A discussão é uma forma de vendermos o nosso entendimento das coisas, na esperança de arrebanhar adeptos para ele. Para tanto lançamos a nossa opinião sobre um assunto e aguardamos o efeito que ela faz. Hoje em dia isso está se tornando uma missão quase impossível, porque se tornou lugar comum sermos impedidos de levar o nosso raciocínio em frente, com interrupções constantes, que são a arma utilizada para nos desqualificar de antemão, nesse ambiente tóxico que estamos vivendo. O ideal a meu ver seria voltarmos à velha fórmula de comunicação via rádio, em que nossas falas terminariam com a palavra "câmbio", a qual seria uma autorização para passarmos a palavra para outra pessoa.
Mas vamos tentar encarar o assunto proposto neste Post: o Agronegócio. Minha intimidade com ele é tão pequena que eu mesmo me desautorizaria a dar opinião. Isso em termos, porque entendo que existem dois ingredientes que formam a opinião: o conhecimento e o interesse. O conhecimento é a ingrediente positivo, que dá valor à discussão, e o interesse é o ingrediente negativo, porque transforma a discussão num assunto pessoal. Como meu interesse no agronegócio é distante e se resume a ver os preços no supermercado, ele em parte compensa o meu pouco conhecimento, que eu tentei melhorar procurando dados que viessem a ser apresentados aqui, na esperança de conquistar corações e mentes para a minha OPINIÂO.
Minha procura pelos dados a respeito do assunto que quero apresentar foi complicada. Havia várias fontes, que divergiam quanto ao volume dos diferentes tipos de produtos, em parte porque esses volumes oscilam com o ano em que foram medidos. Resolvi então apelar para a nova ferramenta que a Microsoft acaba de disponibilizar: o chatbot com inteligência artificial ChatGPT. Toda a informação referenciada daqui para a frente foi tirada desta ferramenta, cuja única restrição foi afirmar que os dados nela constantes estão limitados até o ano 2021.
Vou dar um exemplo. Fiz ao Chat a pergunta: Qual a produção mundial de grãos? A resposta que o Chat deu foi:
A produção mundial de grãos varia a cada ano, mas de acordo com
dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO), a produção total de grãos no mundo foi de cerca de 2,7 bilhões de
toneladas. Essa produção é composta por diversos tipos de grãos, como arroz,
trigo, milho, cevada, aveia, sorgo, entre outros.
Fica então combinado que tudo o que estiver escrito em azul daqui pra frente são cópias de respostas do ChatGPT. Outra informação importante eu já tinha tirado da Wikipedia: A população de cada país mencionado aqui. Temos então:
Os maiores produtores de grãos do mundo variam de acordo com a safra e o
ano, mas de acordo com dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), os cinco principais produtores de grãos do
mundo foram:
- China - produção de cerca de 664 milhões de
toneladas
- Estados Unidos - produção de cerca de 384 milhões de toneladas
- Índia - produção de cerca de 307 milhões de
toneladas
- Brasil - produção de cerca de 288 milhões de toneladas
- Rússia - produção de cerca de 135 milhões de
toneladas
Vale ressaltar que
a produção de grãos varia amplamente de país para país e depende de uma
variedade de fatores, como clima, tecnologia agrícola, políticas governamentais
e outros fatores.
MILHO - Entre todos os grãos o milho é de longe o que tem o maior volume de produção:
Os maiores produtores de milho do mundo variam de acordo com a safra e o
ano, mas de acordo com dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), os cinco principais produtores de milho do
mundo foram:
- Estados Unidos - produção de cerca de 364
milhões de toneladas
- China - produção de cerca de 266 milhões de
toneladas
- Brasil - produção de cerca de 98 milhões de
toneladas
- União Europeia - produção de cerca de 61
milhões de toneladas
- Argentina - produção de cerca de 50 milhões de
toneladas
Vale ressaltar que o milho é um dos grãos mais importantes na produção de alimentos em todo o mundo, sendo utilizado na produção de uma grande variedade de alimentos, desde rações para animais até produtos alimentícios para humanos. A produção varia de acordo com uma variedade de fatores, como clima, tecnologia agrícola, políticas governamentais e outros fatores. Além disso, existem diversas variedades de milho, que são utilizadas para diferentes fins, como a produção de milho verde, milho para pipoca, milho para grão, entre outros.
