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Um Americano que conhece a China

Peter Hessler é um escritor e jornalista Americano que já escreveu vários livros sobre a China:

1 - River Town: Two Years in the Yangtze, é um livro de memórias de 2001, que fala de sua missão de ensino como membro do Corpo de Paz em um colégio em Fuling, Sichuan/Chongqing, a qual durou dois anos, de 1996 a 1998.

2 - Oracle Bones, onde ele explora o lado humano das transformações da China, observando a China atual e seus laços crescentes com o mundo Ocidental. Isso levou a China, que era vista como um lugar onde nada mudava a se transformar na região mais dinâmica da terra.

3 - Strange Stones, um livro de histórias onde ele leva os leitores a restaurantes do sul da China que servem ratos, mostra um perfil de Yao Ming, o famoso jogador de basquete chinês, fala de David Spinder, um historiador apaixonado pela Grande Muralha, escreve a respeito de um farmacêutico de um pequena cidade e seu relacionamento com as pessoas que o procuram.....

4 - Country Driving, foca na economia e no desenvolvimento da China, mostrando como o crescimento da indústria automobilística ajuda a China na mudança de rural para urbana, de agrícola para empresarial.

5 - Other Rivers, A Chinese Education, onde ele retorna ao local onde ensinou inglês vinte anos atrás, com sua esposa e filhas gêmeas, as quais são matriculadas em uma escola local. Hessler tinha mantido contato com muitas das pessoas com as quais tinha convivido nos anos 1990, agora todas na casa dos 40.

Fuling hoje

Em 1996, quando chegou à China pela primeira vez, praticamente todas as pessoas da classe onde iria ensinar inglês eram a primeira geração de estudantes da sua família. Eles pertenciam a grandes famílias rurais e seus pais, agricultores de subsistência, tinham muito pouco a contribuir para o ingresso de seus filhos no "novo mundo". Em 2019, quando Hessler chegou a Universidade de Sichuan, encontrou uma China muito diferente, e um novo tipo de estudante: uma criança cuja escolarização era o grande objetivo por parte dos pais muito mais interessados.

Na Universidade de Sichuan encontrou muitos jovens que tinham uma sensação de ironia a respeito do regime chinês, mas em sua maioria controlavam suas restrições com serenidade, aceitando as oportunidades que o crescimento chinês proporcionava. Porém as pressões da competição extrema eram extenuantes, mesmo para os mais jovens, o que incluía as filhas de Hessler, que lhe deram uma visão intimista das suas experiências na sua escola local.

Para Peter Hessler a educação chinesa é o veículo perfeito para o exame do passado, do presente, e do futuro da China, e para aprendermos o bom e o ruim dela. Num momento em que a retórica anti-chinesa cresce nos Estados Unidos, Hessler oferece uma visão diferente que só quem mergulhou nela com sua família é capaz de dar. 

Vou fazer aqui algumas comparações:

1 - Sérgio Habib é o presidente da JAC no Brasil, e possui uma longa experiência no setor automotivo, e tem um forte conhecimento da China. Seu vídeo "NA CHINA NÃO PODE!" fez sucesso ao mostrar sua visão da China, enfatizando o mercado de carros elétricos e sua adequação ao mercado chinês. Para quem ainda não o viu considero uma boa oportunidade apresentá-lo aqui:


Este vídeo é muito interessante, mas é a visão do empresário à busca de oportunidades de negócio. Sérgio Habib a meu ver possui um enorme envolvimento com o sistema chinês, e com sua visão de homem de negócios traz um raio x adequado de quem tem uma boa visão bidimensional, a chamada visão da águia, aquela que está sempre à procura da presa.

2 - Keyu Jin é uma economista chinesa, filha de Jin Liqun, que foi vice ministro de finanças da China, e cuja carreira se iniciou como membro da Guarda Vermelha. Em seguida ficou 3 anos plantando arroz e estudando por conta própria, e se tornou professor. Com a reabertura das universidades em 1978 ele entrou num programa de mestrado e se graduou em Arte e Literatura Inglesa. Esteve na Universidade de Boston de 1987 a 1988 e lá estudou economia, bem como na Universidade George Washington. 

