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Sobre o Nosso Querido Hino Nacional

Em Post anterior mostramos que:
  • A Constituição Americana possui 7 artigos, 27 emendas e 232 anos de existência,
  • A Constituição Brasileira possui 250 artigos, 107 emendas e 30 anos de existência.
Vamos agora comparar os dois Hinos Nacionais:

HINO NACIONAL BRASILEIRO
Primeira parteSegunda parte
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores". (*)

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!



THE STAR-SPANGLED BANNER
Letra Original em InglêsTradução em Português
I
Oh, say, can you see, by the dawn's early light
What so proudly we hailed at the twilight's last gleaming?
Whose broad stripes and bright stars, through the perilous fight,
O 'er the ramparts we watched, were so gallantly streaming.
And the rockets` red glare, the bombs bursting in air,
Gave proof through the night that our flag was still there!
Oh, say, does that star-spangled banner yet wave
O'er the land of the free and the home of the brave?
II
On the shore dimly seen, through the mists of the deep,
Where the foe's haughty host in dread silence reposes,
What is that which the breeze, o'er the towering steep,
As it fitfully blows, half conceals, half discloses?
Now it catches the gleam of the morning's first beam,
In fully glory reflected, now shines on the stream:
'Tis the star-spangled banner: oh, long may it wave
O'er the land of the free and the home of the brave.
III
And where is that band who so vauntingly swore
That the havoc of war and the battle's confusion
A home and a country should leave us no more?
Their blood has vanished out their foul footstep's pollution.
No refuge could save the hireling and slave
From the terror of flight, or the gloom of the grave:
And the star-spangled banner in triumph doth wave
O'er the land of the free and the home of the brave!
IV
Oh, thus be it ever when freemen shall stand.
Between their loved home and the war's desolation!
Blest with victory and peace, may the heaven-rescued land
Praise the Power that has made and preserved us a nation.
Then conquer we must, when our cause it is just.
And this be our motto: "In God is our trust".
And the star-spangled banner in triumph shall wave
O'er the land of the free and the home of the brave!

Ó, dizei, podeis ver, na primeira luz do amanhecer
O que saudamos, tão orgulhosamente, no último brilho do crepúsculo?
Cujas amplas faixas e brilhantes estrelas, durante a luta perigosa,
Sobre os baluartes assistimos, ondulando tão imponentemente
E o clarão vermelho dos foguetes, as bombas estourando no ar,
Deu-nos prova, durante a noite, de que nossa bandeira ainda estava lá.
Ó, dizei, a bandeira estrelada ainda tremula
Sobre a terra dos livres e o lar dos valentes?
II
Na costa, vista com dificuldade pelas névoas do oceano profundo,
Onde as orgulhosas hostes do inimigo em silêncio temoroso repousam,
O que é que a brisa, sobre o altíssimo precipício,
Enquanto sopra irregularmente, ora esconde, ora expõe?
Eis que ela reflete o brilho do primeiro raio de luz da manhã,
Em toda a sua glória refletida brilha sobre o rio:
É a bandeira estrelada! Ó, que por muito tempo ela tremule
Sobre a terra dos livres e o lar dos valentes.
III
E onde está aquela tropa que jurou tão solenemente
Que a destruição da guerra e a confusão da batalha
De um lar e de um país nos privariam?
O seu sangue limpou a infecta poluição de seus passos.
Nenhum refúgio poderia salvar o mercenário e o escravo
Do terror da fuga, ou da escuridão do sepulcro:
E a bandeira estrelada em triunfo ainda tremula
Sobre a terra dos livres e o lar dos valentes!
IV
Ó, assim seja sempre, quando os homens livres se colocarem
Entre seu amado lar e a desolação da guerra!
Abençoada com vitória e paz, que a terra resgatada pelos céus
Louve o Poder que nos fez e preservou como nação.
Então prevalecer devemos, quando nossa causa for justa,
E este seja nosso lema: "Em Deus está nossa confiança ".
E a bandeira estrelada em triunfo tremulará
Sobre a terra dos livres e o lar dos valentes!

