A PARTICIPAÇÃO DO FUTEBOL NO MEIO SOCIOPOLÍTICO, e vice versa. Parte 3 - RACISMO / CONCLUSÃO - Enzo Fontenelle Alfonso
RACISMO:
O Brasil não foge muito desse
padrão, já que sempre teve seu meio futebolístico rodeado por racismo. No
entanto, foi em território brasileiro que o povo testemunhou um dos primeiros
atos que defendiam a inserção do negro no que até então era um mero esporte
amador. Estou falando, é claro, do que fez a Ponte Preta, clube campineiro
também conhecido pelo apelido de Macaca. Apelido esse que tem sua origem
racista e faz alusão justamente a relação da Ponte Preta com a população negra.
Desde quando iniciou atividades em 11 de Agosto de 1900, a “Ponte” sempre teve importantíssima participação dos negros em sua história, inclusive na própria fundação do clube com Benedito Aranha, e na formação do primeiro time titular com o jogador Miguel do Carmo. Miguel do Carmo, que aliás, foi o primeiro jogador negro a atuar em um clube brasileiro, pelo que se tem registro.
Foto de Miguel ‘Migué” Carmo e o time de futebol da Ponte Preta na década de 1900. Disponível em: https://terceirotempo.uol.com.br/ e https://www.cidadeecultura.com/.
A “Ponte”, no entanto, de maneira muito semelhante ao que fez o Palmeiras e o Flamengo, decidiu contornar a situação adotando os apelidos que lhe eram dados, tudo feito com muito orgulho. Os trechos abaixo foram retirados do site oficial da Ponte Preta e exemplificam melhor como uma ofensa acabou se tornando um símbolo e dando uma identidade maior ao clube.
“Em
uma época em que o conceito de racismo mal era conhecido, os rivais falavam que
a torcida era formada por “macacos”, que o time era uma “macacada”. Em vez de
brigar, a torcida transformou a hostilidade em bom-humor e assumiu o apelido: a
Ponte tem orgulho desde sempre de ser a Macaca, todos os seus torcedores amam a
Macaquinha e fazem questão de ser os macacos do alambrado”.
“Seja
no campo, na torcida ou em sua diretoria, a Ponte Preta segue um conceito que
espera ver amplamente popularizado no mundo: aqui há uma única raça, a raça
humana. Além dessa, só aquela que nossos jogadores mostram em campo”.
Esse foi de fato um feito inédito e
revolucionário até então, já que estamos falando de algo que aconteceu no
início do século XX, onde o próprio trecho acima cita, o Racismo era mais
aceitável dentro do esporte do que o próprio negro. O feito ponte-pretano foi
tão inédito que o clube, inclusive, já requisitou junto à FIFA o reconhecimento
internacional por ter sido o primeiro caso de aplicação da democracia racial
dentro de um clube, e mesmo tendo casos muito semelhantes contemporâneos no
futebol carioca (Bangu e Vasco da Gama) o clube do interior paulista defende
com unhas e dentes que foram os precursores de tudo isso.
Porém, se buscarmos enxergar com uma
perspectiva mais realista para o mundo que nos cerca, vemos que no fundo lutas
como essa não serviram de muita coisa até aqui. Casos de xenofobia e principalmente
de racismo têm se tornado cada vez mais recorrentes dentro da nossa sociedade,
tal como no futebol. Dizer que a Ponte Preta e sua belíssima história não
serviram de exemplo como deveriam, seja dentro do futebol ou até mesmo fora
dele, gera até um certo desconforto. Mostra que nós como seres humanos não
evoluímos nada nesse quesito (Racial).
Quando
digo que isso tem se tornado algo recorrente, digo em relação ao Brasil, que
como todos devem saber é terrível, mas me refiro principalmente a Europa, ao futebol
europeu. Não faz muito tempo que presenciamos cenas lamentáveis envolvendo os
jogadores Taison e Dentinho, enquanto atuavam pelo Shakhtar Donetsk, grande
clube da Ucrânia.
