Já discuti esse assunto e ainda não achei uma definição melhor para ele que aquela que estampa o título desse Post: "a presunção do de acordo". Estou falando daquelas mensagens que você recebe, as quais estão totalmente em desacordo com aquilo que você pensa ou pratica.
Minha esposa e um grande amigo meu têm uma opinião semelhante sobre o que fazer nessas ocasiões: vale mais a pena ignorar a mensagem que criar um enfrentamento com uma resposta contrária ao raciocínio exposto, correndo o risco de gerar um atrito que pode se tornar irreversível.
É a isso que eu chamo de presunção do de acordo. Como não houve qualquer manifestação da sua parte, o emitente da mensagem presume que você concorda com o seu conteúdo. E as mensagens se repetem. E para o emitente surge a ilusão de que todos os destinatários estão alinhados com a sua linha de pensamento.
Minha opinião é a de que isso é um grave erro. A corrente que pensa diferente do que diz a mensagem assume uma posição defensiva que só faz reforçar na cabeça do emitente que sua opinião é "absoluta", não tem contestação. Isso me lembra a situação que estamos vivendo agora, em que uma figura saída da prisão de repente assume a posição de uma parede capaz de fazer frente a essa situação de pensamento unitário que estamos vivendo.
"Toda unanimidade é burra", já dizia há décadas o meu ídolo Nelson Rodrigues.
Minha esposa e um grande amigo meu têm uma opinião semelhante sobre o que fazer nessas ocasiões: vale mais a pena ignorar a mensagem que criar um enfrentamento com uma resposta contrária ao raciocínio exposto, correndo o risco de gerar um atrito que pode se tornar irreversível.
É a isso que eu chamo de presunção do de acordo. Como não houve qualquer manifestação da sua parte, o emitente da mensagem presume que você concorda com o seu conteúdo. E as mensagens se repetem. E para o emitente surge a ilusão de que todos os destinatários estão alinhados com a sua linha de pensamento.
Minha opinião é a de que isso é um grave erro. A corrente que pensa diferente do que diz a mensagem assume uma posição defensiva que só faz reforçar na cabeça do emitente que sua opinião é "absoluta", não tem contestação. Isso me lembra a situação que estamos vivendo agora, em que uma figura saída da prisão de repente assume a posição de uma parede capaz de fazer frente a essa situação de pensamento unitário que estamos vivendo.
"Toda unanimidade é burra", já dizia há décadas o meu ídolo Nelson Rodrigues.
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Ao nos calarmos estamos contribuindo para nos aproximarmos do pensamento unânime, e isso acaba sendo algo parecido com aquilo que fazemos ao por exemplo, votamos nulo ou em branco.
Já dei essa declaração anteriormente mas acho minha obrigação repeti-la aqui: eu nunca votei no Lula; melhor dizendo, eu nunca votei no PT em nenhuma situação, de vereador a presidente da República. Pelo motivo muito simples de não acreditar em soluções populistas. Só que sempre fui, e sempre serei, um defensor da presença do contraditório nos embates políticos, sob pena de logo ali na esquina nos depararmos com o pensamento único, esse sim o Grande Irmão, o Salvador da Pátria.
Segundo Delfim Neto esse governo no qual votei possui um lado ensolarado e um lado sombrio. O lado ensolarado é aquele nicho residente na área econômica, com passagem forte na infraestrutura e na agricultura. São inegáveis os progressos nessas áreas. Existe também uma aprovação acima de 50% referente à atuação de Moro na Justiça, mais em função de seu currículo como o Juiz da Lava Jato.
Só que o que Delfim chama de lado sombrio é "um espanto", segundo Eliane Cantanhede. Segundo esta ótima colunista do Estadão esse governo tem nos seus quadros;
Só que o que Delfim chama de lado sombrio é "um espanto", segundo Eliane Cantanhede. Segundo esta ótima colunista do Estadão esse governo tem nos seus quadros;
- "um negro que nega o racismo,
- uma índia contrária aos movimentos indígenas,
- um diretor da Funai aliado aos ruralistas,
- um secretário da Cultura que xinga Fernanda Montenegro", e por aí vai.
O poder executivo, a começar pelo seu chefe maior, só se refere aos governos anteriores para criticar suas ideologias, mas não cansa de nomear pessoas com base em critérios puramente ideológicos, sem nada a ver com as funções a elas atribuídas. Senão vejamos:
- O músico e produtor cultural Osvaldo Camargo Júnior iniciou um abaixo assinado contra a nomeação de Sérgio Camargo, seu irmão, para chefiar a Fundação Palmares, chamando-o de Capitão do Mato. Essa pessoa foi nomeada com a intenção clara de desqualificar os movimentos negros, e começou por negar a existência do racismo no Brasil, chamando-o de "racismo nutella", e atacar a "negrada militante".
