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A Indústria Açucareira Americana e suas Artimanhas

O JAMA Internal Medicine é um jornal quinzenal da Associação Médica Americana, fundado em 1908. Ele cobre todos os aspectos da medicina interna, o que inclui doenças cardiovasculares, geriatria, doenças infecciosas, gastroenterologia, endocrinologia, alergia e imunologia. Seu "fator de impacto" (fator que mede o número de citações a artigos publicados no jornal) é 14.000, o que o coloca em 6° lugar entre os 151 jornais de sua categoria (Medicina Geral e Interna).

É de se esperar então que suas publicações não sejam alarmistas, muito menos tendenciosas. Pois bem, na sua edição de 12 de setembro passado ele publicou o "comunicado especial": Sugar Industry and Coronary Heart Disease Research - A Historical Analysis of Internal Industry Documents, de autoria de Cristin Kearns, Laura Schmidt e Stanton Glantz http://archinte.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=2548255 ). O comunicado sugere que "a Indústria Açucareira patrocinou seu primeiro projeto de pesquisa em 1965, para minimizar os sinais iniciais de alerta de que o consumo de sacarose era um fator de risco para as doenças cardíacas. Já em 2016, as políticas de controle do açúcar estão sendo implantadas a nível nacional e internacional. Mesmo assim, os riscos de doenças cardíacas são citados de forma inconsistente como consequência de consumo elevado de açúcar. Como as doenças cardíacas estão liderando as causas de morte a nível global, a comunidade científica deve garantir que o risco de doenças cardíacas seja avaliado levando em conta o consumo de açúcar. Os comitês que estabelecem as políticas de saúde devem considerar que seja dado menos peso aos estudos patrocinados pela indústria de alimentos, e incluir estudos que avaliem o efeito da adição de açúcar no desenvolvimento das doenças cardíacas". 

Traduzindo: A Indústria Açucareira americana pagou cientistas para minimizar a ligação entre o açúcar e as doença cardíacas. Mas ela fez mais que isso; ela apontou a gordura saturada como a responsável em seu lugar. É o que mostram os documentos descobertos e liberados no artigo. As cinco décadas de pesquisas sobre o papel na nutrição nas doenças cardíacas, o que inclui as recomendações atuais, foram maquiadas pela Indústria Açucareira americana. Segundo um dos autores, Stanton Glantz, "eles inviabilizaram a discussão sobre o açúcar por décadas".

Ficou provado que a fundação criada para isso, a Sugar Research Foundation, hoje Sugar Association, pagou cientistas da Universidade de Harvard um valor correspondente hoje a US$ 50 mil para publicar, em 1967, um relatório cobrindo açúcar, gordura e coração, o qual foi publicado pelo prestigiado New England Journal of Medicine: "Dietary Fats, Carbohydrates, and Atherosclerotic Diseases ( http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM196707272770405 ). Além de minimizar a ligação entre o açúcar e a saúde coronária, o artigo lançou calúnias contra a gordura saturada.


Nenhum dos envolvidos está vivo. Um deles, o Doutor Mark Hegsted ( https://en.wikipedia.org/wiki/D._Mark_Hegsted ) um nutricionista que veio a se tornar membro da Food and Agriculture Organization (FAO, organismo da ONU), em 1977 ajudou a elaborar as orientações dietéticas do Governo Federal. Outro, o cientista Frederick Stare ( https://en.wikipedia.org/wiki/Frederick_J._Stare ), era o presidente do Departamento de Nutrição de Harvard.

Em resposta ao artigo, a Sugar Association argumentou que quando o relatório de 1967 foi publicado não havia a exigência de os pesquisadores divulgarem a origem do financiamento (essa exigência passou a ser efetiva apenas em 1984 pelo NEJM). Para ela "a indústria deveria ter exercido maior transparência". mas mesmo assim ela defendeu que a pesquisa desempenhou um papel importante e informativo (?), e levantou dúvidas sobre os motivos por trás do novo artigo:

"É preocupante o crescente uso de reportagens com títulos que derrubam a qualidade da pesquisa científica, e nos decepciona ver um jornal da importância do JAMA assumir essa tendência"

Segundo o Dr. Glantz, por muitas décadas as autoridades de saúde encorajaram a redução da ingestão da gordura, e isso levou os americanos a consumir alimentos com alto teor de açúcar e baixo teor de gordura. e essa atitude resultou na enorme crise de obesidade que grassa por lá.


