A economista Monica de Bolle tem uma coluna semanal no Caderno de Economia do Estadão que eu nunca deixo de ler. A dessa semana (04/05) me trouxe informação preciosa sobre um índice que eu conhecia superficialmente: o Misery Index, que ela educadamente traduziu como Índice de Mal-Estar (os espanhóis o chamam de Indice de Malestar)
Entrei na Wikipedia da língua portuguesa e descobri que Misery Index é uma banda de grindgore (?) americana fundada em 2001:
Já na Wikipedia americana tive boa informação sobre esse indicador econômico criado pelo economista Arthur Okum, que tenta determinar como o cidadão médio está se sentindo economicamente, e é o resultado da soma, em um espaço de tempo determinado, da taxa de desemprego com a taxa de inflação. Supõe-se que essas taxas. se elevadas, implicam em custos econômicos e sociais elevados para o cidadão.
Exemplificando, vamos dar o Misery Index para os 4 últimos presidentes americanos:
George Bush (1989-1992): média 10,68 - final 10,30
Bill Clinton (1993 - 2000): média 7,80 - final 7,29
George W. Bush (2001 - 2008): média 8,11 - final 7,39
Barak Obama (2009 - Ago-2015): média 9,41 - final 5,30
onde média obviamente é a média de todos os anos e final deve ser a média da última avaliação.
Uma variação do Misery Index é o Barro Misery Index, criado pelo economista Roberto Barro. que soma aos dois índices anteriores a taxa de juros e subtrai o crescimento do PIB per capita. Vejamos qual a posição do nosso país em relação ao Barro Misery Index, segundo o The Economist:
Com base em 2013 o Brasil é o 9° país do mundo no Barro Misery Index, e em 2013 o fator que mais contribuiu para esse resultado foi a taxa de juros. Tentei chegar a esse valor de 37,3 e não consegui. Em 2013 os valores oficiais desses 4 índices foram:
- Taxa de desemprego: 7,6%
- Inflação: 5,91%
- Taxa de juros (Selic): 9,90%
- Variação do PIB per capita: +2,1%
Barro Misery Index 2013: 7,6 + 5,91 + 9,90 - 2,1 = 21,31
O que deve ter acontecido aqui foi que todos sabemos que a Selic não retrata a taxa de juros real, e a Economics Inteligence do The Economist deve ter usado um valor mais próximo da realidade
Já em 2015 o que consegui foi:
- Taxa de desemprego: 8,1%
- Inflação: 10,67%
- Taxa de juros (Selic): 14,15%
- Variação do PIB per capita: -4,6%
Barro Misery Index 2015: 8,1 + 10,67 + 14,15 - (-4,6) = 37,52
ou seja, em dois anos, usando critérios iguais, o Barro Misery Index sofreu uma variação de 76,06%. Em dezembro de 2015 o mal estar do brasileiro estava 76% pior que em dezembro de 2013. Duvido que haja um brasileiro não petista que discorde dessa afirmação.
Mas o que vimos até agora foi o mal estar médio do brasileiro. É possível com alguma imaginação chegar ao mal estar atual daquela parcela da população de Lula e Dilma alegam ter privilegiado nesses 13 anos de desmando petista. Vejamos a quantas andam hoje esses índices, com foco da classe média vulnerável, a chamada Classe C.
- De acordo com a Pnad Contínua, no último trimestre de 2015, 16,2% da camada da população com ensino médio incompleto estava desempregada.
- O IPC-C1 compilado pela FGV, a chamada inflação de baixa renda, foi de 11,5% em 2015.
Chegamos então ao seguinte resultado para a Classe C:
Barro Misery Index 2015 Classe C: 16,1 + 11,5 + 14,15 - (-4,6) = 46,35
valor esse 34,27% maior que o do brasileiro médio. Aqui já não cabe mais chamar isso de mal estar, é miséria mesmo.
O avião está em queda livre, e há quem argumente que mudar o piloto não vai melhorar nada. Só que com a piloto atual não ha nenhum indício de que haja esperança de salvação. Os argentinos estão passando exatamente por isso, e depositaram em Macri a confiança que ele necessita. Precisamos fazer o mesmo, só que o nosso Macri não está rezando pelo mesmo catecismo. Colocar na sua equipe pessoas investigadas pelo Lava Jato lhe tira um volume enorme de credibilidade.
Apertem os cintos.
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