Abro o Estadão de hoje, 17/10, e leio a manchete: "Viracopos estuda ter kit de resgate de avião". As barbaridades estão à flor da pele. Vou transcrever algumas delas:
Todo avião, ao tocar o solo, começa a contar o chamado "tempo de permanência em solo", pelo qual a companhia aérea é cobrada pela empresa administradora do aeroporto. Foi o que me disse o meu genro André, que trabalhou por muito tempo para a United Airlines, inclusive nesse assunto, já que segundo ele os aeroportos costumam salgar esse tempo. Convido desde já o André para fazer as críticas que julgar pertinentes sobre esse assunto. Pois bem, ao tocar o solo devem existir garantias por parte da administradora de que as providências necessárias ao socorro do avião estão disponíveis. O contrário tornaria impossível o negócio aeronáutico, já que as companhias de aviação teriam que dispor individualmente dos tais equipamentos, o que seria economicamente inviável.
O descaso e o jogo de empurra está patente na reportagem. O culpado do caso também já está definido, e não será a Agência Reguladora ANAC, nem a administradora do aeroporto, que não se sabe bem quem é, já que a Aeroportos Brasil, ganhadora da concorrência de privatização, declarou que ela só será totalmente responsável pelo aeroporto a partir de fevereiro de 2013.
Os ideólogos do partido do governo vão encontrar no episódio um prato cheio para combater a "privataria" dos aeroportos, que eles tiveram que engolir ao cair na realidade de que são incompetentes para administrar qualquer tipo se serviço de infraestrutura, no Estado por eles aparelhado. Segundo eles o Estado, ao cumprir a sua sagrada missão de incentivar o consumo através de benesses, estará automaticamente assegurando os investimentos privados, como se não fosse necessária uma supervisão pela evitar a bagunça em que nos encontramos. E ela, infelizmente, não se restringe aos aeroportos, que há muito deixaram de ser exclusividade da "elite" e se transformaram em autênticos galinheiros de gente com seus "puxadinhos". A lista é enorme. Temos a bagunça elétrica, cujo Operador Nacional do Sistema sempre encontra um componentezinho em Foz do Iguassú para culpar um apagão em Brasília. A das ferrovias, que enriqueceu um tal Juquinha, presidente da estatal Valec, pelos desvios de verba na Ferrovia Norte Sul. A dos metrôs, das rodovias, dos portos, das comunicações, pra não falar da bagunça moral, destampada agora pelo Supremo Tribunal Federal.
O aeroporto de Goiânia é um retrato fiel dessa estado de coisas. Ele é considerado, junto com o de Vitória, um dos piores do país. Pois bem, foi feito um puxadinho que aumentou a área de embarque, só que o avião pousa em frente ao desembarque e o coitado que vai embarcar tem que andar mais de 200 metros até a avião. Pra compensar, ele tem a visão idílica de um enorme esqueleto do outro lado da pista; trata-se do novo terminal de embarque/desembarque que foi embargado pelo Ministério Público de Goiás por desvio de verbas. Temos no aeroporto então a conjunção Novo Terminal - Puxadinho, mostrada na foto aérea de 2007:
É muita incompetência. É muita irresponsabilidade. Eu fui uma das 40.000 vítimas desse descaso.
- A concessionária Aeroportos Brasil estuda a possibilidade de comprar um equipamento de resgate de aeronaves quebradas na pista, o recovery kit. O equipamento custa cerca de R$ 4 milhões.
- A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) abriu procedimento para averiguar o plano de emergência do terminal, que determina quais procedimentos devem se tratados em casos como este.
- A ANAC ameaça suspender as atividades da Centurion Cargo Airlines, dona do avião acidentado.
- Para a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) as ações seguiram o que diz o plano de emergência.
- A Aeroportos Brasil confirmou que as obras de construção da segunda pista terão início no segundo semestre de 2014, com operação prevista para 2017.
- O recovery kit foi alugado da TAM pela Centurion para remover o MD-11. O equipamento estava em São Carlos. A TAM é a única empresa capacitada nesse tipo de remoção e é ela a única empresa que deve ser acionada em caso de a companhia envolvida não ter estrutura própria, segundo o plano de emergência de Viracopos.
- A Azul Linhas Aéreas fala em perdas acima de R$ 10 milhões, e não descarta processar a Centurion.
Todo avião, ao tocar o solo, começa a contar o chamado "tempo de permanência em solo", pelo qual a companhia aérea é cobrada pela empresa administradora do aeroporto. Foi o que me disse o meu genro André, que trabalhou por muito tempo para a United Airlines, inclusive nesse assunto, já que segundo ele os aeroportos costumam salgar esse tempo. Convido desde já o André para fazer as críticas que julgar pertinentes sobre esse assunto. Pois bem, ao tocar o solo devem existir garantias por parte da administradora de que as providências necessárias ao socorro do avião estão disponíveis. O contrário tornaria impossível o negócio aeronáutico, já que as companhias de aviação teriam que dispor individualmente dos tais equipamentos, o que seria economicamente inviável.
O descaso e o jogo de empurra está patente na reportagem. O culpado do caso também já está definido, e não será a Agência Reguladora ANAC, nem a administradora do aeroporto, que não se sabe bem quem é, já que a Aeroportos Brasil, ganhadora da concorrência de privatização, declarou que ela só será totalmente responsável pelo aeroporto a partir de fevereiro de 2013.
Os ideólogos do partido do governo vão encontrar no episódio um prato cheio para combater a "privataria" dos aeroportos, que eles tiveram que engolir ao cair na realidade de que são incompetentes para administrar qualquer tipo se serviço de infraestrutura, no Estado por eles aparelhado. Segundo eles o Estado, ao cumprir a sua sagrada missão de incentivar o consumo através de benesses, estará automaticamente assegurando os investimentos privados, como se não fosse necessária uma supervisão pela evitar a bagunça em que nos encontramos. E ela, infelizmente, não se restringe aos aeroportos, que há muito deixaram de ser exclusividade da "elite" e se transformaram em autênticos galinheiros de gente com seus "puxadinhos". A lista é enorme. Temos a bagunça elétrica, cujo Operador Nacional do Sistema sempre encontra um componentezinho em Foz do Iguassú para culpar um apagão em Brasília. A das ferrovias, que enriqueceu um tal Juquinha, presidente da estatal Valec, pelos desvios de verba na Ferrovia Norte Sul. A dos metrôs, das rodovias, dos portos, das comunicações, pra não falar da bagunça moral, destampada agora pelo Supremo Tribunal Federal.
O aeroporto de Goiânia é um retrato fiel dessa estado de coisas. Ele é considerado, junto com o de Vitória, um dos piores do país. Pois bem, foi feito um puxadinho que aumentou a área de embarque, só que o avião pousa em frente ao desembarque e o coitado que vai embarcar tem que andar mais de 200 metros até a avião. Pra compensar, ele tem a visão idílica de um enorme esqueleto do outro lado da pista; trata-se do novo terminal de embarque/desembarque que foi embargado pelo Ministério Público de Goiás por desvio de verbas. Temos no aeroporto então a conjunção Novo Terminal - Puxadinho, mostrada na foto aérea de 2007:
É muita incompetência. É muita irresponsabilidade. Eu fui uma das 40.000 vítimas desse descaso.
Trata-se de um país de merda.
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