Os maiores produtores de arroz do mundo variam de acordo com a safra e o
ano, mas de acordo com dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO), os cinco principais produtores de arroz do mundo foram:
- China - produção de cerca de 148 milhões de
toneladas
- Índia - produção de cerca de 117 milhões de
toneladas
- Indonésia - produção de cerca de 36 milhões de
toneladas
- Bangladesh - produção de cerca de 35 milhões
de toneladas
- Vietnã - produção de cerca de 28 milhões de
toneladas
Vale ressaltar que
o arroz é um alimento básico em muitos países, e que a produção varia de acordo
com uma variedade de fatores, como clima, tecnologia agrícola, políticas
governamentais e outros fatores. Além disso, o arroz é cultivado em diversas
variedades e para diferentes usos, como arroz branco, arroz integral, arroz
para sushi, entre outros.
Os maiores produtores de feijão do mundo variam de acordo com a safra e
o ano, mas de acordo com dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), os cinco principais produtores de feijão do
mundo foram:
- China - produção de cerca de 9,4 milhões de toneladas
- Brasil - produção de cerca de 3,3 milhões de
toneladas
- Índia - produção de cerca de 1,6 milhões de
toneladas
- Estados Unidos - produção de cerca de 1,5 milhões de toneladas
- Myanmar - produção de cerca de 1,2 milhões de toneladas
Vale ressaltar que
o feijão é um alimento básico em muitos países, e que a produção varia de
acordo com uma variedade de fatores, como clima, tecnologia agrícola, políticas
governamentais e outros fatores. Além disso, existem diversas variedades de
feijão, como o feijão preto, feijão carioca, feijão fradinho, entre outros, que
são consumidos em diferentes regiões do mundo.
Os maiores produtores de trigo do mundo variam de acordo com a safra e o
ano, mas de acordo com dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), os cinco principais produtores de trigo do
mundo foram:
- China - produção de cerca de 136 milhões de
toneladas
- Índia - produção de cerca de 106 milhões de
toneladas
- Rússia - produção de cerca de 85 milhões de
toneladas
- Estados Unidos - produção de cerca de 52
milhões de toneladas
- França - produção de cerca de 31 milhões de toneladas
Os maiores produtores de soja do mundo variam de acordo com a safra e o
ano, mas de acordo com dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), os cinco principais produtores de soja do
mundo foram:
- Brasil - produção de cerca de 141 milhões de toneladas
- Estados Unidos - produção de cerca de 118 milhões de toneladas
- Argentina - produção de cerca de 50 milhões de
toneladas
- China - produção de cerca de 17 milhões de toneladas
- Paraguai - produção de cerca de 10 milhões de toneladas
Vale ressaltar que
a soja é uma cultura agrícola importante em muitos países, e que a produção
varia de acordo com uma variedade de fatores, como clima, tecnologia agrícola,
políticas governamentais e outros fatores. Além disso, a soja é uma cultura
agrícola importante devido a sua utilização na produção de diversos produtos,
como óleo de soja, farelo de soja, tofu e outros alimentos.
Já que esta estamos totalmente envolvidos ne mercado internacional da soja, é conveniente saber como funciona este mercado. Primeiro é bom saber que a China já foi o maior produtor mundial de soja, Hoje 60% das exportações mundiais de soja são destinadas à China. Segundo o jornal Read China, esta inversão se deveu ao envolvimento do capital internacional na manipulação da cadeia de produção, abastecimento e comercialização da soja. De alimento, a soja foi transformada em um instrumento para enriquecer as multinacionais de commodities agrícolas.
A China cultiva a soja há mais de 4.000 anos, e até a Segunda Guerra mundial respondia por 90% da produção global. No início do século XVIII ela começou a ser cultivada na Europa, e em 1765 foi introduzida nas colônias americanas, mas apenas em 1940 o seu cultivo se acelerou, e em 1961 os EUA ultrapassaram a China na produção mundial. Na América do Sul o cultivo da soja se intensificou no final de década de 1960, e em 1974 o Brasil ultrapassou a China.
