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Por uma Terceira Via - 3

 "O retorno ao passado ou ficar refém desse presente desastrado, desastroso, não são alternativas".

Recorri ao bom senso e à moderação de Marina Silva para expressar o me levou a iniciar essa série de Posts, dedicados a tentar convencer aqueles que leem esses rascunhos a tomar uma decisão pragmática, não ideológica nem emocional, no primeiro turno das eleições do ano que vem. Prioridade sempre foi a minha palavra preferida, talvez disputando de perto com Procedimento, mas ambas se aplicam no meu raciocínio no que tange a estratégia que estou propondo: Votar no que for capaz de evitar o passado recente e o presente.

Tenho recebido nos comentários do Post, no WhatsApp, no e-mail, argumentos perfeitamente válidos, mas não levam em conta o foco principal (evitar o passado recente e o presente). Vejamos alguns dos argumentos:
  • Uma amiga de Goiânia declarou: "Concordo que o Governador de Minas seria um ótimo candidato, só que o objetivo de expor minha opinião nesse assunto dessa forma é meu inconformismo em ter que permitirmos mais 4 anos tanto a Lula quanto a Bolsonaro. Meu bolso e minha consciência não aceitam isso. Um abraço".
  • Outro amigo de São Paulo, que conheço há 60 anos, escritor, disse: "Minha favorita é a Simone Tebet. Fico com o lugar-comum, o tempo dirá. Acredito na viabilidade de uma terceira via desde que não haja uma multidão de candidatos".
  • Mais um grande amigo, de Serra (ES), declarou que Ciro "é honesto e anti corrupção de forma até apaixonada. Um cara que ama o Brasil e não se comporta como uma ameba racional".
  • Mais um grande amigo de 60 anos: "Compartilho da sua ansiedade mas não me arrisco na elaboração de alternativas".
E por aí vai. Concordo antecipadamente com o fato que todos têm suas preferências, válidas, só que elas são muitas. Assim não vamos conseguir que um nome diferente de Lula e Bolsonaro vá para o segundo turno; Esse tem que ser o nosso objetivo, Prioridade e Procedimento. Mas vamos ao que interessa:

A Pesquisa Nacional da Sensus realizada no fim de novembro com 2.000 eleitores não fez mais que confirmar a polarização entre Lula e Bolsonaro; No voto estimulado temos:

    Lula: 42,6%                            (50,2% dos votos válidos)
    Bolsonaro: 24,2%                   (28,5% dos votos válidos)
    Sérgio Moro: 7,5%                 (8,8% dos votos válidos)
    Ciro Gomes: 5,3%                 (6,3% dos votos válidos)
    João Dória: 1,8%                    (2,1% dos votos válidos)
    Simone Tebet: 1,2%               (1,4% dos votos válidos)
    Mandetta: 1,0%                      (1,2% dos votos válidos)
    Rodrigo Pacheco: 0,3             (0,4% dos votos válidos)
    D'Ávida: 0,2%                         (0,2% dos votos válidos)
    Alessandro Vieira: 0,1%         (0,1% dos votos válidos)
    Brancos, nulos, etc.: 16,2%

As alternativas para o segundo turno são:

Lula e Bolsonaro: 55,1% x 31,5%
Lula e João Dória: 55,5% x 14,1%
Lula e Sérgio Moro: 53,3% x 25,0%

Um dado importante é a rejeição dos candidatos:

    Bolsonaro: 59,2%
    João Dória: 52,8%
    Sergio Moro: 48,7%
    Ciro Gomes: 48,0%
    Lula: 37,6%

Segundo Ricardo Guedes, presidente da Sensus, 40% de rejeição é o máximo aceitável para se viabilizar um candidato. Isso porque se 20% do eleitorado votar branco ou nulo, o candidato com >40% de rejeição se inviabiliza no 2º turno. Com esse raciocínio e as intenções de voto acima, hoje Lula se elegeria, logo esses índices de rejeição têm que mudar para que possamos ter alguma chance, já que só Lula responde bem a essa limitação.

A boa nova da pesquisa é que 61,9% dos entrevistados afirmaram que votariam em um candidato que não fosse Lula nem Bolsonaro, mas hoje a escolha recai sobre os dois porque os candidatos da 3ª via ainda não convenceram. Com Lula + Bolsonaro somando mais de 60% e com brancos, nulos e abstenção em 20%, restam hoje mais ou menos 20% para a terceira via.

As probabilidades da 3ª via crescer se baseiam em alguns fatores importantes:
  • Avaliação do governo Bolsonaro
  • Avaliação pessoal de Bolsonaro:
  • Avaliação da Política Econômica 
  • Democracia ameaçada
  • Bolsonaro e a Covid
  • Avaliação da Educação
Passemos agora à avaliação das chances das alternativas que temos:
  • O crescimento de Sergio Moro provêm exclusivamente de bolsonaristas arrependidos. Somando as intenções de voto atuais dos dois temos 31,7%, que são exatamente os 32% dos votos que Bolsonaro teve no 1º turno. Nenhum eleitor do Lula vai debandar para Bolsonaro, que é odiado por todos eles. Sua estratégia é corroer a base bolsonarista mais distante da extrema direita, esquecer que Lula e Ciro existem por enquanto, e estender seu ataque aos miúdos.
  • Ciro para mim é uma espécie de Moro de Lula. Em que pese o fato dele ser talvez o mais preparado de todos, levá-lo para o segundo turno é criar a missão impossível dele ter que ganhar de Lula na final..
  • A "restante" Terceira Via sem Moro e Ciro fica assim reduzida a menos de 5% hoje. Então vai chegar a hora em que os eleitores vão perceber que nenhum deles tem a menor chance. Entendo que aí o que ocorre é uma disputa para ser o Vice de Moro.
Conclusão: Em que pese o fato de eu considerar Moro uma espécie de bomba nuclear (plagiando Paulo Guedes) no relacionamento futuro com o Congresso e com o STF, acho que ele é o único que reúne chances de ir para o segundo turno contra Lula. Hoje ele não ganharia, mas temos tempo pela frente para mudar esse quadro. Lula mesmo vai nos ajudar se continuar com esse discurso radical de comparar Daniel Ortega com Angela Merkel, negar a existência do mensalão e do petrolão como quem nega o holocausto, dizer que a Lava Jato foi uma conspiração dos gringos, desancar a responsabilidade fiscal, etc.

Quem viver verá.

Feliz Natal e um bom 2022 para todos nós


    


    

Comentários

  1. Não gostaria de revelar o meu candidato à 3ª via, pois não deve ganhar de Lula.

    Sensacional a frase: Ciro para mim é uma espécie de Moro de Lula.

    Próspero Ano Novo, evitando, dentro do possível e do razoável, a polarização política. Abraço a todos os cépticos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amigo Moura
      A mensagem do Post é clara: No primeiro turno se deve votar no candidato que tiver maior probabilidade de vencer essa dupla (Lula e Bolsonaro) no segundo turno. O candidato que mais me agrada, infelizmente, no meu entender não e capaz de ganhar do Lula no segundo turno, mas se ele chegar ao primeiro turno á frente dos outros, paciência.

      Excluir

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