Fiz uma contagem rápida do tamanho de cada Hino e o resultado foi (posso ter errado em uma ou duas palavras):
  • O Hino Brasileiro é composto de duas partes de 122 e 128 palavras, num total de 250 (por coincidência o mesmo número de artigos da nossa Constituição)
  • O Hino Americano possui 4 partes de 81,81, 76 e 78 palavras, num total de 316 palavras. 
Como assim, se em todas as competições esportivas o Hino Americano é tocado muito mais rapidamente que o nosso? Vamos então nos dar ao trabalho de ouvir os dois hinos (se quiserem podem pular isso, mas é importante para as conclusões a que vamos chegar)






Essas são versões oficiais do YouTube. A Brasileira tem a duração de 3 minutos e 48 segundos, e a Americana dura 5 minutos e 13 segundos, sendo então 37% mais longa. Só que:

Seguramente essa será a última vez que você vai ouvir esse hino na sua totalidade. Na sua enorme habilidade em simplificar as coisas, sem a necessidade de nenhuma lei que aprovasse a decisão, só se canta a primeira parte em todas as solenidades, em tudo. Ficou então o Hino Americano reduzido a meros 1 minuto e 15 segundos. Assim sendo o nosso Hino Brasileiro passa a ser 204% mais longo que o deles.

Na verdade a resolução do Congresso que definiu a canção The Star-Spangled Banner (A Bandeira Estrelada), escrita em 1814, como Hino Nacional data apenas de 1931. Ele havia sido reconhecido para uso oficial em 1889, mais em função de os Estados Unidos não terem um Hino que os representassem em solenidades. Li em algum lugar que ele estreou internacionalmente na Primeira Olimpíada da Era Moderna em 1896, em Atenas. 

Uma pausa para comentar a obsessão dos gringos para simplificar as coisas: Eu sempre fui curioso em saber a origem de palavras que tinha que empregar. Em particular quando morei lá tentei encontrar o por que deles chamarem o nosso Futebol de Soccer. A resposta foi simples: Soccer é a abreviação de Association Football. Como eles já tinham por lá o Football (que por sinal pouco uso faz dos pés), ao importarem o Inglês tiveram que chamá-lo de Association Football. Os jornais se encarregaram de simplificá-lo em sequência:

                 Association Football > Assoc Football > Assoc > Soccer

A interpretação do hino é totalmente livre. Não há regras, muito menos leis. Whiney Houston, Beyonce, Lady Gaga, Demi Lovato, Adriana Grande, Fergie, John Legend, Jackie Evancho (a Garota Prodígio que cantou na posse de Trump), todas as celebridades já deram a sua releitura na Bandeira Estrelada, sem sofrerem por isso qualquer tipo de censura.  

Já o Hino Nacional Brasileiro é um dos quatro símbolos oficiais da República Federativa do Brasil, conforme estabelece o artigo 13 da Constituição. Os outros 4 são a Bandeira Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional. A letra e o ritmo definitivos, usados agora, datam de 1917. Meu Pai, nascido em 1911, costumava reclamar do novo ritmo e da nova letra, preferindo a versão antiga datada de 1831. 

Vejamos o que diz a Wikipedia sobre a Lei 5.700 de 1971, a Lei dos Símbolos Nacionais do Brasil, a respeito do Hino: 

Durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio. Civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações. Além disso, é vedada qualquer outra forma de saudação (gestual ou vocal como, por exemplo, aplausos, gritos de ordem ou manifestações ostensivas do gênero, sendo estas desrespeitosas ou não).
Segundo a Seção II da mesma lei, execuções simplesmente instrumentais devem ser tocadas sem repetição e execuções vocais devem sempre apresentar as duas partes do poema cantadas em uníssono. Portanto, em caso de execução instrumental prevista no cerimonial, não se deve acompanhar a execução cantando, deve-se manter, conforme descrito acima, silêncio.
Em caso de cerimônia em que se tenha que executar um hino nacional estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.