O causador desta mudança drástica foi o envolvimento do capital internacional. A soja deixou de ser apenas um alimento rico em proteínas para se tornar uma mercadoria capaz de gerar grandes lucros, por se tratar de um grão adequado ao cultivo intensivo em grande escala. Atualmente a produção de soja está concentrada no Brasil, Estados Unidos, Argentina, China e Paraguai. Juntos eles contribuem com 85% da produção mundial. No entanto o consumo da soja é global, e os principais produtos derivados dela são o óleo e o farelo de soja. Os bilhões de pessoas e animais que vivem em países que não os quatro acima (mas principalmente a China que é o maior importador) são totalmente dependentes de uma cadeia de produção, abastecimento e distribuição, e do investimento no cultivo, no comércio, no processamento e no consumo.
As quatro maiores multinacionais de grãos são Archer Daniels Midland (ADM), a Bunge, a Cargill (as três americanas) e a Louis Dreyfus (francesa). Essas quatro, conhecidas como as ABCDs, controlam 80% do volume mundial de grãos (90% do volume de soja). A rigor não existe competição entre elas, mas sim cumplicidade, a qual se estende a todos os segmentos da linha de produção, o que inclui as empresas de biotecnologia, pesticidas, sementes e fertilizantes.
Essa cumplicidade resulta no fechamento total do mercado. A concorrência é praticamente inexistente e o preço é preestabelecido em todo o processo comercial. Os ganhos resultantes são enormes, e em 2021 a receita operacional conjunta dos ABCD totalizou perto de US$ 330 bilhões. Essas gigantes não se envolvem diretamente no cultivo da soja, mas controlam a sua produção concedendo empréstimos sob a forma de pagamento antecipado, e construindo estruturas de transporte. A chave do negócio é comprar o volume quase total da soja produzida no globo a preços baixos e o revender no mercado futuro ao preço que quiserem, por terem o controle total do estoque. Quando for necessário esmagar um eventual concorrente elas abaixam o preço artificialmente, aplicando o dumping.
O resultado dessa operação conjunta é a posse de toda a informação referente à commodity soja. As ABCDs possuem agências em todo o mundo e operam dando suporte a todas as decisões de compra e venda. O resultado desse processo é um enorme spread entre o preço do início da cadeia e o preço final de venda. Porém uma coisa que não pode ser ignorada é o impacto dessa operação no ambiente ecológico. Aqui no Brasil o rápido crescimento da produção da soja tornou-se uma das causas do desmatamento.
É evidente também que o oligopólio da produção de grãos necessariamente vai acarretar um problema social, como consequência da substituição de pequenas fazendas por latifúndios com foco na monocultura exportadora. No Brasil a soja foi produzida no início em pequenas fazendas de até 50 hectares, mas nos últimos anos começaram a surgir as grandes fazendas com até 50 mil hectares. Com isso a propriedade da terra se concentrou nas mãos de grandes investidores, o que acarretou em desemprego no campo, porque as pequenas propriedades empregam em média um trabalhador para cada 8 hectares, enquanto as grandes propriedades empregam um trabalhador para cada 200 hectares.
MINHA OPINIÃO
O Brasil exporta cerca de 67% da sua produção de soja. Já a China produz 17 milhões de toneladas de soja de soja das 116 milhões que consome (apenas 15% do que consome). Ela tem algo como 1,4 bilhão de pessoas, então seria o caso de dizer que cada chinês consome 126/1,4 = 90 kg de soja por ano, ou 247 gramas por dia (?). De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, a China importou em 2020/2021 o recorde de 100 milhões toneladas de soja, e isso coincidiu com uma restauração significativa do seu rebanho suíno, o maior do mundo, que passou por uma epidemia de peste suina.africana (PSA). Ou seja, os chineses importam a soja para alimentar os seus porcos. De janeiro a junho de 2022 a China importou 35 milhões de toneladas de soja do Brasil (isso em 1/2 ano!).
Como já disse inicialmente, estou envolvido nesse assunto mais por curiosidade, e já declarei meu desconforto em abordar um assunto do qual não tenho o que chamaria de visão do motociclista, que tem que enxergar os buracos do chão e os veículos à frente. Não sei nada a respeito do plantio de grãos ou os buracos no chão, mas para mim um país que se diz celeiro do mundo, se tem que importar arroz, feijão e trigo, não está com a estratégia correta.