Virando a página, o Dr. Drausio Varella publicou, em agosto de 2001, um artigo na Gazeta Mercantil, intitulado "Verdade Ancestral", do qual reproduzo alguns trechos:


“A espécie humana sempre comeu carne. Nas cavernas, dava preferência a ela, como concluíram estudos de arcadas dentárias. É provável que o homem só se conformasse com outros alimentos quando a caça rareava. Guiado pelo instinto do paladar, corria atrás da carne pelo alto valor calórico: um grama de gordura produz nove calorias, um grama de açúcar ou proteína, quatro.
Por milhões de anos, mesmo quando o homem buscou na agricultura as calorias para manter a família, a preferência pela carne resistiu. E assim permanece. Não é fácil subverter ordens estabelecidas em milhões de anos. A genética é mãe castradora.
A desnutrição sempre foi endêmica. Em todas as civilizações conhecidas, comida abundante e variada era privilégio. Há apenas um século e meio, a batata da Irlanda foi dizimada por uma praga, e um milhão de pessoas morreram de fome. O número de mortos dá ideia da monotonia da dieta irlandesa da época. Na Europa, a fome resistiu à 2ª Guerra; era preciso ser rico para comer carne todo dia. Mesmo hoje, fartura de alimentos é privilégio de um ou outro país.
O passado de fome crônica moldou o consumo de energia da espécie humana. A pressão seletiva favoreceu a sobrevivência dos que comiam o máximo que aguentavam, toda vez que encontravam comida. Entre eles, levaram vantagem reprodutiva os que armazenavam, sob a forma de gordura, as calorias ingeridas em excesso. Ser dono de uma reserva adiposa ao redor do corpo era decisivo quando chegavam as vacas magras. Os magrinhos ficavam inferiorizados na hora de enfrentar jejuns prolongados. Num mundo de predadores, o caçador enfraquecido vira caça no dia seguinte.
A seleção natural só tem olhos para o indivíduo. A ela não interessa o futuro de qualquer espécie, haja vista quantos milhões delas acompanharam os dinossauros nas extinções em massa. Não existe grandiosidade nos desígnios da evolução, ela segue curso inexorável, mero resultado da soma aritmética de pequenas conquistas individuais que conferem micro vantagens na hora da reprodução.
A evolução não moveu um dedo para impedir que o homem moderno, filho de caçadores e coletores que se matavam por comida, inventasse a poltrona e o disque-pizza. Como resultado dessa ruptura com a tradição de escassez permanente de alimentos, vieram a obesidade, diabetes, hipertensão e os infartos do miocárdio.
Depois da 2ª Guerra, nos países industrializados, foi descrita uma epidemia de ataques cardíacos em homens de 50 anos e mulheres na menopausa. Essas mortes criaram clamor público: o que estaríamos fazendo com nossas vidas para merecer tal punição?
Habituados a interpretar fenômenos biológicos com lógica religiosa, os homens associaram o prazer ao pecado. Sexo e paladar, os maiores prazeres conhecidos, são os principais suspeitos de qualquer doença. Como no caso dos infartos não parecia razoável culpar o sexo, praticado à larga pelo homem desde tempos ancestrais, a suspeita caiu sobre a alimentação.
Estávamos nos anos 60, era da contracultura, da valorização da vida campestre, em oposição à sociedade industrial. Era moda acreditar na alimentação vegetariana sem fertilizantes químicos como condição de saúde. A suspeita, então, caiu sobre a carne vermelha, o alimento preferido pela maioria das pessoas. Afinal, gostamos de peixe, mas precisa ser bem feito; e de frango, a depender do tempero; mas carne vermelha, de qualquer jeito é bom. Basta pôr na brasa e jogar sal grosso. O cheiro de peixe na panela faz perder o apetite, o de frango é neutro, mas o de carne junta saliva na boca. É reflexo ancestral.
Em 1912, um médico da armada russa, Nikolai Anichkov, induziu pela primeira vez aterosclerose em coelhos alimentando-os com gema de ovo e colesterol puro. Depois de algumas semanas de dieta, a aorta de 90% dos animais estudados começou a exibir as mesmas placas acinzentadas das coronárias das vítimas de infarto. Como 10% dos coelhos nessa dieta nunca desenvolviam placas, Anichkov concluiu acertadamente que o colesterol não era o único responsável pelo aparecimento delas. Em cachorros e ratos, ele não repetiu resultados semelhantes. Esses animais não desenvolviam placas nas artérias por mais colesterol que ingerissem.
Não seria sensato pensar que o coelho, vegetariano, desenvolvesse aterosclerose por não estar evolutivamente habituado a lidar com colesterol na dieta? E que ratos e cachorros, animais que comem de tudo, têm longa convivência com o colesterol, e, portanto, mais resistência à formação de placas? Detalhe tão relevante passou despercebido por Anichkov e pela maioria dos cientistas depois dele.

