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A Oposição do Eu Sozinho

O País está em estado terminal. Quem diz isso é o Financial Times de 14 de setembro: "Se o Brasil fosse um paciente internado, os médicos do pronto socorro o diagnosticariam como doente terminal".

Diante disso tudo era de se esperar por parte da Oposição, mais especificamente por parte do PSDB, o partido que perdeu quatro eleições seguidas e ainda não aprendeu a ser oposição, um comportamento condizente com um partido que pretende ser a alternativa a essa situação em que fomos jogados.

Esqueçam. O PSDB é tão incompetente quanto o PT no encaminhamento de uma proposta salvadora. Prova disso foi o seu comportamento inconsequente na votação do fator previdenciário, mecanismo que ele mesmo inventou para tentar sanar as contas da previdência e que, por estar na oposição, resolveu derrubar. Ouçam bem, senhores Aécio, Serra, ou quem quer que venha a se candidatar na próxima eleição: eu vou votar em vocês mas não acredito mais em vocês, vou votar por exclusão.

Diante desse deserto de lideranças em que nos encontramos, surge a figura de Gilmar Mendes, tido e havido como o "líder da oposição" no STF, alcunha com a qual ele não concorda, mas com a qual convive desde 2009, que culminou com reportagem publicada na Veja de maio de 2012, que denunciou um encontro ele Lula e Gilmar no escritório de Nelson Jobim, ex presidente do STF.

Sob o argumento de que Gilmar tinha viajado para Berlim em avião do contraventor Carlinhos Cachoeira, Lula tentou chantagear Gilmar, ameaçando revelar o fato caso ele não defendesse o PT no caso Mensalão, adiando o processo para depois das eleições municipais daquele ano. Gilmar, perplexo, disse ter viajado por sua própria conta e tinha como provar isso, e se apressou em relatar a conversa a Aires Britto, presidente do STF.

Lula deve ter se arrependido em mexer com tamanho vespeiro. Podemos dizer que, hoje, ninguém faz oposição no país como Gilmar. Diante dele os líderes do PSDB parecem mais normalistas fofocando de suas desafetas (ainda existem normalistas?). Sua fala é de uma agressividade que, se não condiz inteiramente com o comportamento de um homem togado, está em total afinidade com o sentimento das pessoas que possuem ainda algum volume de neurônio nesse país.

Na votação da qual saiu perdedor por 8 a 3, onde o STF achou por bem demonizar o Capital pelas mazelas que nos afligem, Gilmar foi claro em afirmar que tanto a OAB quanto a Faculdade de Direito da UERG agem a serviço do Partido. Não venha o Jânio de Freitas argumentar que a OAB tem mais serviços prestados ao País que o SFT: aqui e agora ela se comporta como um agente do atraso.

Esse absurdo aprovado no STF, que considerou inconstitucional o financiamento de campanhas por empresas, foi encaminhado pela OAB, mas o autor original não é ninguém mais que Luis Roberto Barroso, que se tivesse o mínimo de decoro devia ter se abstido de votar na causa que patrocinou, sob orientação do PT. Gilmar foi claro: "Vedar o financiamento de pessoas jurídicas significa criminalizar o processo político eleitoral no Brasil, além de ser um convite à prática reiterada de crimes de lavagem de dinheiro". Para ele o que o PT já arrecadou com o Petrolão garante financiamento escuso até 2118, deixando a Oposição à míngua.

A fonte primária da corrupção no Brasil não é nada mais que o tamanho do Estado. O financiamento público não significa mais que deixar sob o encargo do Estado (leia-se Governo no caso do PT) o cofre do financiamento das campanhas eleitorais. E não é só disso que o PT está tratando; o controle da mídia continua na sua mira, os chamados "movimentos sociais" continuam a desobedecer a ordem instituída com invasões; é o que o Lula chama de "exército do Stédile".

Moro em uma região em que o Capital convive com certa harmonia com o Trabalho. Prova disso é que a Região Metropolitana de Campinas (RMC) possui um PIB invejável e um IDH muito acima da média nacional. A classe média baixa sempre encontrou nas indústrias da região um forma de viver com dignidade. Com o alastramento das chamadas políticas sociais o que se viu foi que ela concluiu que, já que o governo garantia a sua sobrevivência com Bolsas Família e outros programas, era mais vantajoso não trabalhar. Só que o aumento constante da despesa pública com os programas sociais reduziu a capacidade de crescimento, já que os recursos da sociedade foram direcionados para o governo.

A crise chegou, as Bolsas começaram a faltar, e o que vemos na RMC é um enxame de pessoas voltando a procurar emprego, justamente quando as indústrias começam a demitir em massa por falta de consumo. Vou dar um exemplo claro: se a estratégia do PT desse certo, bastava o governo dar dinheiro para o consumidor e esperar que ele fosse às compras e gerasse arrecadação para o governo distribuir sob a forma de programas sociais. Não conheço nenhuma sociedade que tenha sobrevivido a essa política.

O Brasil precisa de mais Capital e menos Estado. Alijar o Capital das decisões estratégicas é um tiro no pé. O que vemos como resultado é um país com 93 tributos, e uma infinidade de procedimentos que tornam infernal e existência do empreendedor. Abrir um negócio aqui leva em média 84 dias, contra 6 dias nos Estados Unidos. Como disse Roberto Medina, o empresário do Rock in Rio, "hoje, se quisessem colocar o Cristo Redentor lá em cima, não conseguiriam; precisaria muita licença, muito órgão ambiental para consultar".

Pena que a nossa Oposição seja um Bloco do Eu Sozinho...

P.S. : Vou dar um tempo, visitar amigos em Vitória e Fortaleza. Devo retornar dia 13/10



Comentários

  1. A situação é muito complexa. Uns acham que se deve deixar esse governo sangrando por mais tempo e assim acabar com o lulopetismo e não apressar a saída da Dilma, temendo que ela se torne uma vítima... A oposição está agindo, sim.
    Moro em Vitória e entre em contato comigo pelo e-mail theodiano@gmail.com e poderemos conversar a respeito.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A Oposição não se entende. O Aécio não trabalhou pelo Serra e vice versa. É uma tremendo saco de gatos. Falta uma liderança. Falta o que o Gilmar tem: disposição ao embate.

      Excluir

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