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Sobre o Pique


Minha atividade de tradutor / revisor voluntário da Fundação Lehmann (já houve quem criticasse o fato de eu estar trabalhando de graça para o homem mais rico do Brasil) me leva a, quando não concordo muito com a tradução de um trecho de um livro que estou lendo, procurar na Internet o original inglês e testar a tradução.

No caso em questão se trata de um livro que, no ocaso da vida que estou trilhando, teve a ousadia de me fazer concluir que se trata de um dos melhores que já li: “Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas”. Encontrei esse livro perdido numa queima de estoque da Livraria da Vila aqui em Campinas, a qual estava fechando. Trata-se de um livro de 1974 que estava na minha mira desde essa época, e eu resolvi leva-lo junto com uma coleção do Príncipe Valente, meu herói da juventude. Achei a versão em inglês de graça em pdf:

A palavra que despertou minha atenção era “pique”. Como se tratava de uma palavra fundamental para o entendimento de boa parte do livro, resolvi procura-la na versão original e encontrei “gumption”. Em ambas as línguas trata-se de uma palavra que os dicionários chamam de “coloquial”:

Gumption – n. colloq. 1 resourcefullness, initiative, enterprising spirit. 2 common sense.   [18th-c. Sc.: orig. unkn.] (Oxford English Reference Dictionary).

Meu envolvimento com essa palavra foi tanto que resolvi transformá-lo num Post que eu espero que alguém se dê ao trabalho de ler. O que tenho observado ao longo dos meus 75 anos é que o meu “pique” (é evidente que não gostei dessa tradução), ou meu “entusiasmo”, diminuiu linearmente com o tempo. Ou melhor, mudou de foco.
De uns 30 anos para cá comecei um novo tipo de lazer, a pescaria. No início foi um pouco com um sentimento de culpa por estar desperdiçando tanto tempo com uma atividade que em si não me oferecia uma justificativa “intelectual”. Só agora, lendo esse livro, pude perceber que eu sempre voltava das pescarias com outro espírito, com o meu estoque de entusiasmo cheio, pronto para fazer coisas que eu já não aguentava mais fazer, e das quais não mais quereria ouvir falar duas semanas depois. Só agora percebo que eu não estava perdendo tempo. O senso comum chama isso de “recarregar baterias”, mas o nosso corpo, como as baterias, com o tempo passa a solicitar uma recarga cada vez mais frequente.

Bom, levei algum tempo procurando outra palavra que justificasse o meu descontentamento com "pique" e não encontrei. Fica pique mesmo, e um desafio aos meus leitores para sugerir algo diferente. Estou sem pique pra isso. 

Lendo o livro aprendi que o pique é a “gasolina psíquica” (lembrem que o autor consertava motocicletas) que mantém o movimento das coisas. Sem ela é impossível consertar, mudar um estado de coisas que precisa ser mudado. Existem no entanto as chamadas armadilhas do pique, que na opinião do autor (notem que se trata de um livro dos anos 1970; não havia ainda a figura do coach), deveriam ser matéria obrigatória para a formação de um bom profissional.

Tradicionalmente se pensa que o pique é algo inato, ou que se adquire com uma boa educação. Pensando assim podemos concluir que a falta de iniciativa em um adulto é um caso sem solução. A verdade é outra; a iniciativa nasce de um reservatório de ânimo que pode variar de tamanho em função do entusiasmo pelo que você está fazendo.

As armadilhas ao pique importantes são aquelas que existem dentro de nós. Elas podem ser classificadas em 3 categorias:

Armadilhas de Valores

Entre essas armadilhas a mais importante é a Rigidez de Valores, que é a nossa incapacidade de reavaliação em função de uma dependência prévia a determinados valores. Ela é comumente chamada de diagnóstico prematuro. Você tem certeza do caminho a seguir, e quando percebe que ele não é o certo se vê na condição de procurar novas pistas. Isso o conduz a abandonar todas as opiniões anteriores, e não vai conseguir fazê-lo se seus valores não forem elásticos.

Devemos estar preparados para encarar um fato novo com a presunção de que ele já existia independentemente da consciência que temos dele. O que para nós é uma simples descoberta, se não nos dermos a liberdade de aceitá-la sem rigidez, ela nunca vai passar de um fato insignificante que se perderá entre os milhões de fatos que nos cercam. 

