A notícia circulou na mídia semana passada, e sua importância a meu ver não foi bem avaliada. Dizia o estadao.com.br:
"O relógio circadiano, que rege o ritmo biológico dos seres vivos e se ativa a cada 24 horas, evoluiu há 2.500 milhões de anos de forma parecida em todos os seres vivos, informou a revista britânica Nature".
A notícia me chamou a atenção porque ela me pareceu mais um veio para a comprovação do fato de que todos os seres vivos descendem de um único ancestral, mas eu obviamente não tenho competência para fazer a ligação entre esta notícia e a Teoria da Evolução. Resolvi então me informar sobre a notícia em si.
Segundo a Wikipédia, circadiano provém do Latim circa diem, que significa cerca de um dia. O Ritmo Circadiano, ou Ciclo Circadiano, designa o período de cerca de um dia sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de todos os seres vivos. Ele regula todas as nossas atividades materiais e muitos dos ritmos psicológicos do corpo humano, e influencia a digestão, o sono, a vigília, o crescimento, a renovação das células, as variações da temperatura do corpo, etc.
Ele é influenciado pela luz solar. O relógio que monitora esses processos encontra-se localizado numa área do cérebro próxima daquela que processa a visão. Funciona da mesma forma para todos os mamíferos. Pesquisas recentes demonstraram que esse ciclo também está relacionado com as marés, o ciclo lunar, as variações da temperatura da Terra, com especial influência sobre os animais migratírios.
Segundo os cientistas da Universidade de Cambridge, o relógio circadiano está presente em todas as células, às exceção das cancerígenas, e funciona graças à produção de uma proteína chamada peroxirredoxina. Foram detetadas alterações dessa proteína com desordens orgânicas como a obesidade, o diabetes, a insônia, a depressão, as doenças coronárias e o câncer, o que abre um novo campo de estudo dessas doenças. Mediante a observação das mudanças químicas que a peroxirredoxina sofre durante o dia e a noite em ratos, moscas, fungos e bactérias, descobriu-se que as formas de vida mais primitivas também estão reguladas por este relógio interno.
Uma forma de se perturbar esse ciclo é a viagem de longa duração no sentido leste - oeste ou vice versa. Minha esposa vai agora em junho visitar nossa filha na Austrália e vai sofrer uma diferença de fuso horário de 12 horas. Dizem os entendidos que é necessário um dia por hora para a pessoa se adaptar ao novo fuso horário. Logo, 12 dias após a sua chegada a Melbourne ela estará plenamente adaptada. Só que ela vai ficar lá por 15 dias e voltar ao Brasil, onde levará mais 12 dias para se readaptar ao horário brasileiro. Assim, para uma viagem de 15 dias ela vai passar por 24 dias de "jet lag". O jet lag não é mais do que uma alteração do ciclo circadiano forçada pelo deslocamento da pessoa através dos meridianos da Terra. Para o profissional, por exemplo o tripulante do avião, o efeito dessa alteração é menor do que no caso da minha esposa, porque ele bateria em Melbourne e voltaria em seguida para o local do seu ciclo.
Reavaliando o que foi dito até agora, podemos dizer que esta descoberta (a da proteina que é influenciada pelo Ciclo Circadiano) é um Fato. Ela deve ter sido confirmada em tal medida pelos pesquisadores da Cambridge que não deve restar dúvidas quanto á sua veracidade. É o coroamento do método científico, que pode ser dividido em três etapas:
"Pergunte a um cientista como ele concebe o método científico e ele adotará uma expressão ao mesmo tempo solene e furtiva: solene, porque ele sente que deve declarar uma opinião; furtiva, porque ele ficará imaginando que não tem nenhuma opinião a declarar (Sir Peter Medawar, prêmio Nobel e filósofo da Ciência, 1969)". Ou seja, o método científico é a meu ver uma espécie de ISO 9000 da ciência, que todos apregoam como necessário mas quase ninguém segue. Há pouco consenso sobre o que seja o método científico, mas isso não significa que os cientistas não saibam o que estão fazendo. Já o constructo se baseia exclusivamente numa "firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão (Wikipédia)". O constructo é uma questão de fé.
