Observem a foto abaixo. Trata-se do suplemento Metamucil, que o meu intestino idoso exige que eu tome diariamente. O menor eu comprei no Brasil e paguei por ele R$ 53,50. O maior foi comprado em Melbourne e me custou AU$ 14,99 em um supermercado. O dólar australiano está cotado a R$ 2,40 (base 19/05). O menor tem um peso líquido de 174 gramas, enquanto o maior pesa 504 gramas.
É fácil calcular quanto o Metamucil brasileiro é mais caro que o australiano. Cada grama do brasileiro custa R$ 53,5 / 174 = R$ 0,307. Cada grama do australiano custa R$ 14,99 x 2,40 / 507 = R$ 0,071. Ou seja, o Metamucil brasileiro é 4,3 vezes mais caro que o australiano. Com a palavra os Senhores William Procter e James Gamble, já que ambos os produtos são importados dos Estados Unidos, da fábrica em Phoenix, Arizona.
Não há nada que justifique esse absurdo. A Austrália tem apenas 1/9 da população do Brasil, o que afasta a hipótese de economia de escala. Por mais que os impostos nos castiguem, custar quatro vezes mais não pode ser creditado apenas a eles. A não ser que o governo, como já disse anteriormente, tenha um acordo tácito em que a porteira fica aberta, porque quanto mais a Procter & Gamble cobrar, mais ele arrecada.
Mas não foi só o Metamucil que me impressionou. A lâmina do Gilette Mach3, o fio dental OralB que não esgarça, o palito que não tem farpa e não quebra, tudo é mais barato e de uma qualidade assustadoramente superior. O Toyota Corolla da minha filha tem acessórios que aqui não existem, como por exemplo o comutador automático de luz alta para baixa ao perceber que vem um carro no sentido contrário, ou uma luz na extremidade dos retrovisores que pisca quando há um carro no ponto cego, alertando o motorista a não mudar de faixa.
Enquanto isso aqui no Brasil a coisa se move no sentido contrário. Segundo a 4Rodas de maio o Toyota Corolla GLI perdeu rodas de liga, som, banco bipartido e volante multifuncional, O Golf, ao passar a ser produzido no México, perdeu freio de estacionamento elétrico, auto hold e ajuste automático de iluminação. O Palio Fire perdeu direção hidráulica. Mas o preço não caiu.
O papel higiênico, que media 40 metros, passou a ter apenas 30, sendo que o Neve Supreme, por ter folha tripla e "suavizar o cheiro do cestinho", tem apenas 20! As barras de chocolate, todas elas, ficaram menores. Mas o preço não mudou.
É da nossa cultura cordial encarar esses descalabros com resignação. Nossos asfaltos são meras cascas de ovo. Nossos viadutos caem ou não permitem que um ônibus saia ileso de suas curvas. Campinas, a minha cidade, se arvorou em fazer um parque esportivo para abrigar delegações durante as olimpíadas. O pouco que saiu do papel é inaproveitável. Acreditem se quiserem, mas as plataformas de salto ornamental foram feitas com o mesmo recuo, tornando impossível o seu uso. A equipe francesa esteve aqui e dado o grande atraso nas obras desistiu de Campinas.
É claro que poderíamos passar horas citando casos em que somos sistematicamente ludibriados, mas vamos ficar por aqui. Nossas instituições não estão preparadas para nos proteger, nem nós temos claro como nossa atribuição social reclamar desses abusos.
É fácil calcular quanto o Metamucil brasileiro é mais caro que o australiano. Cada grama do brasileiro custa R$ 53,5 / 174 = R$ 0,307. Cada grama do australiano custa R$ 14,99 x 2,40 / 507 = R$ 0,071. Ou seja, o Metamucil brasileiro é 4,3 vezes mais caro que o australiano. Com a palavra os Senhores William Procter e James Gamble, já que ambos os produtos são importados dos Estados Unidos, da fábrica em Phoenix, Arizona.
Não há nada que justifique esse absurdo. A Austrália tem apenas 1/9 da população do Brasil, o que afasta a hipótese de economia de escala. Por mais que os impostos nos castiguem, custar quatro vezes mais não pode ser creditado apenas a eles. A não ser que o governo, como já disse anteriormente, tenha um acordo tácito em que a porteira fica aberta, porque quanto mais a Procter & Gamble cobrar, mais ele arrecada.
Mas não foi só o Metamucil que me impressionou. A lâmina do Gilette Mach3, o fio dental OralB que não esgarça, o palito que não tem farpa e não quebra, tudo é mais barato e de uma qualidade assustadoramente superior. O Toyota Corolla da minha filha tem acessórios que aqui não existem, como por exemplo o comutador automático de luz alta para baixa ao perceber que vem um carro no sentido contrário, ou uma luz na extremidade dos retrovisores que pisca quando há um carro no ponto cego, alertando o motorista a não mudar de faixa.
Enquanto isso aqui no Brasil a coisa se move no sentido contrário. Segundo a 4Rodas de maio o Toyota Corolla GLI perdeu rodas de liga, som, banco bipartido e volante multifuncional, O Golf, ao passar a ser produzido no México, perdeu freio de estacionamento elétrico, auto hold e ajuste automático de iluminação. O Palio Fire perdeu direção hidráulica. Mas o preço não caiu.
O papel higiênico, que media 40 metros, passou a ter apenas 30, sendo que o Neve Supreme, por ter folha tripla e "suavizar o cheiro do cestinho", tem apenas 20! As barras de chocolate, todas elas, ficaram menores. Mas o preço não mudou.
É da nossa cultura cordial encarar esses descalabros com resignação. Nossos asfaltos são meras cascas de ovo. Nossos viadutos caem ou não permitem que um ônibus saia ileso de suas curvas. Campinas, a minha cidade, se arvorou em fazer um parque esportivo para abrigar delegações durante as olimpíadas. O pouco que saiu do papel é inaproveitável. Acreditem se quiserem, mas as plataformas de salto ornamental foram feitas com o mesmo recuo, tornando impossível o seu uso. A equipe francesa esteve aqui e dado o grande atraso nas obras desistiu de Campinas.
É claro que poderíamos passar horas citando casos em que somos sistematicamente ludibriados, mas vamos ficar por aqui. Nossas instituições não estão preparadas para nos proteger, nem nós temos claro como nossa atribuição social reclamar desses abusos.
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