Estava assistindo na GloboNews à entrevista de uma pessoa extremamente simpática, o imortal alagoano Ledo Ivo. Ele a certa altura disse que a mídia era em parte responsável por essa pobreza que grassa nas nossa língua portuguesa, talvez até em todas as línguas. Deu como exemplo o uso do verbo "patinar" no lugar de "patinhar". Uma candidatura, um time, não "patina", ele "patinha", anda como pato. Se uma candidatura "patinasse" ela iria muito bem.
Pois bem, enquanto aguardava no aeroporto de Goiânia que a minha sina decorrente do apagão em Viracopos fosse resolvida, comprei o livro "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia - Ensaio de Ironia", de Luiz Felipe Pondé. Foi dessa leitura que eu resolvi fazer esse Post.
Eu concordei com tudo o que li, logo, o seu conteúdo para mim é irrepreensível. Só achei que a forma como ele foi escrito a mim pareceu precipitada. Ele merecia uma revisão mais apurada. Vou citar dois exemplos:
O mesmo se dá com a Democracia. Ela se suporta sobre duas pernas de pau: a Liberdade e a Igualdade, conforme muito bem demonstrado por Pondé, e é papel do governante fazer com que esses dois suportes sejam exatamente do mesmo tamanho. Não é tarefa fácil, já que eles são antagônicos.
Quando um governante exacerba o suporte Igualdade, ele não tem como não diminuir a importância da Liberdade, e vice versa. A coisa fica dramática quando existe na sociedade uma polarização irreversível, como está acontecendo nesse instante na sociedade americana, em que um partido pende para um lado, a Liberdade, e o outro partido pende para o outro, a Igualdade (de forma menos radical). Falar em Democracia numa situação como essa é a meu ver pura hipocrisia.
Essa situação se tornou aguda com a eleição de Obama, um negro. Não se pode negar que a sua visão na mídia traz a mensagem do que ele representa: o gradual crescimento das minorias negras e hispânicas na sociedade americana, a ponto de se estimar que em 2050 os Estados Unidos se tornarão um país "não branco" (aqui se considera que os hispânicos não são brancos puros, um preconceito). Os brancos já são minoria na Califórnia, o estado mais importante da União.
Nem sempre as coisas foram assim. Os negros, originalmente, eram republicanos, porque esse era o partido de Lincoln, que assumiu uma guerra civil para libertá-los. Mas eles não podiam, com a aprovação das leis de direitos civis, votar no mesmo partido dos brancos do sul, que os queimavam vivos em rituais da Ku Klux Klan. Quando morei na Califórnia em 1982, percebi que os imigrantes latinos faziam questão de se declararem republicanos, por ser essa a forma de demonstrar terem assimilado os valores do país que os recebeu, mas isso se tornou inviável nos tempos atuais, com as posições assumidas pela Direita republicana quanto à política anti-imigração. Desse modo o partido republicano marcha para uma situação de minoria permanente, e aí chegamos a uma quadro de vale-tudo político, com o Tea Party tomando as rédeas ideológicas da Direita. O slogan "tome seu país de volta" é uma declaração de guerra a uma tendência irreversível de mudança da identidade da grande nação americana.
Eu aprendi uma coisa na vida: não importa o que você diga ou faça, ou o que você não diga ou deixe de fazer; o julgamento que fazem de você não depende de nada disso: ele só depende da ideologia de quem está julgando. O presidente Obama chamou a atenção para isso ao afirmar que os republicanos sofrem de "um tipo de amnésia coletiva", ao ignorarem o que a sociedade já teve que enfrentar. Ele chegou a se identificar com Thedore Roosevelt, o presidente republicano que apoiou o salário mínimo, o imposto de renda progressivo e um seguro para desempregados e idosos.
Como corretamente diria Ledo Ivo, a sociedade americana está PATINHANDO.
Pois bem, enquanto aguardava no aeroporto de Goiânia que a minha sina decorrente do apagão em Viracopos fosse resolvida, comprei o livro "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia - Ensaio de Ironia", de Luiz Felipe Pondé. Foi dessa leitura que eu resolvi fazer esse Post.
Eu concordei com tudo o que li, logo, o seu conteúdo para mim é irrepreensível. Só achei que a forma como ele foi escrito a mim pareceu precipitada. Ele merecia uma revisão mais apurada. Vou citar dois exemplos:
- Pagina 19: "no verão a temperatura varia entre 6 e 13 graus centígrados". O Ledo Ivo não vai gostar de ler isso: "graus centígrados" é redundante; ou se diz "centígrados", ou "graus Célcius".