Em 1952, o grupo do especialista em nutrição L. Kinsey demonstrou que dietas compostas de vegetais e baixos teores de gordura animal reduziam o colesterol na maioria dos seres humanos. Em seguida, um grupo chefiado por E. Ahrens, da Universidade Rockfeller, foi mais longe: as gorduras vegetais reduziam o colesterol graças à insaturação de suas moléculas. As animais aumentavam os valores por terem moléculas saturadas (com mais átomos de hidrogênio).
Os ingredientes básicos estavam reunidos para começar uma das maiores confusões intelectuais sobre a saúde do homem do século 20. Se existia um colesterol ‘bom’ e outro ‘mau’, as gorduras deveriam ser divididas em ‘boas’ (insaturadas, derivadas dos vegetais e dos peixes) ou ‘más’ (saturadas, como as da carne vermelha e dos derivados de leite). Esses trabalhos tiveram enorme impacto. Como a liderança mundial da ciência americana já era inconteste nessa época, a crença nas conclusões citadas se disseminou. A carne vermelha, os laticínios e a gema de ovo foram execrados. A indústria dos alimentos de baixos teores de gordura animal floresceu.
Quando analisamos as informações científicas que serviram de base para aconselhar mudanças tão drásticas no estilo de alimentação, no entanto, ficamos surpresos: elas não permitem tirar as conclusões apregoadas.
Em outras palavras: até hoje, nenhum estudo epidemiológico para avaliar as conseqüências de uma dieta rica ou escassa em gordura animal na longevidade humana ou na prevalência de infarto do miocárdio conseguiu demonstrar relação de causa e efeito".

Em 1972, o nutricionista Robert Atkins lançou o seu famoso livro "A Dieta Revolucionária do Dr. Atkins". O sucesso foi estrondoso, a ponto dele ter criado um centro de tratamento para obesos em Nova York, bem como uma indústria de suplementos alimentares. Em 1992 ele lançou a uma nova edição do seu famoso livro, que chamou de  "A Nova Dieta Revolucionária do Dr. Atkins", da qual tenho um exemplar. Entendo que seu envolvimento com a área comercial tenha tornado sua dieta suspeita. 

Foi uma pena, porque o que ele preconizava era exatamente a volta aos hábitos milenares, com o abandono dos carboidratos e retorno à proteína animal. Recolhi alguns trechos de seu livro, nos quais ele descreve a trajetória do açúcar na dieta dos americanos:

"Há duzentos anos a pessoa comum comia menos de 5 kg de açúcar por ano. Em seguida, há quase exatamente cem anos, a tampa voou. Na década de 1890, a mania por bebidas à base de cola varreu a nação - o que significava que quando estávamos com sede e queríamos ansiosamente água, ingeríamos também açúcar. O resultado foi que a ingestão de açúcar, que era de 6 kg em 1828, passou a quase dez vezes mais em 1928. As estatísticas mais recentes do Departamento de Agricultura informam que, em 1975, o americano típico consumiu 59kg de adoçantes calóricos (principalmente açúcar refinado e xarope de milho de alto teor de frutose) e 69 kg em 1990.