O
clube fundado na cidade de Donetsk, em 1936 sempre foi muito dominante tanto no
cenário nacional quanto internacional, já que está sempre disputando grandes
torneios como a Champions League, a Europa League, etc. Para isso, sempre
precisou contar com a ajuda de grandes talentos brasileiros, como é o exemplo
do próprio Taison, Marlos, agora naturalizado Ucraniano; Dentinho, Ismaily,
Dodô, Marcos Antônio, enfim, esses são apenas alguns nomes mais atuais e que
foram importantes para a atual fase do clube.
Porém, durante a partida entre
Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev em novembro de 2019 válida pelo campeonato
Ucraniano, os jogadores brasileiros ali presentes testemunharam algo que ficará
marcado para sempre em suas vidas, no péssimo sentido. Por volta dos 30 minutos
do segundo tempo, torcedores do time da capital ucraniana começaram a
verbalizar toda a sua ignorância e preconceito em cantos e ofensas racistas
direcionadas aos brasileiros.
Taison, ídolo do Sport Clube Internacional, time do Sul do Brasil, se revoltou com a situação e como resposta mostrou o dedo àqueles que o estavam ofendendo. Porém, além de ser ofendido e humilhado pela torcida adversária, Taison foi punido pela segunda vez na partida, recebendo o cartão vermelho pelo gesto obsceno direcionado aos racistas, e junto com seu companheiro de clube Dentinho, saiu de campo chorando.
Taison
mostrando o dedo do meio aos torcedores. Disponível em:https://extra.globo.com/.
Taison saindo de campo chorando. Disponível em: https://oglobo.globo.com/
O mais curioso disso tudo é que o
único a ser punido nessa situação foi o
próprio jogador que respondeu às ofensas, e não aqueles que o ofenderam. Apesar
de alguns pedidos dos jogadores do Shakhtar, o jogo não foi paralizado, o clube
do Dínamo não se responsabilizou pela torcida e a mesma também não recebeu punições.
Uma verdadeira vergonha por parte das entidades responsáveis!
No entanto, todo esse alvoroço vindo
da região Leste da Europa (Rússia, Ucrânia, Hungria, Bulgária, etc.) já não me
surpreende tanto quanto deveria, já que lá muitos clubes, com o apoio de sua
torcida, claro, hora ou outra declaram abertamente que não são favoráveis a ida
de jogadores negros para o futebol de lá, simples assim. Eles chamam isso de
tradição. Quer dizer então que faz parte da tradição do clube a não contratação
de jogadores negros? É por isso que digo, ou melhor, escrevo, que a luta de
clubes como a Ponte Preta, Vasco, etc., não valeu de nada. O mundo como um todo
não foi nem parcialmente impactado por isso.
Nem mesmo a própria Champions
League, o maior torneio de clubes do mundo, se manteve imune da recorrência de
atos raciais. Dessa vez em 2020, um ano depois do caso Taison e Dentinho, não
só o continente europeu, mas o mundo, testemunhou mais um trágico caso de
racismo dentro das quatro linhas.
Durante uma partida protagonizada
por Paris Saint Germain (França), e Stanbül Basaksehir (Turquia) válida pela
fase de grupos da Liga dos Campeões, vimos a prova de que ainda não estamos
totalmente no mesmo caminho para acabar com o preconceito racial. Dessa vez, no
entanto, a situação foi um pouco diferente do que ocorreu na Ucrânia.
O árbitro estava prestes a apitar o
início da partida, ambos os times estavam a postos, era um jogo importantíssimo
para os times pois a situação no Grupo H era um pouco complicada. E BOLA
ROLANDO! A partida estava indo bem, apesar do 0 x 0 e não havia nada com que se
preocupar exceto o valor dela, em si. Porém, alguns jogadores do banco do
Basaksehir começaram a ficar um pouco mais eufóricos do que o normal. Estavam
indignados com o quarto árbitro, aquele que fica à beira do campo, e começaram
a cercá-lo. Marcou alguma falta errada, uma punição indevida? Não. Bem pior!
