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A Alemanha de Angela Merkel

Nada como um (a) líder para fazer um país caminhar no rumo certo. E pensar que a Dilma se atreveu a dar conselhos a Angela quando de sua visita à Alemanha....

Senão vejamos:
  • Barac Obama promete, ou intenciona, receber no decorrer de 2016 dez mil homens, mulheres e crianças que fugiram da guerra da Síria. Isso corresponde a exatos 0,0038% da sua população. Cada 26.000 americanos irão receber um refugiado sírio.
  • A Grã bretanha prometeu revisar a sua política de asilo para acolher até 20 mil refugiados nos próximos 5 anos, ou 4 mil refugiados por ano. Em 2016 cada 15.000 britânicos irão receber um refugiado.
  • Já a Alemanha recebeu apenas este ano, em 9 meses, 800 mil pessoas. Cada 100 alemães já receberam 1 refugiado. Esse número representa mais que todo o restante da Europa. 
Uma conhecida minha entende que Angela Merkel enlouqueceu, porque essas pessoas estavam matando cristãos em seus países (entra aqui de novo o velho argumento religioso, que tanto mal causa à humanidade). Esses coitados são vítimas de políticas equivocadas de regimes ocidentais, que remontam ao tempo das Cruzadas. 

Mas deixa pra lá. Eu quero falar é da Angela. Era de se esperar que sua generosidade incentivaria aos outros países seguir o seu exemplo, mas não é exatamente isso que estamos vendo: a Alemanha está sendo criticada por ter violado acordos da União Europeia, criando uma atração que resultará em mais refugiados, aumentando a infiltração dos fundamentalistas. Alguns exemplos:
  • Victor Orban, primeiro ministro da Hungria: "o problema não é europeu, é alemão".
  • Marine Le Pen, líder da Frente Nacional francesa: "a Alemanha deve achar que sua população está moribunda e provavelmente pretende baixar os salários para continuar recrutando escravos por meio da imigração em massa" (uma referência aos trabalhos forçados da política nazista).
  • Mesmo na Alemanha existe reação, com caricaturas ligando Merkel a Hitler.
  • Protestos são realizados na Polônia, em Portugal, na Espanha, na Itália e na Grécia.
A Grécia em particular, durante as negociações da sua dívida, teve um vídeo de propaganda aprovado pelo governo que mostrava imagens da invasão nazista à Grécia, com um texto que dizia: "Exigimos o que a Alemanha nos deve". É forçar um pouco a realidade entender que os problemas gregos atuais decorrem da segunda guerra mundial.

Na Itália surgiu um livro publicado por jornalistas da TV RAI com o título: "O Quarto Reich: como a Alemanha dominou a Europa". Segundo eles, desta vez os alemães usaram o Euro no lugar dos tanques. 

Na minha opinião o que os alemães querem é se livrar do ocorrido na segunda guerra, com uma atitude proativa, baseada na austeridade e na tentativa de se livrar da pecha que está impregnada na perversidade documentada em toda a sua história. É um absurdo a referência a antigos ódios para justificar a oposição à estratégia alemã atual, que consiste no empenho em superar o passado.

Após a segunda guerra a Alemanha Ocidental recebeu 3 milhões de europeus orientais que fugiam da União Soviética. Na década de 1990 vieram 500 mil pessoas que fugiam da guerra dos Bálcãs. Ou seja, a imigração na Alemanha é quase toda decorrente de conflitos nos locais de origem dos imigrantes, e não de políticas de reposição da sua população. 

Temos que reconhecer que o mundo atual não é mais o mundo pós guerra, e a Alemanha parece, paradoxalmente em relação à sua história, ser o país mais preparado para enfrentar o papel que cabe às nações desenvolvidas. Prova disso foi o rastro de simpatia que a Seleção Alemã deixou em nosso país durante a Copa de 2016. Ao entrar com a camisa do Flamengo para nos impor os 7 x 1, ela teve um comportamento tão simpático que é difícil hoje alguém odiá-la por esse vexame. 

A meu ver, como bem disse o Roberto Pompeu de Toledo, temos mais um 7 x 1 à vista. 

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