Isso significa que açúcar e xarope de milho (glicose) sozinhos formam uma percentagem alucinante da dieta americana típica. Esses números significam 170 g de açúcar (e xarope de milho) por dia. Uma vez que a pessoa típica ingere 425 gramas de carboidratos por dia, 105 gramas de proteínas e 168 de gordura, o açúcar constitui 40% do total de carboidratos e quase um quarto do peso de alimentos que ingerimos diariamente. O açúcar não tem valor nutritivo e é diretamente prejudicial à sua saúde. A despeito de vociferantes tentativas para defendê-lo, há centenas de estudos que mostram claramente que seus efeitos podem ser letais. 
 
Veja só a maneira como as pessoas comiam no século XIX. Usavam liberalmente manteiga e banha, comiam carne de vaca e de porco e não havia restrição ao consumo de ovos. Ainda assim, eram raríssimos os que morriam de ataque cardíaco. Paul Dudley White, que foi o cardiologista particular de Eisenhower, lembrava-se de que só viu seu primeiro ataque cardíaco um ano após seu primeiro ano de pós-graduação na década de 1920. 

Se quer um fato ainda mais esclarecedor, mastigue este: o francês do século XX, com sua dieta de manteiga, queijo e patê de fígado, tem uma taxa de doença cardíaca inferior em 60% a seus colegas americanos (a francesa se sai ainda melhor - tem a menor taxa de doença cardíaca do mundo ocidental). O que, então, causou essa avalanche de doenças degenerativas? A única coisa que lhe peço é que observe como nossa dieta mudou no último século. Não apenas as bebidas à base de cola foram inventadas na década de 1890, mas, piorando ainda mais a situação, na mesma década foram criados moinhos que podiam refinar o trigo e transformá-lo em uma farinha branca nutricionalmente estéril. Logo que essa farinha foi reunida ao doce e ao salgado, tivemos os inícios da cultura de comida-lixo (junk food) na América e em muitos outros países desenvolvidos - embora não em todos. 

Veja novamente o caso dos franceses - os caras que vivem com os dentes enterrados em patê de foie gras. Como sabem todos os que estiveram na França, os franceses sofrem muito menos de obesidade e doença cardíaca que os americanos. Ainda assim, a dieta deles é mais rica em gordura (eles comem também volumes comparáveis de carne e peixe, uma quantidade igual de manteiga e duas vezes mais queijo do que os americanos). O que é que tudo isso significa? Poderia isso ter alguma coisa a ver com o fato de que o consumo per capita americano de açúcar é 5,5 vezes maior do que o dos franceses? Ainda assim, todos nós sabemos que a gordura "é a origem de todos os males". Ou não sabemos?" 

Eu mesmo tive a oportunidade de conviver com essa mudança. Minha família, como muitos de vocês já sabem, tem pelo seu lado paterno suas raízes na cidade de Carolina, no sudoeste do Maranhão, à beira do Tocantins. A longevidade por lá era grande: meu Pai veio a falecer com 100 anos e meio, sua irmã Eunice com 103, sua tia Elisa com 105. Nos 90 anos de minha avó Ana houve uma valsa com 12 pares em que a idade somada dos 24 participantes ultrapassava 2.000 anos! Não havia qualquer menção às doenças coronárias. A dieta era toda ela baseada na banha de porco, já que não havia luz elétrica e o meu avô Diógenes estocava a carne, de boi, de porco, etc., em latas de querosene lacradas com papel celofane. 

Anos atrás, voltando de uma pescaria no rio Cristalino, afluente do Araguaia, com meus amigos Roberto e Mônica, paramos para almoçar da casa do Pai dos dois piloteiros que nos assistiam, o Barriga e o Negão (Arnildo e Araildo na certidão de nascimento). O Velho Adão tinha na cozinha as mesmas latas de querosene, e perguntou o que queríamos comer. Podia ser galinha, catete, jacaré ou paca, todos mergulhados na balha de porco. Foi muita emoção voltar aos anos 50 quando ainda comia as "almôndegas" (esse era o nome do conteúdo das latas) do meu avô. 

Para encerrar, um vídeo sobre a Carne na Lata Xavante:



que é vendida no site  http://www.apaneladeferro.com.br/carne-na-lata-carne-de-lata-carne-na-gordura-carne-na-banha-confit/  . Isso é o que os franceses chamam de confit.


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