Conheci o escritor venezuelano Moisés Naim em 2013, ao comprar seu livro "O Fim do Poder", por recomendação na contracapa do estadista FHC. Disse Fernando Henrique que "todos aqueles que têm poder - ou desejam tê-lo - deveriam ler esse livro". Resumindo, Moisés Naim defende no livro que as instituições globais de poder estão perdendo a sua capacidade de atrair respeito, quer se trate de instituições de governo, militares, religiosas ou de negócios.
Anos mais tarde o Estadão anunciou Naim como novo colunista do seu caderno internacional, o que elevou ainda mais a forma como são tratados os assuntos globais nesse jornal. Na edição de 06/02 Naim traz uma pérola que eu resolvi comentar neste Post: o Populismo. A autoridade que Naim tem nessa área é grande, já que ele foi Ministro do Desenvolvimento no seu país natal, Diretor Executivo do Banco Mundial e Editor Chefe da revista Foreign Affairs. Atualmente é membro sênior do Carnegie Endownment for Peace.
Para ele o Populismo não é uma ideologia, mas sim uma estratégia utilizada por todos os matizes ideológicos para alcançar e manter o poder. Seu crescimento atual em todas os continentes, em todos os níveis de governo, decorre principalmente do uso intensivo da Internet, da angústia das sociedades com a rapidez das mudanças, da situação econômica global precária, tudo isso resultando numa insegurança em relação ao futuro.
O Populismo tem presença marcante na Rússia e nos Estados Unidos, Na Turquia e na Hungria, e está se preparando para minar a União Européia, assumindo o poder na Grã Bretanha e possivelmente na França. Suas táticas são mais que conhecidas, principalmente no nosso pobre continente, onde as Repúblicas de Banana convivem periodicamente com messias que não fazem mais que nos levar para perto do fundo do poço. Vejamos o que diz Naim dessas táticas:
Anos mais tarde o Estadão anunciou Naim como novo colunista do seu caderno internacional, o que elevou ainda mais a forma como são tratados os assuntos globais nesse jornal. Na edição de 06/02 Naim traz uma pérola que eu resolvi comentar neste Post: o Populismo. A autoridade que Naim tem nessa área é grande, já que ele foi Ministro do Desenvolvimento no seu país natal, Diretor Executivo do Banco Mundial e Editor Chefe da revista Foreign Affairs. Atualmente é membro sênior do Carnegie Endownment for Peace.
Para ele o Populismo não é uma ideologia, mas sim uma estratégia utilizada por todos os matizes ideológicos para alcançar e manter o poder. Seu crescimento atual em todas os continentes, em todos os níveis de governo, decorre principalmente do uso intensivo da Internet, da angústia das sociedades com a rapidez das mudanças, da situação econômica global precária, tudo isso resultando numa insegurança em relação ao futuro.
O Populismo tem presença marcante na Rússia e nos Estados Unidos, Na Turquia e na Hungria, e está se preparando para minar a União Européia, assumindo o poder na Grã Bretanha e possivelmente na França. Suas táticas são mais que conhecidas, principalmente no nosso pobre continente, onde as Repúblicas de Banana convivem periodicamente com messias que não fazem mais que nos levar para perto do fundo do poço. Vejamos o que diz Naim dessas táticas:
- Dividir para vencer. O governante se apresenta como o defensor do povo maltratado pelas "elites". Isso leva a um movimento do "nós contra eles", do "povo contra o 1%", tão conhecido por nós durante os 12 anos petistas. Só que agora os slogans subiram de nível e se tornaram algo como "os Estados Unidos contra Washington", ou "a Europa contra Bruxelas". Para ser populista o líder tem que saber manipular com maestria o conflito entre as classes, raças, religiões, nacionalidades, tudo que possa resultar em indignação e fúria política. Em vez de tentar evitar conviver com esse fogo os populistas precisam dele para se manter no poder.
- Deslegitimar e Criminalizar a Oposição. Aqui surge como mensagem principal aquela que diz que tudo o que foi feito no governo anterior é ruim, corrupto e inaceitável. Os que se opõem às mudanças prometidas não são patriotas com ideias diferentes mas sim apátridas que precisam ser alijados do mapa politico. Donald Trump prometeu prender Hillary Clinton, mas na Turquia, no Egito, na Venezuela, essas atitudes não ficam só nas promessas. Aqui no Brasil estamos em uma situação curiosa em que, por nos termos livrado recentemente de 12 anos de populismo, agora é a oposição quem brada esses slogans em sites mais que suspeitos e que, de forma ingênua, são replicados por desavisados, gerando grande tumulto na sociedade. Estamos assim na fase de "deslegitimar e criminalizar a situação".