Esta e a trajetória do pai de Keyu Jin, que em geral é a mesma para todos os burocratas que chegam ao comando do executivo chinês. A carreira de sua filha seguiu na mesma direção e ela é hoje professora associada de Economia na London School of Economics and Political Science. Se graduou em Harvard e teve passagens pelo Banco da China e o Banco Mundial.

Seu livro "A NOVA CHINA" é leitura obrigatória para o entendimento da economia chinesa, por ser feito por uma pessoa que conhece como ninguém a burocracia do sistema chinês, e tem o outro pé no mundo ocidental como professora da talvez melhor escola de Economia do planeta.

3 - Peter Hessler: Sérgio Habib tem um enorme conhecimento da China em função dos negócios que toca, assim como eu entendo que Keyu Jin nasceu e se criou dentro da burocracia chinesa. Já Peter Hessler chamou a minha atenção a partir de uma entrevista que ele deu a Yascha Mounk, cientista político que eu sigo como assinante do seu site Persuasion.

Sua decisão de colocar suas filhas gêmeas em uma escola pública chinesa, de uma região que é mais conhecida pelos Pandas gigantes que abriga e pelos sabores fortes da sua comida, me fez lembrar a definição que a tenista Martina Navratilova deu ao ser perguntada por que ela se sobressaia tão mais que as outras tenistas. Sua reposta foi a que ela era committed (comprometida) com o tênis enquanto as suas colegas eram apenas involved (envolvidas). O repórter perguntou qual a diferença entre comprometida e envolvida, ao que ela deu o exemplo de que no presunto com ovos a galinha estava envolvida, mas o porco estava comprometido.

Colocar duas filhas num ambiente competitivo como uma escola pública do interior chinês onde, como bem disse Sérgio Habib, os alunos "estudam como cavalos" para alcançar uma posição melhor na hierarquia social chinesa, é uma decisão que vai muito além do envolvimento. 

Para Hessler é muito difícil descrever o modelo chinês, porque todos os outros modelos não são adequados a mostrar o que está ocorrendo na China. Não se trata de nada parecido com a Guerra Fria, já que você não tem um histórico de 300 mil russos estudando nos Estados Unidos, e muitos outros na Europa, para depois voltar à Rússia de forma voluntária. Então se trata de algo totalmente diferente, muito embora estejamos falando de um país de partido único, que de forma estranha vem se tornando inesperadamente mais autoritário.

Ao deixar a China em 2007, após 9 anos morando lá, na sua imaginação dentro de poucas décadas a China já teria criado alguma forma do que nós os ocidentais chamamos de Democracia. O que vemos no entanto é um governo mais autoritário que o do início dos anos 2.000.

Mas o que ele vê é que hoje os jovens estão muito mais conectados com o mundo exterior. Eles sabem muito bem a diferença entre o que a mídia mostra e aquilo que podem ver na Internet, e viajam em grande número para o exterior. Ou seja, vai chegar o dia em que serão eles que estarão no comando e esta será uma ocasião chave para a China. Hessler manteve contato com muitos dos seus alunos por cerca de 30 anos e eles leram tudo o que ele escreveu, e assim ele ao os entrevistar pode confiar naquilo que  pensam a respeito dos seus escritos.

Anos atrás ele perguntou a mais de 30 deles se eles usavam VPN* e apenas 1 respondeu que sim. Sua conclusão foi a de que, embora eles tenham se tornado pessoas muito mais instruídas que seus pais, eles ainda não estavam preparados para uma opinião objetiva a respeito do regime chinês. Já na sua volta em 2019 na Universidade de Sichuan ele viu que a quase totalidade deles usava VPN e sabiam como acessar todo o seu material configurado nos Estados Unidos. 

* VPN (Rede Privada Virtual) é uma rede de comunicações construída sobre uma rede de comunicações pública (Internet). Ela cria uma conexão segura e criptografada, uma espécie de túnel entre o seu computador e um servidor operado pelo serviço VPN. 

A explicação de Hessler dá para o governo chinês fazer vista grossa ao uso dessa ferramenta é que não interessa ao governo manter toda a China isolada, porque há um grande número de pessoas fazendo negócios com o mundo externo, e para isso se torna necessário o uso da VPN para abrir brechas no couraça firewall chinesa. Os jovens estão passando mais tempo fora da China e assim ficam a par de como funciona a Internet aberta, e assim sendo algo vai ter que mudar daqui pra frente.

