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O Brasil, país onde não faltam notícias.

Recebi do meu amigo Eduardo um e-mail com um anexo que era um reportagem da Folha de São Paulo, a qual tratava do Brazil Forum, um encontro realizado dia 13/05 em Londres, do qual participaram a convite vários expoentes nacionais para uma platéia de 150 pessoas. Vejamos o que disseram alguns dos palestrantes:
  • Luís Roberto Barroso (ministro do STF): "O Brasil é responsável por 98% dos processos trabalhistas de todo o planeta; o país tem 3% da população mundial". Citou como exemplo o Citibank, que foi embora do Brasil ao perceber que obtinha daqui 1% das receitas, mas sofria 93% das ações trabalhistas. Comentou que 4% do PIB brasileiro é gasto com o funcionalismo público. Defendeu as reformas da Previdência, trabalhista, política e eleitoral. Disse que a Previdência custa 54% do Orçamento, mais que o dobro do que é gasto com educação, saúde e benefícios sociais juntos. 
  • Fernando Hadad (ex ministro da Educação): Comentou que os gastos com educação subiram de 3,5% do PIB em 2.000 para 5,5% em 2.015, com ênfase na educação básica, mas mesmo assim o desempenho do país no Pisa (avaliação mundial do ensino básico) caiu. 
  • Carlos Rittl (do Observatório do Clima): Informou que o desmatamento da Amazônia cresceu 60% em dois anos, e que 60% de toda a água consumida é usada na produção de commodities agropecuárias. 
  • Claudia Sender (CEO da TAM): Disse que a legislação brasileira é arcaica e reduz a capacidade das empresas de dar emprego. Como exemplo disse que uma equipe da TAM só pode fazer o voo São Paulo - Londres 3 vezes por mês, mas a British Airways permite 4 viagens aos seus funcionários. A TAM não pode voar São Paulo - Doha, porque o voo é mais longo que a jornada permitida a funcionários brasileiros pela lei que rege a aviação. A política tributária encarece o combustível, e resulta em termos o combustível mais caro do mundo.
Essas notícias não são inventadas por mim. Na melhor das hipóteses elas foram inventadas pela Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1883838-brasileiros-expoem-em-numeros-na-inglaterra-os-vicios-do-brasil.shtml ), o que eu acho muito improvável. Mas fica a pergunta: qual a reação das 150 pessoas presentes a esse encontro ao ouvirem tamanhas barbaridades? 

Mudando a página: li no caderno de Economia do Estadão de hoje que um motorista mineiro perdeu uma causa contra o Uber em segunda instância. O Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais decidiu que ele não é funcionário do Uber e não tem direito aos benefícios trabalhistas, revogando assim decisão de primeira instância divulgada em fevereiro. O motorista vai recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho. 

O que faz um motorista que pode se desconectar do serviço quando quiser, oferecer suas contas a outros motoristas, bem como dividir a tarifa com a empresa, mostrar qualquer evidência de que existe vínculo trabalhista? Aqui isso é possível, e o que estranha é que o Uber ganhou em segunda instância, o que não é normal. Pode perder na terceira. 

Mudando novamente a página: Fernão Lara Mesquita, no Estadão de 24/05, foi claro num argumento que defendo: "ou vamos com os políticos que temos, bem ou mal, mas participando do jogo, ou vamos de fato consumado em fato consumado, a reboque de um juiz que ninguém elegeu". Segundo ele, em menos de 24 horas dois irmãos "campeões nacionais" brindaram a sociedade brasileira com:
  • Um Congresso Nacional destroçado
  • Todas as Reformas abortadas
  • Todas as alternativas ao Lulismo moídas
levando para Nova York "um perdão plenário para todos os crimes que confessaram rindo e um monte de dólares do país que destruíram". 

Essa história foi muito mal contada. O acordo de leniência dos irmãos éslei foi acertado entre o Procurador Geral da república e um pupilo seu que desistiu da carreira no seu auge para se tornar advogado de defesa. O resultado dessa chamada "ação coordenada" custou muito mais que um Temer, custou um país já em frangalhos que vai entrar em estado terminal, vai ser uma nova Venezuela. 

