Pular para o conteúdo principal

Proposta para o Ministério da Defesa

MINISTÉRIO DA DEFESA - PROPOSTA

O Ministério da Defesa é constituido de um grupo executivo, das diretorias civis e das equipes militares, que irão assessorar o Ministro da Defesa no cumprimento de suas responsabilidades.

O Congresso deve constituir duas Secretarias Parlamentares, uma na Câmara e outra no Senado, as quais devem manter contato constante com os parlamentares e com o Ministério da Defesa, auxiliando o Ministro no controle técnico do Ministério e na manutenção de sua autoridade em tempos de paz

O Chefe de Gabinete é o membro das forças armadas de mais alto escalão. Ele é o conselheiro militar junto ao Ministro  da Defesa e ao Governo Federal. É o responsável pelo desenvolvimento e implementação de um conceito global de defesa militar.

Disse Clemenceau que a guerra é um assunto muito importante para ser deixado a cargo dos militares. Vou um pouco mais adiante na investigação da relação entre os militares e a guerra e chego à conclusão de que se trata de um fenômeno semelhante ao que os programadores chamam modernamente de Loop; algo como o círculo vicioso entre o ovo e a galinha. Temos duas possibilidades:
  • Os militares são os provocadores e incentivadores da guerra, talvez em decorrência de sua formação cultural e profissional,
  • A guerra é um evento constante no relacionamento entre as sociedades, o que incentiva a criação dos exércitos.
Qualquer que seja a conclusão, deixar a decisão de ir à guerra a cargo dos militares é algo parecido com o Loop acima mencionado. Por isso o Ministério da Defesa deve ser uma entidade comandada por civis. Disse Clauzewitz que a guerra não é mais que a continuação da política por outros meios, logo ela deve ser gerida dentro do ambiente político.

O envolvimento intenso dos militares na estrutura do governo é a coisa mais perigosa que pode acontecer em uma sociedade democrática. Os exemplos estão aí, sendo o mais recente deles o atual problema egípcio. Manter os militares longe do poder político é uma atitude sábia, em qualquer ocasião.

DE UM EXÉRCITO DE RECRUTAS PARA UM EXÉRCITO DE VOLUNTÁRIOS

Um ataque convencional ao território brasileiro a cada dia se torna mais improvável, e isso nos leva imediatamente a considerar a suspensão do serviço militar obrigatório. Será definido um número mínimo de voluntários a cada ano, e só e esse número não for atingido recorre-se ao recrutamento. Jovens de ambos os sexos têm a opção de se alistar como voluntários por um período de até 24 meses.

A vantagem de se tomar essa decisão é evidente: um voluntário é muito mais motivado que um recrutado. Isso a médio prazo irá aumentar o grau de profissionalismo da base do contingente militar. Existe o risco de só aderirem as classes menos favorecidas, mas se analisarmos a situação atual veremos que o serviço militar com duração de 12 meses é obrigatório para os cidadãos do sexo masculino que completem 18 anos de idade, e isso leva a um grande excesso de contingência, que leva a grande maioria dos alistados a ser dispensada.

A lei que torna obrigatório o serviço militar é de janeiro de 1906, e foi disciplinada em agosto de 1964. O brasileiro do sexo masculino, cumprindo ou não os 12 meses de serviço obrigatório, é passível de ser recrutado até completar 45 anos. Isso em tempos de paz. Em tempos de guerra esse período pode ser ampliado. Nas Américas apenas México, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Paraguai e Brasil obrigam o serviço militar em tempos de paz. Em Portugal o serviço militar obrigatório foi abolido em 2004. Nos Estados unidos em 1973. George W. Bush tentou reintroduzir a medida, mas o Congresso rejeitou a proposta. Em Israel, por sua situação geográfica peculiar, cercada por inimigos, há conscrição para homens e mulheres.

UMA FORÇA ARMADA MODERNA NA SUA ESTRUTURA

Em fevereiro de 1968 o Canadá tomou uma atitude que veio a revolucionar o conceito de organização das forças armadas a nível mundial. O Exército, a Marinha e a Força Aérea foram unificados em um único corpo, que passou a ser chamado de Canadian Forces.

A Rússia, tida e havida durante o período da guerra fria como uma grande potência militar, anunciou em julho passado que até 2015 terá um sistema de treinamento unificado, o que significa o primeiro passo para seguir o exemplo canadense. O anúncio foi feito pela marinha russa, a qual ressaltou que o objetivo é fazer com que as novas atividades simuladas compreeendam todos os ramos e serviços militares da Rússia.

Nos meus tempos de aluno da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, na década de 60, em Barbacena, sempre questionei a necessidade da existência de três forças armadas no Brasil. Afinal, a FAB foi criada em 1941, sendo portanto a caçula das forças armadas brasileiras, pelo motivo óbvio que o avião era uma ferramenta de guerra nova, inaugurada durante a primeira guerra mundial.

A "resposta" ao meu questionamento surgiu em uma palestra na EPCAr, em que o palestrante foi claro ao afirmar que as três forças tinham culturas diferentes e que a unificação nesse caso era impossível. A verdade foi que Getúlio Vargas foi o grande defensor da criação do Ministério da Aeronáutica, e criou um grupo de estudos em 1940, o que resultou na criação do ministério em 1941. Tudo indica que as conclusões se basearam na criação da Força Aérea Real (Reino Unido) em 1918, da Força Aérea Italiana (Regia Aeronautica)  em 1920, e da Força Aérea da França também em 1920.