Por volta dos 15 minutos do primeiro
tempo, o quarto árbitro, Sebastien Coltescu, chegou ao assistente técnico do
clube turco, Pierre Webo e simplesmente o expulsou, aparentemente por algum
tipo de reclamação. Porém ao mandar o assistente se retirar da beira do campo,
a frase “Saia daí seu negro!” foi proferida. Demba Ba, jogador do Stanbül, de
forma justíssima, se mostrou indignado com a situação. O jogador disse o
seguinte ao quarto árbitro Romeno:
Não demorou muito para que Demba Ba e seus companheiros de
clube começassem a ganhar o apoio de todos alí envolvidos, inclusive do time do
PSG, que apesar de não terem presenciado a infeliz “escolha de palavras” do
quarto árbitro, se fizeram tão presentes como aqueles que a conseguiram ouvir .
Até porque, essa era uma situação extremamente séria e que independente do que
fosse ocorrer depois disso, certamente iria influenciar o resto da partida.
Apenas um monstro tal como Sebastien não se incomodaria com o que estava
acontecendo dentro do gramado.
Os craques que formam a dupla de
ataque do PSG, Neymar e Mbappe, ambos também jogadores negros, foram justamente
aqueles que tiveram a maior atenção dos holofotes, principalmente depois de
confrontarem o árbitro principal dizendo que se Sebastien Coltescu continuasse
a participar da partida, não só eles como o resto do time não estariam dentro
de campo para finalizá-la.
Neymar e Mbappe confrontam o árbitro sobre a atitude de seu colega. Disponível em:https://esportes.r7.com/.
Foi exatamente isso que aconteceu. A
partida ficou paralisada por muito tempo e o clima dentro das quatro linhas era
cada vez menos amistoso. Devido à imensa mobilização de todos ali presentes,
não demorou muito para que a partida fosse encerrada de vez e reagendada para
uma outra data a ver. Pendendo agora para o lado pessoal, o quarto árbitro
felizmente não teve a mesma sorte de ter outro compromisso marcado no
calendário, já que o mesmo não só foi suspenso de qualquer atividade
futebolística profissional como também teve seu nome sujo por injúria racial.
Esse caso, apesar de marcar a
história do futebol a princípio de forma
negativa, já que é o primeiro caso registrado de racismo interno a ocorrer
durante uma edição de Champions, pode sim ser considerado um marco dentro do
mundo do futebol. Nunca na história desse esporte, principalmente na história
do continente europeu, houve um movimento interno tão grande que fosse capaz de
paralisar e adiar o espetáculo à parte que é uma partida de futebol, ainda mais
quando os atores do show são aqueles que se mobilizam.
Dessa vez, houve um sentimento
mútuo, todos decidiram agir juntos, lutar juntos, e tomar o problema para si,
até porque quem perde em situações como essa somos todos nós seres humanos,
esteja você se encaixando nela ou não. No caso anterior, em Donetsk, houve
justamente a falta dessa empatia, de tratar a situação como ela deveria ter
sido tratada. Esperava-se uma reação dos jogadores e juízes, porém, nesse caso,
nem mesmo a própria torcida do Shakhtar fez questão de defender as vítimas. A
única maneira de evitar que casos como esse continuem frequentes é utilizar
mais empatia e menos ignorância, principalmente quando se trata de um tema tão
sério como esse.
Agora, partindo para o “final feliz”
da história (se é que há um), o tema do racismo e da desigualdade racial
felizmente não vive só de maus exemplos dentro do esporte. Vimos o exemplo da
Ponte Preta anteriormente, claro, mas hoje em dia a busca pela igualdade e pelo
fim do racismo ainda se mantém muito bem representada no mundo do futebol. É um
tema que tem estado muito em alta dentro da nossa sociedade atual, muito por
conta dos diversos protestos e revoltas ocorrendo no mundo todo envolvendo o
tabu do racismo. Dito isso, a esse ponto do trabalho, se tem uma coisa que você
leitor já deve ter notado é que tudo que ocorre na sociedade acaba refletindo
no futebol. É sempre muito importante reforçar tal associação.
