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Sobre as COPs , e sobre o que podemos fazer como cidadãos do planeta

A coisa está tão confusa que eu entrei com um artigo sobre as COPs  no "Google Translator", e para minha surpresa verifiquei que a palavra COP, quando aparecia, estava traduzida como Policial. Então achei por bem esclarecer esta confusão.

O Dicionário Cambridge realmente define Cop como "a police officer", mas aqui a COP se trata de uma "Conference Of Parties", na verdade uma Conferência das Partes da ONU, que reúne anualmente os países signatários da Convenção do Clima, ao fim de cada ano, para discutir o progresso na implementação do tratado, e dar continuidade às discussões.

A definição mais conhecida para as COPs foi dada pela ativista Greta Thumberg: "A COP é só blá-blá-blá", o que sugere que os resultados alcançados com sua realização não estão em nada contribuindo com os objetivos que ela persegue.


Dias atrás me deparei com um artigo no site Persuasion de autoria de Francisco Toro, um colaborador do site, intitulado "All COPs are Bastards" (uma provocação na qual o Google caiu e traduziu para "Todos os policiais são bastardos"), que trouxe uma quantidade de informação que eu garanto que, se elas estivessem nas pastas dos seus participantes nesta COP 28 de Dubai, Greta teria menos motivos para dizer que as COPs são blá-blá blá, ou que são "bastards", falsas.

Toro inicia o artigo falando de uma tal Identidade de Kaya. Criada pelo economista japonês Yochi Kaya, trata-se de uma função que relaciona fatores que determinam o nível de impacto humano no clima, na forma de emissões de dióxido de carbono (CO2).  A função é de uma simplicidade tal que leva um conhecedor de matemática a considerá-la óbvia: 

F = P x (G/P) x (E/G) x (F/E)

F=P×GP×EG×FE

onde:

F = emissões globais de CO2 por fontes humanas
P = população global
G = PIB (Produto Interno Bruto) global 
E = consumo global de energia 

Vamos esquecer o fato que P, G e E, estando no numerador e no denominador desta função, ela se resume a F = F. Em vez disso vamos considerar que esses 4 fatores na verdade são:

P = população global
G/P = PIB per capita global
E/G = intensidade de energia, ou energia gerada por $ da atividade econômica
F/E = Intensidade de carbono, ou emissões por unidade de energia consumida

A função fica então descrita da seguinte forma:

F = (População) x (PIB/capita) x (Intensidade de Energia) x (Intensidade de Carbono) 

Essas 4 variáveis assim definidas são mensuráveis, e os cientistas climáticos se dedicam a medi-las e apresentar o resultado como uma identidade tecnicamente verdadeira, com a qual não podem existir argumentos contrários. O que foi verificado nos últimos 60 anos está mostrado na figura abaixo:

O gráfico acima me surpreendeu. Ele mostra que as variáveis que mais incidem sobre as emissões de CO2 são o PIB per capita (GDP per capita) e a população global (Population). As duas últimas variáveis, nas quase 6 décadas de medição, tiveram pouca influência no crescimento das emissões. Há uma tendência em tornar mais limpa a intensidade de carbono e em tornar mais barata a produção de energia.

Aqui fica claro que a solução técnica para o problema das emissões de carbono teria como prioridades fazer a economia global decrescer, bem como a população. A população global cresceu em torno de 1% ao ano, e o PIB algo em torno de 2%. Como a intensidade de energia (o custo da energia), e a intensidade de carbono (a sua emissão por por unidade de energia produzida) tiveram avanços negativos, apesar de modestos, podemos concluir que se a população global tivesse permanecido a mesma nesses quase 60 anos, com o mesmo PIB per capita, não teríamos crise alguma.

Apenas a Europa chega às COPs com esse papo de decrescer a economia, e é um fato que a sua população está há muito tempo decrescendo. Parece óbvio para eles que esta é a solução, e é fato que sua população está decrescendo, junto com a sua economia, de forma quase incontrolável. 