Isso se não começarmos a levar a sério o que realmente está ocorrendo conosco. Precisamos entender que os políticos são o que podemos eleger, são nossos representantes em todos os sentidos, com a cara da sociedade que representam. Vejamos por exemplo o Collor, o Messias dos anos 90:

Sempre que tenho que escolher entre dois candidatos, opto pelo que está menos à esquerda, e devo dizer que naquele ano de 1990 acertei em cheio. Se não vejamos: caso Lula tivesse vencido aquela eleição o Itamar não teria criado Plano Real, o FHC não teria ganho dois mandatos, e o Brasil estaria muito menos preparado para receber um Lula duas vezes e um Zé Dirceu a reboque. Isso pra não falar que, mesmo sendo corrupto e merecedor do Impeachment, o governo Collor, ao receber o Brasil em coma devida à gestão Sarney, abriu o mercado nacional às importações e deu início ao programa nacional de desestatização, algo impensável em um governo do PT. 

Collor não foi deposto em função de suas estrepolias. Naquele tempo não havia a Internet para exacerbar as suas falcatruas. A Fiat Elba alegada para a sua deposição foi a desculpa para esconder o fato que ele na verdade mexeu com esquemas muito fortes que mantém o Brasil no subdesenvolvimento. 

O mesmo se dá com Michel Temer. Como disse Delfim Netto, Temer faz tricô com 4 agulhas, mas ele mexeu com o vespeiro, e estava a ponto de conseguir extirpar alguns dos tumores que mantém o Brasil enfermo, estava a ponto de se sair vencedor. Meus caros, Temer é um político brasileiro, é o que temos, e ele teria conseguido um feito que os historiadores do futuro louvariam ao mesmo nível que o Plano Real do Itamar. Seus encontros altas horas da noite, seus papos com empresários bandidos, tudo isso faz parte do cerimonial perverso que permeia Brasília, e são a Fiat Elba de Temer. O que incomodou de fato foram as reformas que dariam novo horizonte ao nosso sofrido povo e retirariam privilégios de uma elite que não quer largar o osso. 

O Caderno de Economia do Estadão de 25/05 traz uma manchete incômoda: "Brasil lidera casos de corrupção internacional nos Estado Unidos". Leio a matéria e fico sabendo que nosso país tem 30 empresas sendo investigadas por corrupção nos EUA, contra 17 da China, 3 da Índia e Polônia e 2 da Colômbia, Peru, Angola, Nigéria, Rússia, Coréia do Sul, Turquia, Ucrânia e Uzbequistão. Essa disparada na qual o Brasil ultrapassou a China se deu a partir do ano passado. 

Outro pesadelo é mais simplório: Mais de 80 atletas americanos enviaram de volta as medalhas olímpicas conquistadas no Rio:



Convenhamos que é duro você treinar anos para receber uma medalha de ouro como a acima e perceber que ela descasca. 

O meu problema com tudo isso é que eu não tenho conseguido tempo para editar os Posts de forma conveniente. O volume de informações é tão intenso que se eu me demorar um pouco em aperfeiçoar o conteúdo ele se torna obsoleto. No Post passado tudo o que havia compilado a respeito dos itens da Reforma Trabalhista se mostrou quase que de uma total inutilidade, dada a incerteza de que as reformas se tornarão realidade num futuro próximo. 

Falei com minha filha australiana hoje cedo e perguntei se havia alguma novidade por lá. A resposta que ela me deu foi que a Austrália não é muito rica em termos de novidade. O assunto mais comentado por lá foi o fato de Melania ter se recusado a pegar na mão de Donald. 


Paisinho chato esse, não?

Comentários

  1. Tudo isto não e´novidade,somos uma nação doente,com inumeros tumores que precisam ser extirpados.Faltam homens com dignidade,competentes e integros para administrar o Brasil.E para eliminar os canalhas somente pela força.Não consigo ver outra alternativa, infelizmente.

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