- Denunciar a conspiração internacional. Inimigos externos são essenciais. Esse expediente rende dividendos no curto prazo mas sempre resulta em tragédia. Esse inimigo pode ser um país (a China ou o pobre México para Trump), um grupo humano como os imigrantes muçulmanos, os Estados Unidos e a Otan para Putin, ainda os Estados Unidos e um clérigo radicado por lá para o presidente da Turquia. É comum os populistas, ao começarem a ir mal internamente, provocar conflitos internacionais que podem levar inclusive às vias de fato. Por isso é muito perigoso termos um populista no comando da maior força militar do planeta.
- Desprestigiar jornalistas e especialistas. Trump sustenta que o problema ambiental pelo qual passa o planeta não é mais que uma conspiração da China, que o autismo é causado por vacinas. O slogan dos partidários do Brexit era que "este país está farto de especialistas". O desdém pela ciência, pelos dados e pelos especialistas no entanto não é nada se comparado ao desprezo que sentem pelos jornalistas. Tanto os cientistas como os jornalistas devem ser combatidos porque são eles quem produzem as evidências de que o raciocínio populista é falho, daí a necessidade de se desqualificarem suas mensagens.
O que surpreende no momento por que passamos é que aquelas ferramentas novas que a tecnologia criou são usadas com muito mais eficiência pelas hostes populistas. Isso tem respaldo na própria natureza humana, que tem uma peculiaridade destrutiva, que consiste em se interessar muito mais com mensagens que a jogam pra baixo.
Que o digam os Ratinhos, os Datenas, que enchem nossas telas com notícias negativas. Nova York já sofreu todo tipo de agressão vinda de tudo o que podemos imaginar: monstros das profundezas do oceano, alienígenas à procura de proteína animal, inundações, vírus, e por aí vai. As séries da Netflix, talvez com a exceção das semi históricas tipo Tudors, Bórgias, ou as de costumes tipo Merlí (que me foi recomendada por um amigo), mostram constantemente o lado ruim da sociedade, que chega a incluir zumbis convivendo conosco.
Como já disse, é da nossa natureza. Paciência.
Que o digam os Ratinhos, os Datenas, que enchem nossas telas com notícias negativas. Nova York já sofreu todo tipo de agressão vinda de tudo o que podemos imaginar: monstros das profundezas do oceano, alienígenas à procura de proteína animal, inundações, vírus, e por aí vai. As séries da Netflix, talvez com a exceção das semi históricas tipo Tudors, Bórgias, ou as de costumes tipo Merlí (que me foi recomendada por um amigo), mostram constantemente o lado ruim da sociedade, que chega a incluir zumbis convivendo conosco.
Como já disse, é da nossa natureza. Paciência.
Muito lúcida a análise. O populismo parece ter evoluído par ser uma ferramenta atual do poder instituído ou de grupos econômicos e politicos dominantes para equacionar um determinado momento histórico a seu favor. Dada a viralização eletrônica de ideias e interpretações da realidade estas podem ser moldadas e jogadas para consumo sem filtros nas consciências da sociedade. Poucos se opõem a ondas e modismos assim estruturados para propagar na classe media e repicar nos faixas mais pobres, assim ofuscadas pelo brilho da adequação geral a uma alienação de seus reais interesses. O líder populista é o mero resultado desta técnica de domínio. Tudo bem que façam tudo isto para manter as coisas funcionando e evitando que o caos se estabeleça, mas não queiram me submeter a este estado de in -consciência contra o qual pouco podemos fazer exceto manter uma atitude critica e opinar timidamente em algum blog de amigo.
ResponderExcluirCaro Amaro. Uma coisa que me causa grande satisfação é ver um comentário, principalmente partindo de um amigo. É sinal que a interação com o leitor aconteceu. Desde novembro não recebo comentários. É comum os comentários serem feitos no gmail ou no Facebook, mas o preferível é fazê-los aqui. Obrigado.
ExcluirMuito interessante o texto...já tinha lido alguma coisa a respeito, mas do jeito que vc explica ficou fácil de entender...Obrigada!
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