Caso se venha a ficar preso em uma armadilha de valores o que se tem que fazer, seguindo a cultura popular, é contar até 10, é ir com calma. Você está forçado a fazer isso de qualquer forma. Adotar um ritmo mais lento, repassar o que já foi feito verificando se as coisas que considerou importantes eram realmente importantes. É claro que esse fato novo pode não ser a solução do seu problema, mas você tem que tratá-lo com a importância que a situação exige, até para descartá-lo se for o caso. 

É a armadilha de valores que leva o macaco a não tirar a mão da cumbuca que está presa a um poste. Para se ver livre da armadilha ele tem que abrir mão do arroz que ele pegou lá dentro, mas a sua rigidez de valores não o faz perceber que se desistir de levar o arroz terá a liberdade como recompensa.

Outra armadilha de valor é a do Ego. Essa armadilha não está totalmente desvinculada da anterior. e pode até ser considerada uma de suas causas. Se você se tem em alta conta, isso vai enfraquecer sua capacidade de observação, seu ego tende a mantê-lo isolado da realidade, sua tendência é não admitir os fatos que mostram que você errou. Você tende a acreditar nas informações falsas porque foi você que as impôs e elas contribuem para a sua boa imagem. 

Se a modéstia não é o seu fraco, a única solução para o seu caso é ser teatral, é representar uma atitude de falsa modéstia. Só você sabe que está representando, e o fato de você reconhecer que não é o bom tenderá a aumentar o seu entusiasmo quando você perceber que isso é verdade. Reconhecer o erro, ao contrario do que pensamos, aumenta a confiança dos outros em você, 

Mais uma armadilha de valor: a da Ansiedade. Essa é o contraponto à armadilha do ego. Você tem certeza de que vai dar tudo errado e tem medo de tomar qualquer iniciativa. Aqui não estamos falando de preguiça. Estamos num estágio posterior ao início do processo e essa armadilha é resultante do excesso de motivação, no qual a vontade de fazer tudo certo gera um cuidado excessivo em tudo o que você faz. Esses erros tendem a confirmar o mau juízo que você tem de si mesmo, o que faz com que eles se multipliquem, formando um círculo vicioso. 

Para quebrar esse ciclo será necessário jogar no papel as suas ansiedades. Se informar melhor sobre o que você está fazendo. Na medida em que você descobre coisas novas sobre a sua tarefa a sua ansiedade vai diminuir. Essa atividade pode levar tempo, mas ele sará compensado pelo tempo que você iria perder tomando atitudes precipitadas. Você também deve levar em conta o fato de que ninguém nesse mundo deixou de passar pela experiência de ter tomado uma má decisão vez por outra.

Passemos agora ao Tédio, que é o oposto da ansiedade e está muito vinculado ao ego. Ele é o aviso que você perdeu o rumo, está perdido, sua reserva de pique se exauriu, e tem que ser reposta. Quando você se sentir entediado, PARE. Vá ao shopping, ligue a TV, leia um livro que nada tenha a ver com o assunto. Se você não parar você não tem salvação. 

O sono é um bom remédio para o tédio. É difícil continuar entediado depois de um bom sono. Depois do sono, café e uma revisão nas coisas que estão prontas. Rever o que já foi feito pode parecer tedioso quando você está a mil e as coisas estão andando bem, mas aqui e agora é uma atividade necessária, e você vai perceber isso na medida em que progride na revisão. Existe satisfação em se revisitar lugares já conhecidos. 

A Impaciência é uma armadilha bem próxima do tédio, mas é o resultado de se subestimar o tempo que o processo vai levar. Na verdade são pouquíssimos os processos que duram exatamente o que estava planejado, até porque há sempre uma pressão para se encurtar esse tempo. A reação aos reveses junto com a premência do tempo resulta na impaciência, que se não for devidamente tratada pode se transformar em raiva.

Na nossa vida profissional é difícil lidar com a impaciência, Seria necessário não definir o tempo necessário. É o que fazem por exemplo os cientistas. Quando se chegar à necessidade de se trabalhar com o planejamento, uma forma de se evitar mexer no tempo é diminuir o alcance do seu objetivo, flexibilizar os valores, o que pode resultar numa leve perda de pique, mas que não se compara à perda pior que pode ocorrer se você sucumbir à impaciência.