O cético, o agnóstico, o ateu, nessa ordem, nada têm, ou não deviam ter, contra a fé, se a fé for um instrumento de alívio da sociedade às agruras do dia a dia. Eles apenas querem ter seu lugar na mesa das idéias, e seu comportamento em geral é vacinado pelas perseguições históricas que sofreram. A liberdade de pensamento, como diz a mídia esclarecida hoje mesmo em nosso país, é uma instituição que tem que ser vigiada diuturnamente. Não cabe ao cético no entanto o hasteamento de bandeiras. A ele cabe, isso sim, a clareza das idéias, a procura do conhecimento, em um ambiente cordial, sem rancores que podem se tranformar em tragédias.
"O relógio circadiano, que rege o ritmo biológico dos seres vivos e se ativa a cada 24 horas, evoluiu há 2.500 milhões de anos de forma parecida em todos os seres vivos, informou a revista britânica Nature".
A notícia me chamou a atenção porque ela me pareceu mais um veio para a comprovação do fato de que todos os seres vivos descendem de um único ancestral, mas eu obviamente não tenho competência para fazer a ligação entre esta notícia e a Teoria da Evolução. Resolvi então me informar sobre a notícia em si.
Segundo a Wikipédia, circadiano provém do Latim circa diem, que significa cerca de um dia. O Ritmo Circadiano, ou Ciclo Circadiano, designa o período de cerca de um dia sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de todos os seres vivos. Ele regula todas as nossas atividades materiais e muitos dos ritmos psicológicos do corpo humano, e influencia a digestão, o sono, a vigília, o crescimento, a renovação das células, as variações da temperatura do corpo, etc.
Ele é influenciado pela luz solar. O relógio que monitora esses processos encontra-se localizado numa área do cérebro próxima daquela que processa a visão. Funciona da mesma forma para todos os mamíferos. Pesquisas recentes demonstraram que esse ciclo também está relacionado com as marés, o ciclo lunar, as variações da temperatura da Terra, com especial influência sobre os animais migratírios.
Segundo os cientistas da Universidade de Cambridge, o relógio circadiano está presente em todas as células, às exceção das cancerígenas, e funciona graças à produção de uma proteína chamada peroxirredoxina. Foram detetadas alterações dessa proteína com desordens orgânicas como a obesidade, o diabetes, a insônia, a depressão, as doenças coronárias e o câncer, o que abre um novo campo de estudo dessas doenças. Mediante a observação das mudanças químicas que a peroxirredoxina sofre durante o dia e a noite em ratos, moscas, fungos e bactérias, descobriu-se que as formas de vida mais primitivas também estão reguladas por este relógio interno.
Uma forma de se perturbar esse ciclo é a viagem de longa duração no sentido leste - oeste ou vice versa. Minha esposa vai agora em junho visitar nossa filha na Austrália e vai sofrer uma diferença de fuso horário de 12 horas. Dizem os entendidos que é necessário um dia por hora para a pessoa se adaptar ao novo fuso horário. Logo, 12 dias após a sua chegada a Melbourne ela estará plenamente adaptada. Só que ela vai ficar lá por 15 dias e voltar ao Brasil, onde levará mais 12 dias para se readaptar ao horário brasileiro. Assim, para uma viagem de 15 dias ela vai passar por 24 dias de "jet lag". O jet lag não é mais do que uma alteração do ciclo circadiano forçada pelo deslocamento da pessoa através dos meridianos da Terra. Para o profissional, por exemplo o tripulante do avião, o efeito dessa alteração é menor do que no caso da minha esposa, porque ele bateria em Melbourne e voltaria em seguida para o local do seu ciclo.
Reavaliando o que foi dito até agora, podemos dizer que esta descoberta (a da proteina que é influenciada pelo Ciclo Circadiano) é um Fato. Ela deve ter sido confirmada em tal medida pelos pesquisadores da Cambridge que não deve restar dúvidas quanto á sua veracidade. É o coroamento do método científico, que pode ser dividido em três etapas:
- Hipótese: uma afirmação que pode ser testada, referente a um conjunto de observações.
- Teoria: Uma hipótese, ou conjunto de hipóteses, bem sustentada e testada.
- Fato: uma conclusão confirmada em tal medida que se torna razoável concordar com ela.
"Pergunte a um cientista como ele concebe o método científico e ele adotará uma expressão ao mesmo tempo solene e furtiva: solene, porque ele sente que deve declarar uma opinião; furtiva, porque ele ficará imaginando que não tem nenhuma opinião a declarar (Sir Peter Medawar, prêmio Nobel e filósofo da Ciência, 1969)". Ou seja, o método científico é a meu ver uma espécie de ISO 9000 da ciência, que todos apregoam como necessário mas quase ninguém segue. Há pouco consenso sobre o que seja o método científico, mas isso não significa que os cientistas não saibam o que estão fazendo. Já o constructo se baseia exclusivamente numa "firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão (Wikipédia)". O constructo é uma questão de fé.