Voltemos então a Fuling em 1996. Estamos falando de 29 anos atrás. Hessler fazia parte do terceiro grupo do Corpo da Paz enviado à China e Fuling era uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, que não tinha sequer um semáforo e seu acesso era feito apenas pelo rio Yangtze, em uma viagem que se iniciava em Chongqing e durava 8 horas.

Praticamente todos os alunos da escola pública onde Hessler ensinava eram da área rural e tinham apenas uma refeição por dia, e com isso eram magros de baixos. A revista Lancet fez um estudo com 200 países em 2020 e concluiu que a China foi o pais que teve o maior aumento de altura dos meninos em 35 anos, sendo que os homens subiram em média 8,5 centímetros este intervalo, e a altura das chinesas foi a terceira maior entre os 200 países analisados. A ideia de que a China tirou 800 milhões de pessoas aparece quando você volta a uma cidade como Fuling e vê essa diferença física nas suas crianças. A viagem a Fuling, que era feita em 8 horas de barco de Chongquing, passou a ser feita em 38 minutos em um trem de alta velocidade:

A foto da cidade de Fuling mostrada acima diz quão afortunada foi a nação chinesa nesse período. A cidade hoje conta com 1,1 milhões de habitantes. Mao Zedong morreu em em 1976 e Deng Xiaoping iniciou essas mudanças em 1978. Assim sendo os estudantes de Hessler cresceram com elas e elas fizeram parte de suas vidas. Quando conseguiram seus empregos a maior parte deles escolheu o magistério, isso em volta de 1997, com o salário anual em torno de US$ 500. Em 2014 esse salário já era de US$ 18.000, e em 2021 US$ 35.000. Uma quantia de dinheiro muito boa na China, e todos eles já tinham apartamento e ou carro.

Para os nossos padrões brasileiros a pessoa é considerada da classe média se tiver renda familiar per capita entre R$ 1.926 e R$ 8.303  por mês (IBGE). Então um professor que ganha US$ 35.000 por ano, ou R$ 16.300 por mês, necessariamente deveria se considerar da classe média, já que uma família chinesa jovem hoje tem em média 3 pessoas. No entanto, ao serem perguntados como descreveriam sua classe social na China, a grande maioria ainda se descreve como pobre, e a explicação para este posicionamento deve ser creditada ao muito curto período em que a mudança das suas vidas aconteceu. 

A China ainda não possui a tradição de possuir uma classe média, o que significa que, mesmo que as circunstâncias mudem, permanece a mentalidade de pobre e suas características sociais permanecem a de chineses rurais. Elas moram em agora grandes cidades, têm o estilo de vida das pessoas urbanas, dirigem automóveis, se vestem bem, seus filhos são para eles muito mais importantes, mas ao serem perguntadas sobre religião, dinheiro, as novas facilidades das quais dispõem, suas respostas ainda trazem consigo a experiência da pobreza na qual iniciaram suas vidas.

Na década de 1990 havia a doutrinação de uma geração que cresceu no marxismo, e qualquer menção a Deus, cristianismo, religião, por exemplo, era encarada por eles como uma bobagem. Vinte anos depois no entanto 82% das pessoas que Hessler entrevistou disseram acreditar em Deus, e 85% valorizavam os conceitos do budismo, o que sinalizou um retorno às heranças rurais. Mas a herança política permanece forte nesta geração. Vejamos por que:
  • Ao serem perguntados se a China deveria se tornar uma democracia multipartidária, a esmagadora maioria disse que não, com o argumento de que a China se saiu muito bem até agora, e isso não precisa ser mudado; nossas vidas melhoraram muito. Outras repostas foram:
  • A democracia multipartidária de vocês acaba de eleger o pior presidente de todos os tempos. Não queremos isso.
  • Já temos um partido corrupto. Não queremos mais nenhum outro.
Ou seja, já existe um certo cinismo sobre esses assuntos, mas essas pessoas ainda têm uma lembrança muito forte da situação anterior que viveram, e a perspectiva ocidental de provocar uma mudança agora, com o argumento de chegou a hora de criar uma sociedade mais equitativa e um sistema mais democrático, que seria natural para nós, ainda não é a perspectiva deles. A estabilidade do sistema atual foi o que permitiu o grande progresso que eles usufruem, então o questionamento ocidental, nesta geração, ainda carece de sentido. Eles até podem se sentir tentados a perguntar a nós ocidentais por que não experimentamos fazer as mudanças que eles fizeram. A mudança política ainda não é motivo de preocupação para esta geração.