O mais difícil quando se está imerso em um processo é reconhecer que você caiu em uma armadilha dessas. O que tem que ser feito para sair dela é mera conclusão desse reconhecimento, que na maioria das vezes é difícil e só a experiência vai ajudar.

Armadilhas Relacionadas à Verdade

Essa armadilha tornou-se comum na medida em que a lógica dualista, com o  apoio do desenvolvimento tecnológico, tomou conta de nós. Ela se aplica naqueles casos específicos em que a coisa não é resolvida por uma resposta sim ou por uma resposta não. 

Um ou zero. A lógica binária. É assim que funcionam os computadores. A natureza no entanto não funciona assim. Nela existe um terceiro termo lógico possível, equivalente ao sim e ao não, que seria definido como "coisa nenhuma". O contexto da questão em foco seria tal que qualquer resposta "sim" ou "não" estaria errada, logo ela não deveria ser dada. 

A natureza de coisas que tendem a fugir ao nosso entendimento seriam melhor aceitas se contassem com esta terceira opção lógica. Os dogmas existentes por exemplo nas religiões monoteístas são resultado disso. Muitas barbaridades foram cometidas por não aceitarmos a possibilidade de que certos questionamentos devem ter uma alternativa ao sim e ao não. Cabe ao sacerdote, ao rabino ou ao imã definir de forma incontestável se uma afirmação é verdadeira ou falsa. Já a filosofia oriental tem uma palavra pra essa terceira via: mu. Existem coisas naturais que não podem ser entendidas por perguntas que exijam respostas sim ou não. 

Com enorme frequência os resultados fornecem respostas mu às perguntas, e o responsável chega à conclusão que houve um erro de projeto. No entanto essa é uma avaliação fraca. A resposta mu está dizendo que o contexto da pergunta é pequeno demais para a resposta que a natureza dá. 

Eu me deparei com uma resposta dessas quando fiz um projeto lógico com uma máquina de 18 estados. Estados são situações em que um sistema pode ser encontrado funcionando. Para chegar a ter 18 estados eu precisava de uma memória de 5 dígitos binários, mas 5 dígitos binários me fornecem na realidade 32 estados, mais do que os 18 de que eu necessitava. Terminado o projeto descobri que havia situações em que ao ser ligada a máquina não funcionava de jeito nenhum. Desligava e ligava de novo e ela funcionava. Percebi que a natureza me pregava peças de vez em quando, fazendo com que ao ser ligada a máquina assumia um estado que não estava entre os 18 que eu havia definido, mas sim entre os 14 restantes. Aprendi então se eu quisesse gerar uma máquina perfeita ela teria que ter 32 estados, não 18. Eu tinha dado à natureza a opção de me dizer: não vou pra nenhum dos 18 estados que você me impôs como dogma; sou maior que isso. 

A definição da terceira via é a solução de praticamente todas as armadilhas relacionadas à verdade; passemos então a uma nova forma de armadilha.

Armadilhas Psicomotoras

Nesse campo domina a falta das ferramentas adequadas. Não há nada mais desmoralizante que a falta da ferramenta certa. Tive uma experiência interessante no dia em que um gerente meu compareceu a uma fase posterior a uma abertura de propostas, onde nos era permitido copiar as propostas concorrentes. Tínhamos levado um máquina copiadora manual, na intenção de copiar aquilo que nos interessava nas outras propostas. Um concorrente apareceu com um terceirizado que levou consigo uma máquina que em meia hora copiou absolutamente tudo dos concorrentes. 

Ainda bem que, terminada a operação, o concorrente se foi, e o meu gerente teve o expediente de ali mesmo contratar o dono da máquina. 

Um mau ambiente também é uma enorme armadilha para o pique. A iluminação fraca, o desconforto físico, o calor ou o frio em excesso, devem ser evitados para que o processo flua sem perda de pique. E isso nem sempre é levado em conta, principalmente nas atividades mais simples. Os vídeos que assisto de chineses montando edifícios em semanas, pontes ferroviárias em horas, usando ferramentas incríveis para treinamento de seus bombeiros, mostram que eles assumiram a vanguarda nesse quesito. 