- A índia Ysani Kalapalo, guinada a participar da abertura da Assembleia Geral da ONU, se classifica como "de direita" e trata os líderes indígenas como "esquerdistas que promovem baderna em Brasília", o que fez seu mentor decretar o "fim do monopólio do senhor Raoni", um líder indicado para o Prêmio Nobel, em uma platéia global.
- O secretário da Cultura Roberto Alvim chamou Fernanda Montenegro, a nossa grande Dama do teatro e do cinema, de "sórdida e mentirosa".
- O embaixador nomeado pelo guru de Virginia Olavo de Carvalho "é a favor de Deus, da família e de Trump" é contra o globalismo e a China, nosso maior parceiro comercial, a qual "está comprando o Brasil e vai destruir os valores ocidentais", valores esse que impuseram o vício do ópio no território chinês.
- No Meio Ambiente uma comunidade internacional se assombra com o seu ministro desqualificando dados de satélite que provam o aumento das queimadas na Amazônia, forçando a exoneração do diretor do órgão responsável pela divulgação desses dados, vibrando com a prisão de brigadistas sob a falsa acusação de serem os responsáveis por provocar queimadas, o que levou ao envolvimento mentiroso de uma celebridade.
- O ministério que trata dos Direitos Humanos, da família, da mulher, tem opiniões estranhas sobre a família, a educação infantil, a identidade de gênero, opiniões essas que sua ministra divulga em sua cruzada mundial, insistindo no fato delas serem "de direita".
Mas nada me tira do sério mais que receber pelo WhatsApp um vídeo como esse:
E é incrível a frequência com que isso acontece, e aconteceu com uma pessoa muito chegada a mim que divulgou essa enormidade em um grupo de WhatsApp. Me vi na obrigação de discordar da forma como essas declarações são lançadas com a obvia intenção de desacreditar o destinatário. Essa pessoa, desde quado assumiu o Ministério da Educação, por sinal se tornando o segundo ministro dessa pasta nesse governo, ainda não pôs os pés em nenhuma universidade federal, e faz questão de dizer que seu filho vai cursar universidade em Portugal. Os militares o chamam de Ministro da Falta de Educação pela joia que divulgou no Twitter, onde chamou de "infâmia" contra o imperador Dom Pedro II a proclamação da República, em pleno dia 15 de novembro. Quando uma pessoa respondeu que na eventualidade da Monarquia vir a ocorrer novamente ele seria o Bobo da Corte, isso o fez voltar ao Twitter pra responder que preferia ir trabalhar na cavalariça, onde certamente iria encontrar égua sarnenta da Mãe do brincalhão. Esse é o nosso ministro da Educação.
Meu amigo respondeu à minha revolta dizendo que se tratava de uma acusação grave, que deveria ser averiguada, no que recebeu mensagem de apoio. Isso me obrigou a tomar a decisão de sair do grupo.
Resumindo, minha posição é clara: ou o grupo assume como norma evitar falar de ideologia, de religião e de mulher, ou eu saio dele. As mensagens pessoais devem sempre ter uma resposta do tipo:
Caro amigo, minha posição a respeito desse assunto é totalmente contrária à sua, o que não impede de aceitá-la. É como deve ser: respeitar as opiniões que não coincidem com a minha. No entanto, já que não estou percebendo a possibilidade dos nossos vetores venham a coincidir, proponho que não tornemos a tratar disso no futuro.
Com isso mantenho acesa a esperança de que essa pequena contribuição da minha parte ajude a diminuir a polarização que grassa em nossa sociedade, a meu ver função da facilidade que a Internet nos proporciona de nos tornarmos valentes, atrevidos e intolerantes.
Ou será que eu também estou sendo intolerante?
Concordo com quase tudo mas acho que você poderia ser mais tolerante e paciente. Ao abandonar grupos em que alguns não compartilhem das sua idéias se contribui para radicalização e unanimidade burra dos grupos.
ResponderExcluirA T67 perdeu com sua saída.
Um abraço.
Caro Desconhecido
ResponderExcluirNesse caso que você citou não eram alguns, eram muitos. Como você bem sabe nosso grupo T67 é formado de dois subgrupos de gerações e formação diferentes, e eu cansei de mostrar as fakes que diariamente apareciam.
Mas não posso deixar de dar razão a você, tanto que expus essa dúvida no Post. Eu também perdi muito em ter saído do grupo, tanto que tento manter contato com os que considero mais chegados.
Vamos então combinar o seguinte: você contata o T e diz que me convenceu a voltar ao grupo, e eu prometo que messe caso especial vou fazer vista grossa às fakes. OK?