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De volta às Eleições de Novembro

Como brasileiros que somos não podemos nos queixar de falta de emoções. Agora mesmo estou escrevendo e ouvindo o voto do Gilmar Mendes sobre o Foro Privilegiado, uma bobagem que o STF inventou para se livrar da pressão popular, que o está responsabilizando pela impunidade dos políticos. A vitória da proposta do relator Barroso parece que vai passar, e "tudo vai ficar como antes no quartel de Abrantes". Segundo a Veja de 02 de maio, o STF vai se livrar de 90% dos processos contra os parlamentares com a aprovação da restrição de foro: O STF só julgaria crimes cometidos no exercício do mandato. 

Dez em cada dez parlamentares estão torcendo para a aprovação dessa proposta. Basta ver que ninguém a está combatendo. Como diria Lampedusa, "precisamos mudar para que tudo fique como está". A restrição de foro se restringe a deputados federais e senadores, e estes não terão a menor dificuldade em atuar nas primeiras instâncias de seus currais para manter os processos na mesma velocidade com que correm no STF. 

Mas não foi com esse assunto que eu me sentei na frente do laptop para escrever meu Post. Tinha prometido falar das eleições, e tenho na minha tela uma enorme quantidade de alternativas da Pesquisa Datafolha de 15 de abril. São tantas que eu decidi fazer uma planilha para me fazer entender melhor, listando apenas as 4 alternativas mais importantes: com Alckmin, com Temer, sem PMDB e sem Lula. Os candidatos Henrique Meirelles, Paulo Rabello de Castro, Guilherme Boulos e Guilherme Afif Domingos não foram considerados em função de seus resultados pífios na pesquisa Datafolha. 

A pesquisa mostra também alternativas para o segundo turno:
  • Lula x Bolsonaro: 48% x 31%
  • Lula x Alckmin: 48% x 27%
  • Lula x Marina: 46% x 32%
  • Bolsonaro x Alckmin: 32% x 33%
  • Ciro x Bolsonaro: 35% x 35%
  • Marina x Bolsonaro: 44% x 31%
  • Marina x Alckmin: 44% x 27%

O diplomata Rubens Barbosa acaba de afirmar que o resultado das eleições vai definir as próximas décadas do Brasil. Essa verdade evidente, ao ser deparada com o quadro acima, já diz bem qual será a direção que poderemos tomar. No entanto, existem alguns indícios de que algo de positivo pode ser tirado da mesma:
  • Caso Lula de fato seja alijado do primeiro turno, fica evidente a sua incapacidade de transferir votos. Haddad, o seu substituto mais provável caso o PT insista em apresentar candidato, não herda praticamente nada dele. 
  • Para termos alguma esperança de um resultado palatável no segundo turno, é absolutamente necessária a não participação de Lula no primeiro turno. Ele derrotaria qualquer concorrente no segundo turno.
  • Caso ainda reste alguma inteligência por parte da direção do PT, será necessário que ele venha a apoiar, na ausência de Lula, um candidato fora do partido. Se isso não vier a ocorrer ele desaparece do cenário político. Acontece que os dois candidatos mais prováveis a formar uma aliança com o PT, Marina e Ciro, são praticamente inaceitáveis. Vamos então torcer para que o PT insista em manter candidato, porque entendo que Ciro e Marina têm mais chance de herdar os votos de Lula e vencer no segundo turno. 
  • Caso ocorra o milagre e Alckmin chegar ao segundo turno, ele tem chances reais de vencer Bolsonaro. A Datafolha não simula um segundo turno entre Barbosa e Bolsonaro, mas eu torço para que algum milagre ocorra e o Centro finalmente reúna Alckmin e Barbosa em uma chapa única. Essa chapa com certeza, se concretizada logo, poderia chegar ao segundo turno vencer a eleição (sem Lula).
Como já disse em Post anterior, essa eleição não me permite votar no candidato menos ruim, mas sim no candidato capaz de derrotar o pior. Com base nisso, e no resultado da pesquisa, caso a eleição fosse hoje eu teria que tapar o nariz e declarar o meu voto:
  • Com Lula presente: votaria no Bolsonaro para evitar a eleição do Lula
  • Sem Lula: votaria no Barbosa ou no Alckmin para evitar o Bolsonaro ou a Marina.
Simples assim. 


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