Mexer nas quatro variáveis da Identidade Kaya é claramente a solução global, embora seja difícil mexer na população e no PIB. Isso seria possível apenas com um aumento do poder estatal, o que não é compatível com os regimes ditos democráticos. A China já fez isso com sua política de filho único por outros motivos, com uma severa fiscalização estatal. As ferramentas a nível global seriam esterilização em massa, pressão para abortar a segunda gestação, coisas impossíveis de aprovação em um regime que depende de eleitores para funcionar.

Decrescer economicamente também é muito difícil. Os eleitores votam com a ideia que o governo que eles querem tenha o compromisso de os tornarem mais prósperos. Imaginem por exemplo uma campanha americana para intensificar o transporte público com a redução dos automóveis. 

Aqui cabe uma consideração sobre como o nosso mundo polarizado recebe a Identidade Kaya. Para a extrema direita a esquerda ambientalista planeja exatamente essas soluções violentas, e é verdade que a ideologia da esquerda considera mexer nas duas primeiras variáveis com uma aceitação maior. Mexer nelas lhe dá mais poder institucional, e a esquerda faz do aumento do Estado uma arma importante. Só que os políticos precisam vencer eleições, e num regime democrático essas iniciativas não elegem ninguém. 

Resumindo, não existe vontade política de mexer fortemente na variáveis do crescimento, e isso é desanimador, mas precisamos encarar esse fato de forma pragmática. O crescimento da população e do PIB per capita exige um maior domínio das duas variáveis seguintes, o que não possuímos. É aí que entra o chamado blá-blá-blá que vemos nas COPs.

A solução até agora sancionada pelas COPs consiste na Redução do Dióxido de Carbono - CDR (Carbon Dioxide Reduction), um conjunto de tecnologias absurdamente caras para trabalhar com a atmosfera com vistas à sua redução. A esperança aqui é tornar rapidamente mais baratas essas tecnologias a tempo de compensar a contínua emissão de CO2 . Seria algo como sugar o CO2 da atmosfera com rapidez suficiente para se evitarem as consequências do seu aumento na atmosfera. A CDR é defendida pelos que insistem em manter a matriz energética altamente dependente dos combustíveis fósseis.

Se não chegarmos a uma solução com a CDR, o que é mais provável, fala-se de uma Geoengenharia Solar. Ela consistiria em resfriar o planeta imitando o que fazem os grandes vulcões . Haveria um frota de aviões em alta altitude bombeando partículas reflexivas na estratosfera para diminuir a incidência do sol e resolver o problema. Esta solução já foi descrita inclusive em livros de ficção, onde o planeta se tornaria um local escuro, triste, horrível. No ano passado, na COP 27 esta solução foi proposta pela UNESCO, o órgão da ONU para a Educação, Ciência e Cultura. Nos livros de ficção os países mais afetados pelos aumentos de temperatura agem unilateralmente nesse sentido, o que força a criação de um Ministério para o Futuro, o nome de um livro. 


Na  opinião de Francisco Toro, o autor do Post que cito, mexer com a estratosfera talvez mantenha a temperatura a níveis menores. mas os oceanos continuarão aumentando sua acidez, com fortes impactos na biodiversidade. E mais, não há como prever os resultados de qualquer plano de Geoengenharia Solar. Seria um tiro no escuro. 

As alterações climáticas estão descontroladas, e os governantes podem chegar a uma decisão forçada pela pressão popular de optar pela Geoengenharia Solar. O planeta se verá então caminhando como um sonâmbulo para um futuro incerto. O que Francisco Toro imagina é que chegaremos a uma situação em que teremos que projetar o clima do planeta, e esta será a decisão mais arriscada que a raça humana terá que fazer. O que ele sugere é que sejam intensificadas pesquisas sobre esse assunto para que os riscos inerentes a essa tomada de decisão sejam minimizados.

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Realizar uma COP em um grande exportador de combustível fóssil é na verdade um convite para o fracasso, e a meu ver foi exatamente isso que aconteceu em Dubai, na COP 28 que se encerrou recentemente. Mais de 200 países estiveram lá, representados por seus líderes (os dois maiores poluidores não compareceram), diplomatas, ativistas, etc. 