Uma coisa que a mim chamou muita atenção foi que a média de apartamentos que Hessler declarou que cada chinês do seu relacionamento tinha chegava a 2,5. Ele dão deu explicação ao porque desse número que considero elevado. Minha esposa, que agora está lendo "A Nova China" de Keyu Jin citada acima, me forneceu uma explicação consistente que eu replico aqui.

Segundo Keyu Jin são necessários 40 anos de renda para se comprar uma casa em muitos lugares da China, cerca de 4 vezes mais que em outras partes do mundo. Com base nesses dados seria o caso do povo chinês optar pelo aluguel de apartamentos. Existem no entanto dois fatores que levam à opção pela compra de um imóvel:
  • O chamado Mercado Matrimonial. Segundo pesquisa do Shanghai Daily, 80% das mães chinesas de filhas jovens se opõem a que suas filhas se casem com alguém que não seja proprietário de uma casa. Isso leva a uma taxa de propriedade de moradia elevadíssima na China: 90% para as famílias urbanas, contra 65% nos Estados Unidos e 42% na Suíça.
  • O fato de que muitos compradores atuais terem nascido sob a política do filho único, a qual se iniciou nos anos 1980. Com isso surgiu o chamado Fenômeno das Seis Carteiras. Uma casal para comprar uma casa vai contar com as duas rendas do casal, mais as rendas dos pais do casal, num total de seis carteiras de poupança.
Então por enquanto fica claro que os jovens nascidos nos anos 70, que estiveram da faculdade nos anos 90, tinham como objetivo sair do campo, ser uma pessoa urbana, ser uma pessoa educada e melhorar no sentido material. A nenhum deles ocorreu querer mais liberdade, já que os desafios que eles tiveram que vencer tinham uma prioridade muito maior, e foram plenamente atendidos pelo regime político. Outra coisa a ser notada é que eles não tinham como recorrer aos pais para qualquer aconselhamento, já que nenhum pai fez o tipo de mudança que eles fizeram.

A questão a ser levantada de agora em diante diz respeito à geração posterior a essa. Os filhos dessas pessoas por enquanto possuem um sentimento com relação ao futuro bem otimista. No ano passado segundo Hessler ele estava em torno de 8 numa escala de 1 a 10, e a liberdade intelectual ainda não está no horizonte das suas prioridades. 

Isso mostra quão incomum é a China para as nossas avaliações. O partido está no poder desde 1949 e o seu líder atual, Xi Jinping, nasceu em 1953, e passou por todas essas mudanças desde o seu nascimento. Ou seja, para todos os chineses essas mudançasa são parte do que eles são e para eles é fácil lidar com tudo isso.

O que leva Hessler a concluir que a educação foi o ingrediente maior nessa receita chinesa foi o fato de praticamente toda esta geração ter sido preparada para ser educadora. E uma comparação entre o esforço de um chinês e um americano para entrarem na universidade nos dias atuais é gritante. O que temos hoje é o seguinte:
  • SAT (Scholastic Assessment System), é um exame padronizado usado pelas universidades americanas como parte do processo de admissão para  os cursos de graduação. É comparável ao nosso ENEM, mas existem outros fatores que as universidades consideram além da pontuação no SAT, tais como histórico escolar, atividades extracurriculares, cartas de recomendação e redação. Na prática o SAT é parecido com um teste de QI, na forma de múltipla escolha.
  • GAOCAO (Exame Nacional de Admissão à Faculdade), é o exame de acesso ao ensino superior na China, considerado um dos mais difíceis do mundo. Ele é descendente do Keju, o sistema da China Imperial que existe desde os anos 600, onde o acesso ao serviço público era baseado inteiramente neste exame. Ele não é somente um teste de QI, o que significa que uma pessoa muito inteligente que não se prepara para ele vai se dar muito mal. Assim sendo no último ano do ensino médio todos os alunos irão se preparar todos os dias da semana para o que o teste vai perguntar nos seus dois dias de duração.
Em 1996 os alunos de Hessler tinham uma aprovação de 8% neste exame e a faculdade para onde eles iam tinha 2.000 alunos. Em 2.004 esta faculdade já tinha 20.000 alunos, uma expansão de 10 vezes em seis anos, e isso foi feito em toda a China com qualidade. É claro que tudo começou com a escolha pelo Partido dos alunos que eram politicamente confiáveis. 

