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A Verdadeira Copa

Passada a ressaca dos 7 x 1 e dos 3 x 0, a qual colocou o nosso pais no seu devido lugar no que tange o futebol, vamos ter que encarar a verdadeira Copa: as eleições de outubro, em que iremos escolher aquele que terá a tarefa de colocar nos eixos as coisas a nível federal, e também os que terão que administrar os estados da união, pelos próximos 4 anos. Isso na sua parte majoritária. 

Ao contrário do futebol, onde tínhamos 23 protagonistas e 200 milhões de coadjuvantes, nas eleições vamos ser 140 milhões de protagonistas, os eleitores, e algumas dezenas de pessoas a quem daremos procuração para administrar a coisa pública: o presidente e os governadores. No total vamos ter no país cerca de 25 mil candidatos disputando 1709 vagas. 

Para mim está mais que claro que a nível federal as coisas têm que mudar. Os que estão no poder já demonstraram de forma cristalina a sua inaptidão para a tarefa que lhes foi delegada. Não sabem, ou melhor, não têm a menor ideia, a mínima competência para a função a que se propuseram.

A escolha que teremos que fazer como protagonistas é simples: muda ou fica como está? Comecemos pelo que mais nos afeta no dia a dia: a economia. A conta a ser paga pelo novo presidente é salgada, e ele tem como principal tarefa o desarme da bomba relógio que foi plantada pelos 12 anos de desgoverno petista.

Estamos chegando a uma situação que imita, ironicamente, os 7 x 1 que tomamos dos alemães. Na economia estamos bem próximos de um novo 7 x 1, que se traduz em 7 de inflação e 1 de crescimento. Junte-se a isso a parada nos investimentos, devida principalmente à falta de confiança dos empresários, a queda na produtividade, a dívida pública que ultrapassa 2 trilhões de Reais, as empresas estatais em estado terminal pelo seu uso político equivocado para o controle da inflação.

Ao mesmo tempo falta educação, saúde, transporte, infraestrutura, segurança, enfim, tudo. A figura central do novo governo, a quem vai ser delegada a tarefa de dar um norte às ações que têm que ser tomadas, é sem dúvida a do ministro da Fazenda.

E o que tem feito a atual equipe econômica? Tudo o que não devia ser feito: Reajuste da tabela do Imposto de Renda, do Bolsa Família, não agir em nada esperando para resolver os problemas depois das eleições, falar bem do Brasil o tempo inteiro na esperança de que vamos acreditar no que dizem. Medidas sérias nem pensar, mesmo porque, como já dissemos, não há competência pra isso.

Com isso a tarefa do próximo ministro da Fazenda é duríssima, e inclui como prioridade maior um corte grande nos gastos públicos. Tudo o que o governo Dilma fez vai te que ser jogado no lixo. Ela cortou os juros na hora errada, foi tolerante com a inflação, interveio nas estatais, ignorou a questão fiscal, elevou os gastos públicos, enfim, adotou as medidas erradas em todas as frentes, e o resultado aí está.

E tudo tem que ser feito nas condições mais adversas: sem mão de obra, sem capacidade produtiva e sem produtividade. Mas a receita existe, só que o remédio vai ser amargo:

1 – Controlar do gasto público,
2 – Fazer uma reforma tributária que reduza os impostos (é claro, reduzindo os gastos),
3 – Fazer uma reforma política que acabe com o fisiologismo na relação com o Congresso,
4 – Retomar o tripé econômico iniciado no governo FHC: equilíbrio fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação,
5 – Abandonar a política Dilma de crédito acelerado e pleno emprego que, a exemplo do que ocorre na Argentina e Venezuela, lava ao desarranjo fiscal, ao descontrole dos preços e ao desabastecimento (é a forma populista consagrada em nosso continente de iludir o povo),
6 – Acabar com o represamento dos preços administrados (combustível, energia, ônibus urbanos, etc.)

A última medida certamente deve acarretar inflação em 2015. Para que se evite com isso um aumento dos juros basta o governo enfim entender que a inflação nesse país não é de demanda, mas sim de oferta. Melhor dizendo, temos uma inflação de custos, decorrente de todos os fatores que conhecemos: juros altos, infraestrutura cara, educação de péssimo nível que acarreta em baixa produtividade, e por aí vai. 

A política de valorização do salário mínimo, adotada como uma medida meramente populista, também tem que ser repensada. Em 10 anos, de 2002 a 2012, o salário mínimo subiu 239%, contra 99% do IPCA. Isso, é claro, faz todo o sentido em um país com as desigualdades sociais como as nossas, mas acarreta em custo para a produção. Esse custo tem necessariamente que ser compensado com um aumento na produtividade, o que não é feito com a mesma ênfase. O resultado é a já citada inflação de oferta.

Outro assunto a ser tratado pelo próximo manda chuva da economia é a maquiagem das contas públicas. Esses procedimentos só trazem desconfiança ao mercado. Não se podem lançar investimentos como superávit primário, inflar dividendos de estatais, etc.

Uma boa medida que nos levaria a escolher certo o próximo mandatário da nação é por enquanto meramente especulativa, mas temos como certo que o nome do escolhido não deve fugir da lista abaixo:

  1. PT: os nomes mais citados são Alexandre Tombini (atual presidente do Banco Central), Joaquim Levy (secretário do Tesouro no governo Lula), Luciano Coutinho (presidente do BNDES) e Otaviano Canuto (ex vice presidente do Banco Mundial). 
  2. PSB: temos Roberto Setúbal (presidente do Banco Itaú), Pérsio Arida (idealizador do Plano Real e ex presidente do Banco Central no governo FHC), André Lara Rezende (participou da criação do Plano Real, ex presidente do BNDES) e Eduardo Gianetti (conselheiro de Marina Silva, a vice de Eduardo Campos)
  3. PSDB: Armínio Fraga (ex presidente do banco Central no governo FHC)
A lista do PT está incompleta porque a ala mais radical do PT fala em Rui Falcão. Para esse poderia se sugerir que o próprio Lula chamou Henrique Meirelles para o Banco Central, com a finalidade de afastar os temores do mercado com relação à sua gestão. 

A revista Época de 21/07 traz uma revelação que dá uma boa ideia do estadista que é Fernando Henrique Cardoso. Segundo Matias Spektor, autor do livro "18 Dias" recentemente lançado, FHC, ao ver que seu candidato seria derrotado, imediatamente convocou o PT, na figura de José Dirceu, para encontros privados no meio da noite, com a finalidade de tomar as medidas necessárias a evitar que a desconfiança tomasse conta do mercado. FHC foi além: instruiu Pedro Malan a, junto com Antonio Palocci, iniciar um diálogo com o Tesouro americano, o FMI e Wall Street; orientou o embaixador Rubens Barbosa a prestar apoio à viagem que José Dirceu fez aos Estados Unidos; a um mês das eleições mandou Pedro Parente, ministro da Casa Civil, aos Estados Unidos para convencer a Casa Branca a receber Lula. 

Não esperem reciprocidade deste governo a esta atitude. 


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