Como sempre acontece desde 1992 no Rio de Janeiro, houve muita discussão e poucos avanços na direção de resultados concretos. Houve uma pequena iniciativa no sentido de um acordo para o fim do uso de combustíveis fósseis, mas ela foi sabotada pelos anfitriões, de forma que não houve avanço algum. Como em todas as COPs, os participantes se comprometeram a impulsionar a discussão sobre as energias renováveis com vistas a se alcançar a taxa zero de emissão de CO2 em 2050, meta esta que foi estabelecida no Rio em 1992, com 48 anos para a sua execução. Acontece que estamos entrando em 2024 e temos apenas mais 27 anos pela frente, e a coisa só piorou.

A velocidade com que a temperatura do planeta e os desastres climáticos avançam não condiz com a agilidade com que essas discussões são tratadas nas 28 COPs realizadas até agora. Basta dizer que apenas de dois anos para cá entrou na pauta das COPs a discussão de uma acordo sobre a eliminação gradual da energia a carvão.

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Uma coisa que me causa estranheza é o fato de eu não perceber na nossa mídia uma iniciativa forte do poder público, no sentido de informar os cidadãos a respeito das atitudes que ele deve tomar para mitigar o sofrimento do nosso querido planeta, nosso único planeta. Visionários cheios de dinheiro gastam sua fortunas procurando água em Marte, enquanto a nossa Terra se vê cada vez mais ameaçada de entrar num período de forte carência deste componente fundamental à garantia da vida. 

Como cidadão do planeta, residente numa grande área metropolitana, me restam poucas alternativas para dar a minha contribuição pessoal para ajudar a mitigar este grande problema que estou deixando para minhas filhas e meus netos. O que me restou foi tomar decisões que estavam ao meu alcance executar. Por exemplo, há anos o meu carro só bebe álcool, e assim a minha contribuição para a emissão de CO2, no que tange a minha locomoção em meu carro, é muito pequena e se resume à produção do álcool e seu transporte até o posto de combustível. Só que estou andando menos de 10 mil km por ano com o meu carro, já que em função da minha idade minha família me proíbe de fazer viagens longas. Nunca mais irei passear em Carolina - Ma de carro, rodando 2 mil km. Ainda bem.

É muito pouco, mas tenho conhecidos que possuem carro híbrido e flex (o meu é só flex) que preferem aumentar ainda mais a autonomia do seu carro só usando gasolina. Comentei esse assunto com um amigo que mora no maior poluidor, os Estados Unidos e a conclusão a que cheguei foi que o máximo que podemos esperar é uma gradual queda da preferência dos gringos pelas suas enormes caminhonetes. 

Procurei então um site Americano que desse orientações do sentido de individualmente reduzirmos nossa pegada individual de carbono (carbon footprint). Encontrei no site Constellation um artigo interessante que passo a comentar agora:


(Uma pegada de carbono é a soma de todos os subprodutos que provêm do uso de combustíveis fósseis para produzir ou mover bens, construir estruturas para casas e negócios, prover alimentos, e viajar). 