- Página 54: "são primitivos demais para entender a maldição que é ser indivíduo e a dor que é ser livre sem pertença a bandos." Sem comentários.
O mesmo se dá com a Democracia. Ela se suporta sobre duas pernas de pau: a Liberdade e a Igualdade, conforme muito bem demonstrado por Pondé, e é papel do governante fazer com que esses dois suportes sejam exatamente do mesmo tamanho. Não é tarefa fácil, já que eles são antagônicos.
Quando um governante exacerba o suporte Igualdade, ele não tem como não diminuir a importância da Liberdade, e vice versa. A coisa fica dramática quando existe na sociedade uma polarização irreversível, como está acontecendo nesse instante na sociedade americana, em que um partido pende para um lado, a Liberdade, e o outro partido pende para o outro, a Igualdade (de forma menos radical). Falar em Democracia numa situação como essa é a meu ver pura hipocrisia.
Essa situação se tornou aguda com a eleição de Obama, um negro. Não se pode negar que a sua visão na mídia traz a mensagem do que ele representa: o gradual crescimento das minorias negras e hispânicas na sociedade americana, a ponto de se estimar que em 2050 os Estados Unidos se tornarão um país "não branco" (aqui se considera que os hispânicos não são brancos puros, um preconceito). Os brancos já são minoria na Califórnia, o estado mais importante da União.
Nem sempre as coisas foram assim. Os negros, originalmente, eram republicanos, porque esse era o partido de Lincoln, que assumiu uma guerra civil para libertá-los. Mas eles não podiam, com a aprovação das leis de direitos civis, votar no mesmo partido dos brancos do sul, que os queimavam vivos em rituais da Ku Klux Klan. Quando morei na Califórnia em 1982, percebi que os imigrantes latinos faziam questão de se declararem republicanos, por ser essa a forma de demonstrar terem assimilado os valores do país que os recebeu, mas isso se tornou inviável nos tempos atuais, com as posições assumidas pela Direita republicana quanto à política anti-imigração. Desse modo o partido republicano marcha para uma situação de minoria permanente, e aí chegamos a uma quadro de vale-tudo político, com o Tea Party tomando as rédeas ideológicas da Direita. O slogan "tome seu país de volta" é uma declaração de guerra a uma tendência irreversível de mudança da identidade da grande nação americana.
Eu aprendi uma coisa na vida: não importa o que você diga ou faça, ou o que você não diga ou deixe de fazer; o julgamento que fazem de você não depende de nada disso: ele só depende da ideologia de quem está julgando. O presidente Obama chamou a atenção para isso ao afirmar que os republicanos sofrem de "um tipo de amnésia coletiva", ao ignorarem o que a sociedade já teve que enfrentar. Ele chegou a se identificar com Thedore Roosevelt, o presidente republicano que apoiou o salário mínimo, o imposto de renda progressivo e um seguro para desempregados e idosos.
Como corretamente diria Ledo Ivo, a sociedade americana está PATINHANDO.
A famosa definição de responsabilidade :"a sua liberdade termina aonde a do outro começa " já mostra como esses conceitos sao paradoxais . Baseamos nossa sociedade nos três slogans franceses (liberdade , igualdade , fraternidade ) que as vezes sao inconciliáveis . Temos que escolher novos conceitos !
ResponderExcluir"A sociedade que coloca igualdade antes da liberdade nao tera nenhum dos dois. A que coloca liberdade antes da igualdade tera os dois em abundancia." Milton Friedman.
ResponderExcluirNao ha como discordar...
3 videos muito interessantes sobre o assunto:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=JQkdSj6arn0
http://www.youtube.com/watch?v=030vcGRISOM
http://www.youtube.com/watch?v=26QxO49Ycx0
Obrigado, André, pelos dois comentáros. Gosto das idéias do Milton Friedman, e em particular aprecio o Thomas Sowell. Há quem ache que o Obama devia ser ele. O comentário do Milton Friedman é quase uma bandeira do conservadorismo, mas eu entendo que as duas pernas de pau devem crescer juntas. Estou falando muito dos Estados Unidos, mas o nosso Brasil é um prato cheio para esse assunto. Vamos tentar falar disso mais tarde.
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