Entre os alunos de Hessler ele menciona um que escolheu chamar pelo nome inglês Mo. Ele era um monitor da turma por ser bom aluno, e era o filho mais velho de uma família rural. Mo foi educado e mandado de volta para a aldeia para educar os que ficaram, o que incluiu seus dois irmãos mais novos. Hoje Mo está na casa dos 40, continua no Partido e é administrador de uma escola pública em Chongquing, a grande cidade da região. E assim a maioria das pessoas de Hessler ensinou seguiu este caminho, mas houve alguns que por conta própria escolheram se tornar empreendedores. 

Se tornar um empreendedor na China nos anos 1990 era uma decisão extraordinária. Um de seus alunos, que ele chamou de Young, não  era um aluno excelente, voltou para a sua aldeia para ensinar e teve a ideia de criar por conta própria uma aula de digitação para depois do horário da escola. Comprou dois teclados e cobrava o equivalente da US$ 0,25 por hora. A escola não sabia como lidar com essa novidade e logo ele estava ganhando mais com o curso de digitação que com seu trabalho como professor. As aulas foram canceladas mas houve reclamação dos pais, e então um administrador concluiu que esse era o desejo de Deng Xiaoping, que eles aprendessem a "pular no mar dos negócios", e liberou o curso.

Young abriu então uma loja de celulares, e walkie-talkies, porque percebeu que as equipes de construção precisavam deles. Tornou-se um monopolista do mercado de walkie-talkies numa região que estava construindo a Represa das Três Gargantas. Em 25 anos ele retornou a Fuling, montou negócios de outdoors, sistemas de alarme, estacionamentos, e levou Hessler para jantar em seu Mercedes de US$ 150 mil. Ele fez tudo isso só, com a ajuda inicial que uma professora que lhe emprestou dinheiro para montar a loja de celulares, e que acreditou na energia de Young.

Vimos que os alunos de Hessler assumiam nomes ingleses: Mo, Young, Emily, etc. Para terminar este Post vamos ver o que aconteceu com Emily. Ela foi para Shenzhen, um lugar costeiro em plena expansão, e trabalhou em fábricas, com muito sucesso, aproveitando o grande crescimento inicial da indústria chinesa. A certa altura ela pensou melhor e decidiu sair do ambiente empresarial e voltou a lecionar. Este sentimento é cada vez mais aparente nos novos jovens chineses, que foram pobres mas não estão crescendo pobres e passam a se assumir como da "nova casse média". Segundo ela "estudar como louca para o Gaocao e trabalhar das 9:00 à 21:00 seis dias por semana não está mais no foco da minha agenda; há algo mais na vida". Hessler acredita que sua decisão foi muito influenciada pelo suicídio do seu irmão mais novo, que foi vítima do sistema escolar competitivo. 

E assim vemos a China aguardando a geração posterior a esta que Hessler tentou descrever. Vamos ver se nela vão exitir mais Youngs que Mos e Emilys. 

P.S. Um leitor postou dois vídeos que eu tive que anexar aqui para facilitar o seu acesso:


Comentários

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    1. Anexei seus dois vídeos ao corpo do Post para facilitar o seu acesso

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  3. Fontenelle, um bom resumo deste país misterioso que se tornou mais forte do planeta em parte pelo que você descreveu e também por muitas outras coisas, dentre elas, as sutilezas milenares. A pujança da China é um fato e precisa ser estudada e respeitada. Parabéns

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