Execução semanal em escolas de ensino fundamental

Em 2009 o Congresso Nacional aprovou e foi sancionada a lei 12.031 que incluiu o parágrafo único no artigo 39 da Lei dos Símbolos Nacionais, tornando obrigatória a execução do Hino Nacional, uma vez por semana, nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental.
Quer dizer que desde 2009 é obrigatória a execução do Hino Nacional em todas as escolas do ensino fundamental? 

Em 1949, com 5 anos de idade, tive a alegria de, numa segunda feira, iniciar a minha trajetória de quase 20 anos de estudos cantando o Hino Nacional na Escola da Professora Elza Paes, em Abaetetuba, Pa, onde meu Pai era o médico do SESP (Serviço Especial de Saúde Pública). Esse ritual de repetiu em 1953 no Colégio Nossa Senhora Aparecida em Manaus, em 1955 no Ateneu Dom Bosco em Goiânia, e em 1959 no Colégio São Francisco de Assis em Anápolis.Sempre cantando o Hino às segundas. O civismo era digamos que espontâneo, sem nenhuma obrigação legal. 

Mas voltemos à situação atual, em que se inicia uma jornada complicada na tentativa de devolver ao ensino básico, além de uma competência que se perdeu por puro desleixo, um sentimento de cidadania que está se traduzindo em termos que conviver em uma sociedade que se encontra totalmente sem rumo. 

A providência a ser tomada pela autoridade responsável no que tange ao quesito civismo poderia se iniciar com uma portaria que fosse de uma simplicidade tal que, respeitando a liberdade religiosa, o interesse do Estado e não dos Governantes, e também o Estatuto da Criança, se resumisse a:

A partir deste início de ano letivo, em todo o país, restitui-se a obrigatoriedade legal da execução do Hino Nacional em todas as escolas do ensino fundamental.

Mas não. Se "eles" fizeram o que fizeram com a Escola Brasileira, cabe a nós agora mudarmos a direção da ideologia. O raciocínio em nada difere do anterior, apenas com a mão invertida. A coisa chegou ao ponto de um slogan de campanha vencedor vir a fazer parte do pacote:

Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

Até mesmo o Movimento Escola sem Partido sentiu o golpe e reagiu da mesma forma que reagia no período anterior, alegando que "a ideologia estava apenas trocando se direção, da esquerda para a direita". Com essa trapalhada o objetivo principal, que era restituir o civismo no ensino fundamental, se viu imediatamente sob suspeição, e a oposição se viu livre para argumentar que isso pode nos conduzir igualmente a uma sociedade que não aceita diferenças. O estrago foi tamanho que apenas o filho nº 3 defendeu publicamente a medida. Dez Governadores inclusive declararam que não iriam cumprir a recomendação. Graças à presença no Governo de pessoas experientes e responsáveis,  essa iniciativa não progrediu.

A meu ver o que deveria ter sido ventilado seria que, já que existe uma lei, que nós criamos leis para tudo, talvez fosse o caso de aperfeiçoá-la para tornar mais fácil o processo de devolver cidadania às crianças. 

Já que estamos passando por uma fase em que é incentivado o espelhamento nos nossos irmãos do Norte, que tal começarmos por permitir que o nosso Hino pudesse ser cantado pela metade? A lei já permite isso na execução instrumental, então seria permitido que cantássemos apenas a primeira parte. Com isso a sua duração cairia de 3 minutos e 48 segundos para algo em torno de 2 minutos, e o jovem teria que decorar não mais 250 palavras mas apenas 122. 

Isso traria uma vantagem adicional de o nosso país vir a deixar de estar "deitado eternamente em berço esplêndido" e talvez viesse a mais rapidamente acordar. A informalidade com que os Americanos executam o seu Hino certamente faz com que ele seja melhor aceito e apreciado, e isso pode se repetir por aqui.

São opiniões de um velho que cantou o Hino em todo o seu ciclo fundamental, mais ainda nos dois últimos anos cursados na EPCAr em Barbacena, que ama o seu Hino mas entende que ele pode se tornar mais atrativo se for encurtado em seu tamanho, modernizado. 




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