Também não defendo de forma alguma uma interferência do governo naquilo que o agricultor deve plantar, mas temos que concordar que o que está acontecendo na América do Sul e em particular no Brasil é algo pior que isso, é o domínio total do Grande Negócio Agrícola na cadeia de produção de grãos. Em 16 anos o Brasil perdeu 44% da área de plantio de arroz, e no mesmo período a da soja cresceu 86%. Juntos o arroz e o feijão perderam 30% da sua área de plantio.
Ser auto suficiente em arroz e feijão a meu ver devia ser uma questão de segurança alimentar aqui no Brasil, e a China, a Índia, os países que comem arroz, sabem muito bem disso e praticam suas políticas de acordo com as suas necessidades. Mas então o que fazer se as mega fazendas então aí, são a nossa realidade atual?
Existe uma região que é muito criticada pela sua estratégia, mas que eu entendo que tomou a atitude certa: a União Europeia. Sua agricultura se baseia no pequeno tamanho das propriedades, com as posses pertencendo a famílias. O tipo de produção agrícola é definido pelas diferenças climáticas lá existentes, e a agricultura é altamente subsidiada diretamente pelos governos aos agricultores.
A agricultura por lá é regida pela chamada Política Agrícola Comum (PAC), e visa a manutenção do abastecimento dos produtos alimentícios básicos, conter o êxodo rural e o crescimento das cidades, e controlar os recursos naturais e a preservação do meio ambiente. O objetivo principal é garantir a autossuficiência na produção de alimentos, diminuir a dependência das importações e manter a estabilidade do mercado interno.
Em resumo, é um mercado praticamente fechado, e isso é motivo de críticas principalmente das nações africanas, que alegam capacidade de fornecer grãos a custos menores que os subsidiados pelos europeus. Mas aí entre a questão da segurança alimentar.
O que eu entendo que o Brasil podia aprender dessa estratégia seria fazer uma distinção entre a política para o Grande Agronegócio, dominado pelas ABCDc, e a política para o agronegócio familiar, definindo objetivos que seriam oferecidos a esses agricultores com incentivos suficientes para a manutenção de seu patrimônio tão ameaçado.
UM ESCLARECIMENTO
Quem se atreveu a ler esses rascunhos deve ter estranhado a pintura da Lagoa Rodrigo de Freitas com o qual iniciei este Post. Meu Neto estava me visitando enquanto eu colhia informações do ChatGPT, e resolveu brincar com o Dall-E-2, que junto com o ChatGPT formam a OpenAI da Microsoft.
Ele pediu ao Dall-E-2 que fizesse um quadro do Rio de Janeiro como se fosse pintado por van Gogh. A ferramenta lhe devolveu a pintura acima. Um amigo meu pescador pediu ao mesmo Van Gogh uma pescaria:
Fonte, um comentário: o chatGPT e o Dall-E são da OpenAI, que tem entre seus principais financadores a Microsoft e o Elon Musk. A Microsoft está alterando seu sistema de buscas (Bing) para usar o chatGPT. Muito bom seu texto
ResponderExcluirGrato pela correção. Aliás foi você quem me encaminhou e ao meu neto para esta ferramenta.
Excluir👍
ExcluirMuito bom Fontenelle. De fato temos que abrir os olhos para as monoculturas. Elas fazem balanço financeiro nas importações x exportações, mas não garantem a autonomia alimentar. Tema para muito debate e como você mencionou no inicio, se não debatermos não sairemos do lugar. Parabéns pelo uso da tecnologia da inteligência artificial na busca de informações. Vai virar um craque.
ResponderExcluirÈ bom saber que meu amigo compartilha da minha opinião. Em termos de segurança a nossa política agrícola é nula, e temos que prestar atenção a esse detalhe.
ExcluirMuito interessante, atualizada e profícua a análise do Mestre Fontenelle. Tenho iniciado lentamente com a utilização da AI. Concordo plenamente com a assertiva de que: um país que se diz celeiro do mundo, se tem que importar arroz, feijão e trigo, não está com a estratégia correta. Produção e a gestão de grãos são coisas pra gente grande, e, o Brasil está buscando a liderança.
ResponderExcluirSensacional. A ousadia de escrever sobre assuntos que não domina é reservada aos inteligentes. Usar IA ainda é um desafio instigante. Obrigado, mais uma vez.
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