TRANSPORTE:
  1. Dirija menos. Dirigir uma carro é uma grande fonte de gases de efeito estufa. Organize suas saídas para ter mais coisas realizadas com elas. Caminhe para distâncias curtas. Use transporte público.
  2. Tome cuidado no uso do acelerador e do freio. Acelerar consome mais combustível, e quem usa muito o freio também acelera muito.
  3. Mantenha as revisões em dia e os pneus bem calibrados. Quando o carro é eficiente ele consome menos combustível, e o pneu bem calibrado requer menos energia para adquirir e manter a velocidade.
  4. Partilhe o seu carro (no trabalho, levando os filhos à escola, etc.).
  5. Use o piloto automático numa velocidade adequada  O piloto automático evita que você trafegue numa velocidade além daquela que você programou, e acelera mais suavemente para recuperar essa velocidade.
  6. Diminua a intensidade do ar condicionado. O ar condicionado é o dispositivo adicional que mais energia consome no seu carro, e você deve manter a temperatura interna num nível tolerável, não frio demais.
  7. Considere usar apenas etanol no seu caso flex (aqui o artigo se refere a considerar carros híbridos ou elétricos).
  8. Se possível evite viajar de avião, sua pegada de carbono é maior se você viaja de avião que de carro.
  9. Faça os voos necessários com o mínimo de conexões porque as decolagens e os pousos consomem muito combustível.
COMIDA
  1. Diminua o consumo de carne, coma mais frutas, verduras, grãos. Criar animais requer mais energia que plantar.
  2. Opte por alimentos orgânicos e da estação
  3. Reduza o desperdício de comida
  4. Considere fazer compostagem
  5. Use copos, pratos, utensílios, garrafas e recipientes reutilizáveis.
EM CASA
  1. Mantenha seu aquecedor de água no máximo em 50 ºC (no nosso caso considere o aquecedor solar).
  2. Mantenha o seu ar condicionado em torno de 24 ºC.
  3. Apague as luzes e desligue os aparelhos que não estiver usando.
  4. Use lâmpadas de baixo consumo.
  5. Use chuveiros de fluxo baixo.
  6. Compre novos produtos com selo de baixo consumo de energia.
  7. Instale se possível em sua casa um sistema de energia solar.
  8. Faça auditorias periódicas de energia em sua casa.
  9. Recicle seu lixo.
  10. Faça uma boa isolação em sua casa (no nosso caso, por exemplo use telhas claras).
  11. Doe sua roupas velhas, dando a elas uma segunda vida.
NAS COMPRAS
  1. Compre só o que você precisa.
  2. Viaje com a sua mala velha.
  3. Invista em produtos que duram.
  4. Não compre moda passageira.
  5. Compre roupas antigas ou recicladas.
  6. Apoie e compre de empresas responsáveis ambientalmente.
NAS AÇÕES
  1. Compre créditos de carbono. Este item requer um Post futuro. Créditos de Carbono são uma forma de uma empresa, ou mesmo uma pessoa, pagar por ultrapassar a medida definida para a sua pegada de carbono. Por exemplo, se você tem um sistema de energia solar você poderia vender créditos para quem tem uma pegada de carbono elevada.
  2. Fale com a família e amigos a respeito das mudanças climáticas e a pegada de carbono. Este assunto está deixando de ser chato com as mudanças climáticas violentas pelas quais estamos passando.
  3. Junte-se aos grupos locais de ação sobre o assunto.
  4. Fale com seus representantes locais e vote em políticos que protegem o ambiente.

Comentários

  1. Parabéns Luís, por mais um artigo brilhante, obrigando-nos a pensar e refletir no sentido da vida em que vivemos.

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  2. Esse artigo me dá uma cutucada para voltar a considerar esse assunto. Confesso que emissão de CO2 já me era página virada. Quando os EUA e Austrália afundaram o Proticolo de Kyoto, entendi que a humanidade estava destinada a desaparecer em 100-200 anos e em nada contribuiria estar preocupado com o assunto. Mas, como disse acima, este artigo me levou a voltar a pensar no assunto na esperança de chegar a ser ligeiramente otimista.
    .

    ResponderExcluir
  3. Pelo que me lembro , na atmosfera há ( números redondos, já que minha memória fraqueja) 71% N, 21% O2 é algo como menos de 1% CO 2. Como esse desgraçado CO2 pode ter tal influência?
    Alex

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    Respostas
    1. CO2 – Responsável por cerca de 60% do efeito-estufa, cuja permanência na atmosfera é de pelo menos uma centena de anos, o dióxido de carbono é proveniente da queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo, gás natural, turfa), queimadas e desmatamentos, que destroem reservatórios naturais e sumidouros, que tem a propriedade de absorver o CO2 do ar.

      De acordo com o IPCC (1995), as emissões globais de CO2 hoje são da ordem de 7,6Gt por ano. E a natureza não tem capacidade de absorção de todo esse volume o que vem resultando em um aumento da concentração atmosférica mundial desses gases.

      Fonte: CETESB

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