Justamente por ser um tema muito
debatido atualmente, entidades e associações
do âmbito futebolístico decidiram adotar o movimento e fazer sua parte
nessa luta que é a busca pela igualdade racial, luta essa que tem sido
prolongada por mais de meio milênio. A Premier League, em especial, foi a que
mais obteve destaque entre todas as outras ligas da Europa Ocidental. Sim, essa
é a mesma Premier League que foi citada na parte da homofobia e do apoio à
comunidade LGBTQ+. Fato é que a Liga Inglesa de Futebol tem sido exemplo de
como utilizar de pautas polêmicas que cercam nosso cotidiano e as trazer para o
palco do futebol, servindo até mesmo como forma de estudo da própria sociologia
em si.
Esse movimento nada mais é do que o
“Black Lives Matter”, e é algo idêntico, na verdade, ao que vinha sendo feito
dentro de outros esportes muito populares dos Estados Unidos, como o basquete e
o futebol americano. Alguns atletas na Fórmula 1 como Lewis Hamilton também
decidiram prestar homenagem ao movimento. No futebol, porém, a Premier League
foi a pioneira na introdução desse assunto, seguida da Bundesliga, a liga
alemã, e do próprio Brasileirão.
O movimento realizado dentro da Liga
inglesa e em outras ligas consiste basicamente no gesto de se ajoelhar com uma
perna e levantar um dos braços com o punho cerrado. Isso é tradicionalmente
realizado antes das partidas e na comemoração dos gols. Porém, como é de
Premier League que estamos falando, é meio óbvio que haveria todo um cenário em
volta desse tema. Além das mídias sociais dos clubes estarem devidamente
decoradas, as camisas dos jogadores, ao invés de normalmente terem seus nomes nelas,
estampavam a frase “Black Live Matters”, ou “Vidas Negras Importam”.
O Presidente executivo da Premier League, Richard Masters, nos dando uma maior perspectiva do que são na verdade esses protestos, além de nos mostrar como é o processo de inserção das manifestações dentro dos estádios, disse o seguinte sobre apoiar causas como essa:
"Os
jogadores estão acostumados a ser portadores de mensagens de outras pessoas e
nesta ocasião eles queriam fazer duas declarações muito claras como jogadores,
apoiados pela Premier League e pelos clubes: Agradecendo ao NHS (Serviço
Nacional de Saúde britânico) E também reconhecendo os problemas que estão
acontecendo em todo o mundo, apoiando o sentimento do Black Lives Matter"
"Estamos traçando uma clara distinção entre uma causa moral e um movimento ou agenda política. Embora possa haver uma dificuldade em separar os dois, nossa posição é clara: política não, causas morais sim”.
Jogadores prestam um minuto de silêncio e se ajoelham antes do apito inicial. Algo bem comum antes das partidas até hoje. Disponível em: https://ge.globo.com/.
Manga da camisa dos jogadores estampando a frase “No room for racism”, ou “Sem espaço para racismo”. Disponível em: https://www.premierleague.com/.
Como já citado anteriormente, o
movimento e seu marcante nome não surgiram dentro do esporte. Aliás, diferente
do que muitos devem pensar, ele nem é algo tão recente assim. É fato que ele se
popularizou ainda mais depois do que ocorreu nos Estados Unidos, com toda a
tragédia que foi o caso George Floyd, cidadão negro que morreu sufocado por um
policial branco que estava abusando de sua autoridade. Esse foi um dos fatores
fundamentais que ressuscitaram, ou melhor, que disseminaram o movimento mundo
afora, e que foi responsável por gerar toda a revolta que vimos de 2020 para
cá, como foi nos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. Claro, como pudemos
ver, isso também gerou um grande impacto
no mundo dos esportes.
Porém, o movimento, na verdade, é um
pouco mais antigo que isso, e foi criado em 2013 como fruto da união de três
grandes mulheres que são muito ativas na busca por maiores direitos para a
população negra. São elas: Patrisse Cullors, Opal Tometi e Alicia Garza. A razão
destas mulheres se unirem e criarem o “Black Lives Matter” é muito semelhante
ao que ocorreu com George Floyd sete anos depois.