O cético, o agnóstico, o ateu, nessa ordem, nada têm, ou não deviam ter, contra a fé, se a fé for um instrumento de alívio da sociedade às agruras do dia a dia. Eles apenas querem ter seu lugar na mesa das idéias, e seu comportamento em geral é vacinado pelas perseguições históricas que sofreram. A liberdade de pensamento, como diz a mídia esclarecida hoje mesmo em nosso país, é uma instituição que tem que ser vigiada diuturnamente. Não cabe ao cético no entanto o hasteamento de bandeiras. A ele cabe, isso sim, a clareza das idéias, a procura do conhecimento, em um ambiente cordial, sem rancores que podem se tranformar em tragédias.
Eu entendo que qualquer coisa para receber a chancela de "científica" tem que ser testada e mostrar-se de acordo com a hipótese ou teoria da qual procede. Eu concodo, e não sou só eu, que fatos sociais são comprovações de pactos, formais ou não, aceitos e praticados numa comunidade. Segundo Durkheim, o pai da Sociologia, "é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior".Mas, qual a ligação que estamos pretendendo entre método científico e fatos sociais? Os marxistas, por exemplo, não abrem mão de sustentar que o materialismo dialético de Marx é absolutamente científico. O marxismo nunca foi testado em nenhuma comunidade, logo, não se pode "take for granted" que o marismo seja científico. As corruptelas ditas marxistas - stalinismo, maoismo, etc - foram fatos sociais, e aí se se quiser estabelecer um "link" entre aquelas tiranias e o marxismo, pode-se assumir cientificamente que o marxismo é um fracasso.
ResponderExcluirO Marxismo utilizou o método dialético para analizar os conflitos de interesses da Sociedade do século XIX em sua complexidade. O engajamento político exacerbado e desvios foram ou estão sendo corrigidos, como no próprio capitalismo e suas doutrinas imperialistas todos convergindo para uma globalização que se transforma a cada dia. A China é fruto desta evolução ( nada linear) e não me parece que fracassou
ResponderExcluirCaro vamplayer28
ExcluirEste local pretende ser uma mesa de reunião de amigos, motivo pelo qual eu peço que você nos dê maiores detalhes sobre a sua identidade. O Francisco de Assis e o André, por exemplo, eu conheço. Gostaria de conhecer também você. Isso foi pedido no primeiro Blog.
Entrei pelo Yahoo. Apareceu meu nickname do xadrez. É complicado entrar com comentário, ainda não peguei a manha. Nos conhecemos desde 1970, compadre Luís. Amaro
ExcluirMuito bom ter você na mesa. Sua contribuição será importante. O Amaro eu conheço há 42 anos. O vamplayer28 eu não conhecia.
ExcluirO governo chines diz que foram apenas(sic) 15 milhoes, academicos calculam de 45 a 78 milhoes de mortos na Revolucao Cultural... me parece dificil de acreditar que a China nao tenha fracassado...
ResponderExcluirRecomendo a leitura de um bom livro sobre o assunto: "Sobre a China (On China)", de Henry Kissinger, que me foi presenteado pelo meu amigo Francisco de Assis. Os chineses são mais resilientes, resistem melhor às atrocidades, inclusive aquelas que lhe foram perpetradas pelas nações ocidentais. Talvez na avaliação deles livrar centenas de milhões de pessoas da pobreza absoluta compense os desmandos da Revolução Cultural. Os métodos chineses são inconscientemente defendidos por nós quando propomos atropelar a nossa legislação permissiva para nos vermos lires dos nossos políticos. É a mesma coisa.
ExcluirQue tal debatermos agora uma proposta política futura e descartar esses sistemas antigos e obsoletos ?
ResponderExcluirNa verdade queria apenas criticar o comentário do Francisco de que o Marxismo morreu ou fracassou. Não de todo, sobra muito a aprender dos velhos barbudos, recomendo o artigo/debate sobre o tema. http://pubs.socialistreviewindex.org.uk/sr210/marx.htm Pode ser útil para uma proposta política futura como quer a Climene, se é que é possível elaborar alguma.
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