Conclusão:

Aprendi com os quarenta anos de labuta que os procedimentos adotados pelas empresas modernas são altamente mutiladoras do pique. A empresa é na verdade semelhante a um rio, que possui nascentes ao longo do seu curso mas na verdade o elemento mais importante é a sua foz. É por lá que sai o seu produto e é lá que é depositado o lucro. Os elementos verdadeiramente criativos estão longe da foz, e a facilidade com que perdem o pique é maior.

Um exemplo:

Um luminar de uma empresa para a qual trabalhei, um "Power Point Boy" lançou a ideia de que instalando mais de 40 satélites de órbita baixa, que giram em uma órbita mais rápida que a da Terra, daria uma imensa vantagem competitiva nas ligações internacionais. Bilhões de dólares foram gastos para se criar a infraestrutura composta dos satélites e dos telefones imensos que se comunicariam através dos satélites. Detalhe: as ligações teriam que ser feitas ao ar livre, em visada direta com os satélites. 

O minucioso plano de negócios não previu um fato elementar: que as operadoras de celular poderiam facilmente criar um ferramenta muito mais simples e eficaz, o "roaming internacional". O resultado dessa aventura foi uma imensa sucata de satélites e um numero de usuários que se limitaram ao Amyr Klink quando fez a sua travessia a remo do Atlântico e mais alguns gatos pingados. 

Power Point Boys para mim são aqueles MBAs que se acham, que se encontram na foz das empresas sem sequer saber onde nascem as águas. Pois bem; um belo dia recebi a visita de um cara desses que viajou da sede para São Paulo tentando nos convencer a colocar um avião em permanente órbita em torno da Grande São Paulo, para dar utilidade ao imenso estoque de aparelhos que não foram utilizados. 

A rigidez de valores e o ego foram armadilhas que não foram consideradas nesse empreendimento. Aliás, essa mesma empresa teve a arrogância de achar que, sendo ela a líder do mercado de celulares analógicos, dormiu em cima dos louros e foi rapidamente ultrapassada. A chamada "destruição criativa" existe pra isso.

Mais um exemplo:

A arrogância baixou no mercado de telefonia fixa quando o governo decidiu que a concorrência podia ser criada por lei, e inventou as chamadas Empresas Espelho. Cada concessionária de telefonia fixa e celular teria concorrentes que compraram as licenças para operar a preço de ouro. 

Tudo deu errado. As Espelho de telefonia fixa concluíram que seria muito mais fácil concorrer com uma estrutura celular, e para cumprir os prazos definidos pela concessão espalharam nas cidades concedidas milhares de torres celulares. Os aparelhos que iriam se comunicar com as torres eram comprados por telefone e entregues pelo Sedex. Bastava dar o nome, o endereço e o CPF. 

O nome e o CPF estavam nos cheques que você usava para pagar suas contas no restaurante ou no supermercado (se lembram desse tempo?). O resultado dessa iniciativa de marketing foi que prêmios foram dados pelo cumprimentos das metas, e centenas de milhares de aparelhos foram perdidos. Eles não estavam com os nomes constantes nos contratos, e quando a conta chegava ela era simplesmente jogada no lixo. O dono do cheque que tinha gerado a compra era acessado e dizia que não morava naquele local. A linha era desligada e o aparelho também ia para o lixo.

Um episódio interessante aconteceu com um gerente meu que foi enviado para uma "comunidade" onde um cliente da minha empresa a acusava do incêndio em seu barraco provocado por um aparelho, que chamávamos de estação rádio base e custavam 300 dólares. A imprensa estava lá, ele chamou a comunidade de favela e passou por maus momentos, e o barraco teve que ser indenizado. Detalhe: a estação estava intacta; só a tomada estava queimada. 

Esse episódio me fez lembrar que certa vez li algo sobre as fases de um empreendimento. São elas:

  • Entusiasmo
  • Euforia
  • Pãnico
  • Procura dos culpados
  • Punição dos inocentes
  • Premiação dos que não participaram
A empresa acabou sendo vendida pelo valor simbólico de 1 dólar. 


Comentários

  1. Meu amigo e colega de turma Horácio, *ITA 67", indicou dois erros no Post que foram devidamente corrigidos.

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  2. Texto rico e interessante, mas por ser longo vai requerer segundas e talvez terceiras leituras. Vou compartilhar com a Claudinha e ela certamente vai enriquecer os comentários

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