O abuso de autoridade policial foi responsável por fazer outra vítima no ano de 2013, neste caso foi Trayvon Martin, jovem afro-americano de apenas 17 anos, que foi morto a tiros pelo policial George Zimmerman. Após isso houve um longo julgamento ao qual George foi absolvido, o que gerou a revolta de todos na época, principalmente de Alicia Garza, que cansou de ver coisas como essa acontecendo como se fosse algo comum e decidiu botar a mão na massa para acabar de vez com essa triste situação. Após se juntar com Patrisse e Opal, professoras e escritoras assim como ela, criaram o “Black Live Matters”, movimento / organização política que se tornou fundamental na luta pela igualdade racial hoje em dia, ou pela “Libertação”, como o próprio site prefere chamar.
CONCLUSÃO
- A NATURALIDADE DESSAS MANIFESTAÇÕES E A IMPORTÂNCIA DELAS NO ESPORTE FUTEBOL:
O
trabalho tinha como principal objetivo mostrar a maneira que o futebol tem se
relacionado com importantes pautas sociopolíticas no decorrer de sua
existência, seja de maneira ruim ou boa. Porém, mostrar como essa relação se
manifestava dentro de campo era algo fundamental. Vimos que essas manifestações
ora aconteciam com uma certa espontaneidade, ora não. Muitas de fato eram
incentivos por parte de federações, como é o que fez a Premier League em ambas
as situações citadas; mas elas também ocorriam de maneira natural, como o que
aconteceu com Leon Goretzka, Neymar Jr e companhia, enfim.
O fato desses movimentos e
manifestações acontecerem de forma natural é mais do que aceitável; afinal, os
jogadores são todos humanos que lutam por causas humanas e que se expressam de
maneira humana, e isso muitas vezes passa despercebido por aqueles que acham
que é “mimimi” ou que “simplesmente” são contra as causas apoiadas.
Como citei algumas vezes no
desenvolvimento do texto, o futebol, apesar de ter tomado novos rumos em sua
história, ainda possui torcedores e membros do mais alto escalão que
aparentemente pararam no tempo e mantém suas opiniões conservadoras em relação
a esse esporte. Porém, obviamente não são só as pessoas dentro do meio
futebolístico que vivem na alienação e da pura ignorância. Muitos que acabam
não acompanhando aquilo que cerca esse maravilhoso esporte, também não esperam
grandes coisas, acham que é apenas mais um esporte que paga bem seus atletas e
que hora ou outra lotam os trending topics do twitter. No entanto, quando ouvem
de alguns casos inclusive citados nesse trabalho, se surpreendem. Não esperam
que o futebol possa ser algo tão profundo e com importantes temas a serem
debatidos.
Essas pessoas simplesmente não
entendem que o futebol nada mais é do que um reflexo daquilo que nos cerca e
que pautas como essa são tão necessárias dentro de um estádio como o Maracanã
ou de qualquer outro campo, como fora dele, na nossa sociedade. Ou melhor, o
campo de futebol também faz parte dessa nossa sociedade. Essa é uma outra tecla
que tenho batido muito no decorrer do trabalho.
Ou seja, acho que deixei
suficientemente claro que a relação que o futebol possui com pautas sociais, e a
maneira com que elas se manifestam, são de auxílio fundamental para que possamos evoluir como sociedade.
A discussão dessas pautas em ambientes em que normalmente não as viam mostra
que a busca pela mudança é claramente uma tentativa de concretizar tal
objetivo, seja através da igualdade racial, a aceitação da comunidade LGBTQ, a
democratização social no esporte, ou até mesmo a exclusão daqueles que utilizam
dele para o mal. Até porque um meio tão popular e influente como o futebol, que
em tempos passados e sombrios sempre fez o papel de alienar a população, com o
uso do bom e velho “pão e circo”, dessa
vez merece ser usado para uma causa nobre e digna, que é transformar o mundo.
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