanto que a partir de agora ele não precisa mais pagar nada. Aí você pagava a escola do Antonino"
Otavio: Mas isso não era em Barbacena, isso era lá em São Paulo. Era no Curso Anglo Latino.
Abilio: Anglo Latino. Era perto daquela praça movimentada que descia assim...
Otavio: Era na Rua Tamandaré.
Abílio: O que é certo é que nós chegamos a São Paulo e fomos almoçar, num restaurante na Avenida São João, em frente à praça onde tem a municipalidade...
Otavio: O Leão d’Olido
Abílio: Tinha assim  umas 500 mesas.
Otavio: Era no porão do Cinema Olido.
Abílio: A comida era boa demais. E então pedimos lá, e veio um prato pra cada um. A Carmen comeu só a metade, eu comi também um pouco, e você rapou o seu e ficou olhando pra gente. Eu disse: "você não quer mais não?" Aí a Carmen começou a chorar. "Ele está passando fome", e não sei o que e tal. "É, ontem eu almocei só um ovo. Você lembra disso?"
Otávio: Eu passei um tempo ruim lá em São Paulo, morando numa pensão perto do Cursinho.
Abílio: Aquele restaurante era popular mas era bom, era saborosa a comida, não era?
Otavio: Era bom.
Abílio: Era um mundo de gente que almoçava lá. E nós nos hospedávamos lá perto, na praça mesmo, num hotel cujo nome eu me esqueci.
Otavio: Os carolinenses todos se hospedavam lá, naquele hotel.
Abílio: Mas do lado de lá.
Otavio: Hotel Paramount. Uma vez eu fui lá visitar o velho Edson que estava hospedado lá. O seu afilhado morreu, não é?
Abílio: Agora recentemente
Otavio: Morreu de câncer, não é?
Abílio: Ele morava em Recife. Quem te contou?
Otávio: O Genésio. Muito bem, Doutor, chega por hoje.







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