Acontece que as coisas mudam, e quando até a Rússia, um estado cuja influência dos militares é muito grande, parte para uma reformulação desses conceitos, entendo que é hora do Brasil começar a pensar nisso também. Os ganhos econômicos são inegáveis, e entendo que países que têm as forças armadas como instrumento exclusivo de defesa vão inexoravelmente trilhar esse caminho.

Um exemplo claro da economia resultante é o fato de que no Brasil temos três Polícias Militares:
  • A Polícia do Exército
  • A Polícia da Aeronáutica
  • A Companhia de Polícia do Balatalhão Naval
A Polícia Militar é a corporação que exerce o papel de polícia no âmbito interno das forças armadas, e em tempos de guerra pode se encarregar da defesa imediata de infraestruturas estratégicas, da proteção de autoridades civis ou militares, na administração dos prisioneiros de guerra, da regulação do tráfego aéreo e rodoviário, e até da segurança pública. Ela pode também ser requisitada para atender a situações de emergência em tempos de paz, como as que têm acontecido no Rio de Janeiro.

Pois bem, a existência de três polícias militares é um despropósito caro. Junte-se a esse exemplo os equipamentos que podem perfeitamente ser compartilhados pelas três forças, os treinamentos, e por aí vai.

As coisas já foram piores. Até 1999 as três forças armadas tinha ministérios independentes. O peso militar na estrutura do governo era evidente. Fernando Henrique teve a coragem de enfrentar esse problema pelo chifre. Para tanto ele se baseou no Decreto Lei 200, promulgado por Castelo Branco, o qual promovia os estudos para a criação do Ministério das Forças Armadas. Os 3 ministérios foram transformados em Comandos do Ministério da Defesa, e se extinguiu o Estado Maior das Forças Armadas (por sinal com status de ministério). Foi uma batalha difícil que só um estadista como FHC poderia enfrentar e vencer. Cabe agora um movimento no sentido da unificação das forças armadas.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Europa Islâmica

É irreversível. A Europa, o berço da Civilização Ocidental, como a conhecemos, está com seus dias contados. Os netos dos nossos netos irão viver em um mundo, se ele ainda existir, no qual toda a Europa será dominada pelo Islamismo. Toda essa mudança se dará em função da diminuição da população nativa. Haverá revoltas localizadas, mas o agente maior dessa mudança responde por um nome que os sociólogos têm usado para alertar para esse desfecho: a Demografia. Vamos iniciar este Post com um exercício simples. Suponhamos uma comunidade de 10.000 pessoas, 5.000 homens e 5.000 mulheres, vivendo de forma isolada. Desse total metade (2.500 homens e 2.500 mulheres) já cumpriu sua função procriadora, e a outra metade a está cumprindo ou vai cumprir. Aqui vamos definir dois grupos, o velho não procriador e o novo procriador. Se os 2.500 casais procriadores atingirem uma meta de cada um ter e criar 2 filhos, teremos como resultado que, quando esta geração envelhecer (se tornar não procriadora), a c

Sobre os Políticos

Há tempos estou à procura de uma fonte que me desse conteúdo a respeito desse personagem tão importante para as nossas vidas, mas que tudo indica estar cada vez mais distanciado de nós. Finalmente encontrei um local que me forneceu as opiniões que abasteceram a minha limitada profundidade no assunto: Uma entrevista no site Persuation, de Yascha Mounk, com o escritor, diplomata e político Rory Stewart.  Ex-secretário de Estado para o Desenvolvimento Internacional no Reino Unido, Rory Stewart é hoje presidente de uma instituição de caridade global de alívio à pobreza, a GiveDirectly (DêDiretamente em tradução Livre) e autor do recente livro How not to be a Politician, a Memoir (algo como "Como não ser um Político, um livro de Memórias"). A entrevista é longa e eu me impressionei com ela a ponto de me atrever a fazer um resumo. Pelo que entendi, com o livro Stewart faz uma descrição de suas experiências na política do Reino Unido. Ele inicia a entrevista falando da brutalidade

Civilidade e Grosseria

  Vamos iniciar este Post tentando ensaiar teatrinhos em dois países diferentes: País A O sonho do jovem G era ser membro da Força Aérea de A, mas na sua cabeça havia um impedimento: ele era Gay. Mesmo assim ele tomou a decisão de apostar na realização do seu sonho. O País A  não pratica a conscrição, ou seja, ninguém é convocado para prestar serviço militar. Ele está disponível para homens entre 17 e 45 anos de idade. G tinha 22 e entendeu que o curso superior que estava fazendo seria de utilidade na carreira militar. Detalhe: há décadas o País A tinha tomado a decisão de colocar todos os ramos militares em um único quartel, com a finalidade de aumentar o grau de integração e a logística. Isso significa a Força Aérea de A está plenamente integrada nas Forças de Defesa de A. Tudo pronto, entrevista marcada, o jovem G comparece à unidade de alistamento e é recebido com a mesma delicadeza que aquele empresário teria ao se interessar por um jovem promissor de 22 anos. Tudo acertado, surgi