O número que os meus leitores veem ao abrir este Blog, na sua extremidade esquerda, é o número de acessos que ele já recebeu. Hoje, dia 05 de outubro, às 17:10, ele tinha recebido 75.493 acessos. Para mim é motivo de muita satisfação saber que seus 210 Posts receberam uma média de 359 acessos.
Em algumas ocasiões cheguei à conclusão que nem todos esses acessos foram feitos por seres humanos. Em geral quando eu resolvia falar mal do Trump ou do Putin o número de acessos americanos e russos crescia a ponto de suplantar os acessos brasileiros. Mas tudo bem; acredito que os robôs não chegaram a 5% dos acessos.
O motivo que me levou a criar este Post em março de 2012 definiu o seu nome: Cético. Dizia eu em 15/05/12:
"Os gregos, ao criarem essa palavra, deram a ela um significado mais próximo de "ponderado". Um cético é aquele que nunca recebe uma informação como sendo a verdade absoluta. Ele pondera e decide sobre a validade da informação".
Foi isso que pretendi fazer nesses mais de 5 anos. Alguns Posts eu considerei tão ruins que acabei por deletá-los, mas foram poucos (uns 5). Houve porém um Post, o de 12/06/2012, que me surpreendeu pelo número de acessos que tem até hoje: 5.117. Talvez pela importância que o tema assumiu desde o seu lançamento, ainda hoje o número de acessos a ele é bem grande:
http://ceticocampinas.blogspot.com.br/2012/06/a-piramide-etaria.html
Resolvi então, também em função da sugestão do meu amigo Amaro de tratar o tema da Reforma Previdenciária, retornar a esse assunto, que é talvez o ponto de inflexão que vai nos dizer se as decisões que tomaremos a respeito dele nos tornarão uma nação moderna ou não. A figura abaixo é de uma clareza impressionante: ela nos diz que com o tempo o número de trabalhadores que irão sustentar os nossos idosos vai diminuir a ponto da fração trabalhador / aposentado de tornar menor que 1. As datas da figura estão forçadas, mas isso não tira a sua validade.
O déficit da Previdência em 2.017 vai atingir algo como R$ 184 bilhões, e se nada for feito ele só vai crescer. Os motivos são vários e de uma evidência que não permite contestação:
- O índice de fecundidade por mulher, que era de 4,1 filhos em 1.980, caiu para 1,9 em 2.010, e se estima que não passe de 1,5 em 2.030. A receita futura da Previdência depende exclusivamente da massa de contribuintes, e pelo que vemos ela inexoravelmente vai diminuir.
- Por outro lado, em 1.980 as pessoas com 60 anos tinham a expectativa de viver mais 15,2 anos. Hoje os sexagenários têm a expectativa de viver mais 22,1 anos. Em 2.060 sua expectativa de vida será de 25,2 anos a mais, ou seja, eles viverão até os 85,2 anos em média. Esse aumento atua diretamente sobre a despesa da Previdência.
Essa conjunção de fatores, que é comumente chamada de "bomba demográfica", exige das nações sérias providências imediatas. Não é possível que os nossos políticos não entendam que vai caber aos jovens o encargo de sustentar a situação que se avizinha, que na verdade já chegou e está tornando incapaz o poder público de proporcionar uma gestão eficaz, dado o volume de dinheiro que ele tem que dedicar ao rombo da Previdência.
Na medida em que as nações vão ganhando posições no índice de desenvolvimento, é fato que sua população envelhece, ou seja, nações desenvolvidas possuem idade média elevada. Entendemos aqui por idade média aquela em que metade da população tem idade menor que ela, e metade da população tem idade maior. Por exemplo, na Etiópia a idade média é de 18 anos; metade dos etíopes têm menos de 18 anos e metade têm mais de 18 anos. Nos Estados Unidos a idade média é de 36 anos, e na Alemanha é de 45. Ou seja, a Alemanha é o país com o maior número proporcional de idosos. Resumindo, a Etiópia tem uma expectativa de vida pequena e a compensa com uma taxa de natalidade enorme, o que a joga no rol das nações subdesenvolvidas.
Infelizmente não encontrei nenhum dado sobre a idade média do brasileiro, mas é fato que um país com taxa de natalidade 1,9 e expectativa de vida de mais de 82 anos está mais próximo da Alemanha que da Etiópia. No entanto o que vemos é que as nossas regras previdenciárias são de um país subdesenvolvido, com taxa de natalidade grande e expectativa de vida pequena. Ainda existem entre nós razões psicológicas que sugerem que na medida que envelhecemos nos tornamos mais fracos e perdemos acuidade mental, e razões econômicas que dizem que os adultos com menos de 65 anos contribuem para a sociedade, e os de mais de 65 anos são um peso, e esse peso só tende a aumentar.
Isso já foi verdade. Hoje em dia a educação é um fator importante em empurrar para cima o estigma dos 65 anos. O envelhecimento das populações instruídas é uma vantagem que faz com que a Alemanha, mesmo com a sua enorme população idosa, seja um modelo de desenvolvimento. Para tanto ela cumpriu a lição de casa e se preparou para enfrentar o problema.
Vejamos dois casos atuais de nações com mais de 1 bilhão de habitantes. A população da China será mais idosa que a da Índia, em função da queda da fertilidade ditada por uma decisão de Estado, mas a sua população é muito mais instruída, e isso a coloca em uma vantagem competitiva em relação à Índia. Hoje na Índia, 1 em cada 3 adultos nunca frequentou a escola, enquanto na China apenas 8% dos adultos não têm instrução, e são os mais idosos. Na Índia 50% das mulheres jovens não completam o nível médio; na China esse número é de apenas 15%.
E quando a nós, onde estamos situados? Nossa perspectivas não são boas. Temos uma demografia que se aproxima rapidamente da de países desenvolvidos, com baixa fertilidade e alta expectativa de vida, e um padrão de educação mais próximo do da Índia. Já disse em Post anterior que a televisão foi a responsável pela queda da fertilidade, sem que fosse necessária a intervenção do Estado, como aconteceu na China. Isso de deu por dois motivos: foi proporcionada uma diversão de baixíssimo custo e as novelas mostravam sistematicamente a classe média alta com famílias com poucos filhos. O nosso sistema de saúde, bem ou mal, talvez em função do forte impulso que a tecnologia lhe deu, aumentou a nossa expectativa de vida. No entanto todos os esforços em melhorar a nossa educação se mostraram um fracasso, principalmente devido ao forte aparelhamento de esquerda pelo qual ela tem passado durante décadas.
Esse aparelhamento criou uma sociedade que entende que a viúva é a responsável final pelo nosso bem estar, que tudo vai cair nas suas costas na medida em que envelhecemos. Com isso nos tornamos uma sociedade e inertes à espera dos chamados direitos adquiridos que irão nos sustentar ao envelhecermos. Mal sabemos nós que estamos jogando essa carga imensa nas costas dos nossos filhos e netos.
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Como sempre muito claro seu raciocínio, o que contradiz a sua afirmação de que o envelhecimento nos tira a acuidade!!!
ResponderExcluirMas a esquerda, claramente, ainda acha que o Estado pode tudo, tudo paga, e que benefícios podem ser criados a torto e a direito, mal sabem eles que alguém paga!!!! Almoço de graça não existe.
Ricardo Constantino
Caro Ricardo
ExcluirAcho que não me expressei bem. As razões psicológicas e econômicas citadas não foram minhas, mas um mito que precisamos debelar. De toda forma é bom saber que você continua me incentivando a continuar esta tarefa. Sou muito grato por isso.
Sugiro o link abaixo para uma visão geral do tema na linha que o Luis discorre:
ResponderExcluirhttp://p.dw.com/p/1HG6p
O Brasil tem o problema adicional do sistema previdenciário governamental em todos os niveis. Causando distorções que também precisam ser resolvidas.